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Tempo de lazer

Pedagogos e psiquiatras comprovam que as férias representam muito mais para as crianças e adolescentes do que um simples período fora da escola. O tempo livre bem aproveitado é parte da formação física e intelectual do indivíduo

Quando toca o sinal na escola e os alunos sabem que o som não simplesmente alerta para o intervalo, mas sim indica o término do semestre ou do ano letivo, a sensação é a mesma: "Ufa... férias!" Porém, se o sentimento é de alívio para os jovens, a preocupação toma conta dos mais velhos. "É comum os pais ficarem aflitos e até mesmo desesperados quando chegam as férias, as de julho principalmente", explica o psiquiatra César Pigati. "Ao contrário do mês de janeiro - quando a maioria dos pais, em função das festas de fim de ano, consegue viajar com os filhos - em julho os adultos geralmente ficam impossibilitados de tirar alguns dias para o lazer." Surge, então, o dilema: o que fazer com o tempo livre das crianças? A pedagoga Marisa Hardt, do Círculo Militar de São Paulo, concorda que, cada vez mais, os pais ficam desorientados sobre como agir. "Nós procuramos, o tempo todo, estimular os pais a passar um pouco do tempo das férias com os filhos, e não apenas deixá-los em casa assistindo televisão e jogando videogame". Marisa completa dizendo que, após os períodos de férias, muitas crianças retornam às aulas ainda mais agitadas e até menos sociáveis, porque passaram esse tempo que deveria ser de lazer, num ócio nada criativo. "Uma saída muito procurada pelos pais são os cursos de verão das próprias escolas", retoma a pedagoga. "Porém, essa solução serve apenas aos pais, que não precisam mudar o seu programa diário de levar e buscar o filho na escola, mas a criança continua freqüentando o mesmo lugar com as mesmas pessoas." Dr. Pigati argumenta que os especialistas confirmam a necessidade das férias às crianças e jovens em todos os âmbitos. "Trata-se de um descanso do ponto de vista neurofisiológico. A rotina e os compromissos acabam esgotando a capacidade de absorção e desenvolvimento das pessoas, e isso ocorre em qualquer idade."
Os especialistas observam uma diminuição da participação dos pais na vida dos filhos, muito em virtude da intensificação da rotina de trabalho e de outras atividades. As férias de um filho acabam sendo, muitas vezes, associadas à desorganização de uma vida tão programada. Como solução, pais e filhos (no caso de adolescentes) muitas vezes programam sistematicamente as férias. Porém, é unânime entre pedagogos e psicoterapeutas que a regra número um das férias é não ter datas e horários rígidos. "São notórios os casos sindrômicos causados por uma programação de férias muito intensa. Isso também pode levar as pessoas à exaustão, completa Dr. Pigati. "Além disso, é fundamental que cada um busque aquilo que gosta para praticar nas férias, sejam atividades físicas, culturais, intelectivas ou puramente recreativas."

Um mês de recreio
Entre as opções de lazer e cultura no período de férias, as crianças e adolescentes podem contar com mais um bom motivo para não passar o mês em frente à TV: o projeto Recreio nas Férias. Trata-se de uma iniciativa da prefeitura municipal de São Paulo, em parceira com o Sesc São Paulo, e que tem como objetivo oferecer aos jovens uma oportunidade de acesso a equipamentos de lazer e cultura como forma de ampliação dos conhecimentos por meio de atividades recreativas, esportivas e culturais. O projeto, que acontece há dois anos, durantes os meses de férias, é realizado através das Secretarias de Educação, Cultura, Esporte, Abastecimento e Meio Ambiente e é voltado a todas as crianças e jovens, independentemente de serem ou não alunos do sistema municipal de ensino. "Os monitores e professores contratados pela prefeitura para o projeto passam por uma série de oficinas", explica Maria Aparecida Ceciliano, assistente da Gerência de Desenvolvimento Físico e Esportivo (GDFE) do Sesc São Paulo. "A outra parte da parceria consiste em receber as crianças e adolescentes nas unidades do Sesc durante o período do projeto." Várias unidades já sediaram atividades do Recreio, mas as campestres Interlagos e Itaquera e o CineSesc são as de mais forte presença. "O Sesc Interlagos e o Sesc Itaquera recebem uma média de 5 mil crianças do projeto", afirma Maria Aparecida. "Já o CineSesc recepciona as crianças com sessões especiais, evidentemente, com filmes dirigidos a essa faixa etária. Juntas, as três unidades esperam atender cerca de 61 mil crianças participantes." Fora das unidades do Sesc o projeto acontece em diversos pólos montados pela prefeitura nas escolas e demais espaços públicos e inclui ainda visitas a museus, parques e centros culturais. Neste mês de julho, o Recreio nas Férias acontece de 14 a 26 e as inscrições podem ser feitas em qualquer escola municipal.