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Sociedade e Cidadania 2

Aula de Cidadania

 

Projeto realizado pelo Sesc São Paulo e pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente conta a história ambiental da Zona Leste

 

Zona Leste de São Paulo é uma região que reproduz, na configuração urbana, social e ambiental de seus bairros, contradições que caracterizam a própria metrópole. Abriga ao mesmo tempo áreas verdes importantes, como o Parque do Carmo, e bairros com as menores taxas de arborização por habitante do município, como Cidade Tiradentes. Mesmo concentrando 33% da população da capital – 3,3 milhões de pessoas atualmente –, seus moradores só puderam circular pela cidade de metrô na década de 80, ou seja, quase 20 anos depois de as obras desse meio de transporte terem começado em São Paulo. E os paradoxos não param por aí. Na região, residem 31% da população economicamente ativa de todo o município; no entanto, esses trabalhadores têm como vizinhos 40% dos desempregados da capital.

Foi com o intuito de estudar uma área tão grande quanto complexa que o Sesc São Paulo, por meio de sua unidade Itaquera, e a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) criaram o projeto História Ambiental das Bacias do Aricanduva e Itaquera. A proposta, embora sugira pelo nome uma abordagem predominantemente científica, na verdade teve como objetivo investigar também as relações entre os habitantes da Zona Leste e seu meio urbano, social e econômico. Durante três meses, 120 jovens da região – alunos da rede pública de ensino, estadual e municipal –, e alguns professores deslocaram-se até o Sesc Itaquera duas vezes por semana, onde participaram de oficinas que abordaram a história da região e passaram noções de comunicação, multimídia, cinema e fotografia.

 

Trabalho de equipe

Além das atividades desenvolvidas no Sesc Itaquera, os jovens se organizaram em grupos para pesquisar e desenvolver a idéia geral do projeto. Os participantes abraçaram a tarefa, e os caminhos escolhidos mostraram como a iniciativa estava dando certo. Orientados pelos técnicos, examinaram, por exemplo, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Carmo, que abrange remanescentes de Mata Atlântica, como o Parque do Carmo e o próprio Sesc Itaquera. Outro tema pesquisado foi o impacto da chegada da empresa Nitro Química, uma indústria localizada em São Miguel Paulista que marcou o processo de industrialização da região, e de São Paulo como um todo, na primeira metade do século 20 – escolha que os fez associar questões como desenvolvimento, migração, povoamento e preservação ambiental.

 

Parte do trabalho desses jovens foi entrevistar moradores dos diversos bairros que compõem a região. Os jovens fizeram as entrevistas, editaram o material e escreveram textos introdutórios para cada uma, contextualizando as informações sobre os temas escolhidos.

“O objetivo foi, inicialmente, desencadear um processo com jovens da região para refletir sobre a ocupação daquelas duas bacias e o impacto ambiental disso – enchentes e desmatamento, por exemplo”, diz Marco Aurélio Vannucchi, chefe de gabinete da SVMA e um dos coordenadores da pesquisa realizada. “Pode-se dizer que por um lado esse projeto tinha um objetivo mais científico, mas por outro a preocupação também era de natureza pedagógica”, explica. Esse conjunto de atividades representa a continuidade de uma ação educativa que o Sesc São Paulo já desenvolve há bastante tempo na Zona Leste. É um aprofundamento de outras ações, como o projeto Paulicéia 450, realizado no ano passado junto com 800 crianças da região, que resultou numa maquete gigante da cidade de São Paulo. “A Zona Leste é a principal referência do trabalho do Sesc Itaquera”, explica Denise Baena, técnica da unidade. “É fundamental conhecermos cada vez mais a região que nos abriga para poder atender às demandas dos moradores por novos conhecimentos.”

Da união entre o entusiasmo dos jovens, o auxílio técnico dos consultores e o conhecimento acumulado dos professores envolvidos nasceram dois livros, uma exposição fotográfica, uma peça de teatro – o espetáculo cênico-musical Peças e Pessoas, cujo elenco foi formado por 45 jovens – e um documentário, dirigido pela cineasta Joana Mariz, também responsável pelas oficinas de cinema.