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Carta ao leitor

O sistema previdenciário brasileiro está à beira do abismo. Os déficits são astronômicos e se sucedem, em trajetória ascendente. Além das fraudes, que provocaram prejuízos significativos, o caos atual decorre, em grande parte, do desequilíbrio entre as aposentadorias do funcionalismo público e as dos trabalhadores da iniciativa privada. Em 2002, foram necessários recursos do Tesouro Nacional da ordem de R$ 18 bilhões para cobrir o rombo do setor privado, referente a 20 milhões de aposentados. Ao mesmo tempo, apenas 3 milhões de ex-servidores públicos exigiram uma injeção adicional de R$ 54 bilhões. A reportagem de capa mostra essas distorções e também o empenho do governo em mobilizar a sociedade em torno de um projeto de mudança do atual modelo, fadado ao fracasso.

Outra matéria de destaque deste número aborda um drama que já foi bastante explorado pela mídia ao longo do tempo, mas merece ser retomado: a loucura. A consolidação da reforma psiquiátrica no país depende ainda de um consenso que parece longe de ser obtido entre os profissionais da área de saúde. De um lado estão aqueles que defendem o fim dos manicômios, com o argumento de que o isolamento dos portadores de distúrbio mental não contribui em nada para sua recuperação. De outro ficam aqueles que garantem que esses pacientes só poderão receber assistência especializada dentro de um hospital psiquiátrico. Seja qual for a opção de tratamento, essa é uma questão antiga que merece a atenção e o empenho das autoridades.

Mas esta edição trata também de arte. Para comemorar o centenário de nascimento de Cândido Portinari, mostramos um pouco da obra e da vida desse pintor brasileiro de fama internacional.

Na literatura, há 50 anos o país perdia o escritor que é considerado o mestre da concisão: Graciliano Ramos. Autor de clássicos como "Vidas Secas" e "São Bernardo", ele dizia: "A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer".