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Plataforma ABC
Todas as artes do ABC
A terceira edição do evento multimídia Plataforma ABC reforça a tendência cultural da região e cria um pólo alternativo para o lançamento de novos artistas
A região do Grande ABC, famosa por sua tradição industrial e sindicalista, mudou sua paisagem nos últimos anos. Muito mais voltado ao comércio e à prestação de serviços, o conglomerado de municípios mostra fôlego também para fazer parte da agenda cultural do Estado. Cada vez mais as cidades abrem espaço para montagens teatrais, shows musicais e lançamentos literários. Procurando evidenciar essa mudança, o Sesc, por meio da unidade de São Caetano, criou, há três anos, o Plataforma ABC, evento que reúne diversas manifestações artísticas cujo nome foi inspirado nas plataformas de trem - meio de transporte tradicional e importante nas localidades. A intenção é mostrar trabalhos das sete cidades que compõem o ABC: Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá, Diadema, Santo André, São Caetano e São Bernardo. Este ano, a novidade, além do crescente número de artistas interessados no projeto, foi a parceria com a unidade Santo André, inaugurada no ano passado. "A intenção deste evento é dar visibilidade à produção cultural da região", explica Ricardo Silva, técnico do Sesc São Caetano. "Especialmente à criação artística que ainda está em busca do foco necessário e essencial para o seu desenvolvimento."
A programação é criada a partir da indicação dos responsáveis pela área de cultura das prefeituras dos municípios da região do ABC. Geralmente são grupos, artistas e escritores conhecidos de lá, mas que não têm muito a chance de ganhar uma visibilidade maior. Ou melhor, não tinham. "Nós participamos pela primeira vez do Plataforma ABC no ano passado", começa a contar a atriz Ieda Cecília Gozzo, da Cia. Viva Trupe, de Diadema. "Meu grupo estava contando com a realização desse projeto. Eu dizia para o pessoal 'olha, no começo do ano tem Plataforma'." Ieda conta que a companhia estreou um de seus espetáculos dentro do projeto. A peça era O Palhaço Que É, que já mostrava as influências circenses do grupo. "Depois dessa estréia, nós apresentamos o espetáculo em vários outros lugares. As pessoas assistiram no Plataforma e nos convidaram." A atriz conta que o intuito com a nova montagem é, novamente, usufruir a visibilidade do projeto para fazer decolar seu atual Contos e Cânticos, uma peça de temática infantil, mas que pelo tratamento recebido - música ao vivo, inclusão de maracatu e figurinos originários do Nordeste - pode ser apreciado por pessoas de todas as idades. "Na verdade, o Plataforma é uma grande vitrine para esses projetos que talvez não tivessem essa oportunidade e esse destaque individualmente", analisa Eduardo Gonçalves, da diretoria de cultura da prefeitura de Santo André. "Além do mais, certos cruzamentos de pessoas diferentes são muito interessantes." Eduardo explica que, em Santo André, uma das formas de aproximação com a comunidade cultural e eventos independentes é através do Conselho de Cultura na cidade, que se divide em áreas temáticas. "E, de acordo com o que o Sesc queria para o Plataforma, nós indicamos os artistas e os projetos que fomos observando com o tempo, embora sempre haja os nomes consagrados e aqueles que estão despontando ainda." Ele revela que com a oferta de manifestações culturais da região seria possível fazer várias edições do Plataforma ABC durante o ano inteiro. "Há uma ótima sintonia entre as unidades do Sesc e as prefeituras." No município de Mauá, a efervescência não é menos intensa. A cidade se destaca pelo grande número de grupos folclóricos considerados como patrimônios culturais da cidade. "Com o Plataforma foi possível, além de integrar diversas modalidades dessas regiões vizinhas, proporcionar uma discussão sobre a produção cultural na região", explica Laurindo Cid, coordenador de artes plásticas da Secretaria de Cultura de Mauá. "Eu, que já trabalhei em Diadema e estudei em Santo André, posso dizer que antes esse diálogo não existia, e hoje caminha um pouco melhor."
Para o músico João Cristal, um dos destaques na programação desta terceira edição, a oportunidade vai além da divulgação. "Acho que toda iniciativa vinda do Sesc é esperada com muita ansiedade pela classe artística graças à seriedade com que cada projeto é tratado." João veio de Minas Gerais e escolheu Santo André para desenvolver sua música. Não se arrepende. Atualmente acompanha músicos como Jair Rodrigues, Vânia Abreu a Agnaldo Rayol. Além de prometer chacoalhar o público com sua música, que mistura ritmos brasileiros, apresentando também canções de seu recente lançamento, o CD Brasuca.