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Carta ao leitor
A cultura cacaueira do sul da Bahia, durante o período em que foi uma das principais forças motrizes da economia nacional, trouxe fortuna a coronéis que às vezes desconheciam limites em suas demonstrações de poder. Se, por um lado, é bom saber que tais figuras não têm mais tanta expressão no cenário político-econômico brasileiro, por outro é triste ver como essa lavoura - que em seus anos de glória fez do país o maior produtor mundial de cacau - é hoje apenas uma pálida lembrança do que foi naquela época.
Foram muitas as crises ao longo do tempo: quedas vertiginosas das cotações, perda de espaço no mercado internacional e, por último, o aparecimento de um fungo devastador. A matéria de capa conta um pouco dessa história, que começa em meados do século 19 e atualmente envolve pesquisa tecnológica de ponta, para combater a praga, passando pela sempre presente questão da posse da terra.
Ainda na área agrícola, mostramos como surgiu e vem se alastrando pelos campos do país a técnica conhecida como plantio direto. Remédio certo para evitar a erosão do solo, o novo método ainda carece de aperfeiçoamento para não comprometer as reservas subterrâneas de água.
O tema contaminação, aliás, é recorrente nesta edição, que traz matérias que abordam pontos extremos do problema. Uma delas coloca em discussão o passivo ambiental de grandes empresas, com a participação de importantes corporações multinacionais, enquanto outra usa a cidade paulista de Bocaina como exemplo do que acontece Brasil afora no âmbito da indústria coureira, em que curtumes de fundo de quintal são maioria, constituindo também uma perigosa fonte de poluição.
Outro assunto de destaque deste número é a construção do Rodoanel Mário Covas, uma via expressa que vai circundar a Região Metropolitana de São Paulo. Segundo especialistas de várias áreas, a obra - caríssima - poucos benefícios trará para o trânsito local.