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Editorial
Numa época
em que a noção de cidadania propaga-se como valor fundamental
e condição indispensável à construção
de sociedades verdadeiramente democráticas, o conhecimento, a reflexão
e a capacidade de expressão revestem-se, naturalmente, de uma importância
e um prestígio ainda maiores do que aqueles tradicionalmente a
eles associados.
Conhecimento, reflexão e capacidade de expressão, no entanto,
não se firmam nem prosperam independentemente do ato essencial
da leitura. Daí a salutar obsessão de erradicar definitivamente
o analfabetismo, enorme obstáculo ao desabrochar das inteligências.
A extinção nominal do analfabetismo, entretanto, é
insuficiente para o projeto democrático.
Importa, paralelamente, estimular intensamente, de todas as maneiras,
o hábito da leitura. E isto se faz, antes de mais nada, através
da divulgação e valorização da obra dos grandes
escritores, especialmente os que exprimem seu saber no sotaque de nossa
própria língua.
Movido por esse propósito é que o Sesc traz ao público
o projeto O Chão de Graciliano.
Graciliano Ramos integra o rol de nossos grandes autores. Sem dizer que
em todos os seus outros afazeres - homem do comércio, prefeito
municipal, funcionário público - escolheu a ética
e a probidade como sólidos fundamentos de ação. Ao
eleger o autor de Vidas Secas como tema de um de seus eventos, o Sesc
celebra o talento de um notável escritor e também presta
tributo às virtudes que o animaram.
Abram Szajman
Presidente do Conselho Regional do Sesc no Estado de São Paulo