Postado em
Na estrada
Jerry Adriani comemora 50 anos de carreira nos palcos, em plena forma, e relembra com os fãs seus grandes sucessos
Jair Alves de Souza nasceu no bairro do Brás, em São Paulo, no ano de 1947. Para começar a trajetória artística, decidiu mudar de nome e como Jerry Adriani tornou-se conhecido e querido por fãs de todo o país.
Os anos 1960 marcaram o início de sua carreira, com o lançamento do LP Italianíssimo, com músicas em italiano. Seu primeiro disco gravado em português, Um Grande Amor, datado de 1965, foi responsável por popularizá-lo, movimento que ganhou força quando passou a apresentar o programa Excelsior a Go Go pela TV Excelsior de São Paulo, em parceria com o comunicador Luiz Aguiar. A carreira de Jerry não se limita à música. Além de gravar discos, apresentou outros programas de TV, participou de filmes e ajudou a revelar artistas como Raul Seixas, de quem era amigo.
Apesar de ter ficado famoso como um dos nomes potentes da Jovem Guarda, o artista não se prende ao passado. Continua fazendo shows e em contato com músicos de outras gerações. Completando 50 anos de estrada, comemorou a data em apresentação especial no Sesc Belenzinho, no final de 2015, numa sequência de shows que ainda percorre o Brasil. Agradecido por sua trajetória, Jerry não esconde a consideração pelos fãs: “Graças a Deus temos um público fiel que nos acompanha há anos. Isso é maravilhoso”.
Público fiel
Graças a Deus temos um público fiel que nos acompanha há anos. Acho que, como antigamente as pessoas não conseguiam se aproximar – pelo enorme assédio que existia –, hoje, em nossas viagens e shows, muitas delas realizam o sonho de chegar perto e de falar conosco. Isso é maravilhoso, pois o contato pessoal é tudo. Como diz a canção do Milton Nascimento [Nos Bailes da Vida], o artista tem de ir aonde o público está.
50 anos de carreira
Foi maravilhoso. O show aconteceu no Sesc Belenzinho, em novembro. Tivemos uma estrutura perfeita, som, luz, acomodação. É sem dúvida o lugar perfeito para o nosso encontro com nossos fãs e amigos. Às vezes penso que tenho muito mais do que mereço. Amo meu trabalho e me dedico integralmente a ele. Agradeço a Deus por esse reconhecimento!
As músicas acabam levando as pessoas a uma viagem pelo passado. E, moralmente falando, considero as canções da jovem guarda como de domínio público. Depois dos shows, faço sempre questão de ficar e conversar com todo mundo. Antigamente, o assédio era muito intenso e os fãs não tinham essa oportunidade. Hoje, é gratificante ouvir alguém dizendo que sonhava trocar uma mera palavra comigo e me dar um abraço. A história da minha vida é muito bonita, assim como a de todo mundo daquela turma [da Jovem Guarda]. Boa parte dos artistas tem trajetória de muita luta. No meu caso, não foi fácil.
Repórter do cotidiano
O cenário artístico mundial não é dos melhores. Acho que houve uma involução enorme musicalmente falando. O músico, o artista, eles são repórteres do cotidiano. E infelizmente a realidade do mundo não é nada animadora. Existem novos artistas, sim, mas que têm muita dificuldade em aparecer, em mostrar a que vieram. Mesmo diante dessa profusão de veículos midiáticos que chegaram com a internet. É como diz a música do Djavan – Oceano: “É como morrer de sede em frente ao mar”. Do pessoal mais novo no Brasil, destaque para Seu Jorge. Bom cantor, personalidade, swing. Muito bom! Há mais gente aí esperando para colocar a cabeça do lado de fora. Precisamos dar chance a eles.
O cenário artístico mundial não é dos melhores. Acho que houve uma involução enorme musicalmente falando. O músico, o artista, eles são repórteres do cotidiano.
Vídeo gravado no Sesc Vila Mariana