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Carta ao leitor
Chacina. Como é possível que um crime hediondo como esse permaneça impune? Ainda mais quando perpetrado contra crianças indefesas, como as que foram assassinadas enquanto dormiam na praça da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Vivos, aqueles jovens eram ignorados pelo Estado. Mortos, a Justiça lhes falta.
Em pouco mais de uma década, sete massacres chocaram a opinião pública, mas, como a violência e a impunidade cada vez mais dominam os noticiários, esses episódios foram caindo no esquecimento. A reportagem de capa desta edição tem a intenção de resgatar a memória desses trágicos acontecimentos e ao mesmo tempo indagar das autoridades o que é que tem sido feito para evitar que eles se repitam.
Outro assunto é a reativação de um setor que se encontrava estagnado devido às sucessivas crises econômicas que abalaram o país: a indústria naval. Amparados na política nacionalista adotada pela Petrobras, velhos estaleiros voltam a operar, renovados por parcerias com empresas estrangeiras, fazendo ressurgir milhares de vagas num mercado de trabalho que se julgava naufragado.
Destacamos também o esforço do governo e da sociedade civil para combater uma prática criminosa que se dissemina pelo Brasil: a exploração sexual de crianças e adolescentes. Objeto de CPI na Câmara e no Senado, esse problema de fato merece estar no centro das atenções, por sua gravidade.
Como sempre, a arte está presente nestas páginas. Falamos de Glauber Rocha, o polêmico diretor baiano que tanta agitação causou com o movimento do Cinema Novo. O relançamento de seus filmes, em película e no formato DVD, e a reedição de seus livros colocam-no novamente em foco. Mostramos ainda quem foi Patativa do Assaré, o poeta autodidata que vivia no interior do Ceará, cuja obra, pouco conhecida no Brasil, já foi estudada em academias da França e da Inglaterra.