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Da cidade ao campo

Detalhe da capa do livro
Detalhe da capa do livro "Sorumba" (1938), de Manuel Mendes. Ilustração de Belmonte

AS DIVERSAS FUNÇÕES DESEMPENHADAS NO AMBIENTE DE TRABALHO AJUDAM A MOLDAR A IDENTIDADE DOS POVOS

 

O ciclo do trabalho e das tarefas domésticas pode funcionar como uma espécie de ampulheta para medir a passagem do tempo pelos povos. A natureza tem a função vital de equilibrar essas fases, caso dos pescadores, coordenados pelo ritmo das marés, e dos agricultores, guiados pelo amanhecer e anoitecer nos meses da colheita.

Sem poder escapar das peças pregadas pelo tempo, atrelamos o dia a dia do trabalho à construção da identidade, que reúne características das pessoas por meio das quais podemos diferenciá-las e identificá-las. Seja no campo, seja na cidade. Chico Homem de Melo, curador da exposição Trabalhadores Ilustrados, em cartaz no Sesc Santo Amaro, aponta características das atividades rurais e das desempenhadas na urbe: “Historicamente, tivemos o trabalho no campo relacionado a atividades mais braçais e, no caso das ocupações urbanas, uma mistura entre ocupações braçais e outras de viés mais intelectual”.

Entre telas e mentes

O século 21 reservou um salto ao ambiente digital, com redes de contatos profissionais mescladas a identidades que se desdobram na internet, refletindo a profusão dos meios digitais no trabalho. “Com isso, há uma ênfase crescente na proficiência na cultura digital”, acrescenta Homem de Melo.

 

Retratos do ofício 

Figura do trabalhador é revisitada em enlace de artes visuais e literatura

A exposição Trabalhadores Ilustrados conta com 22 painéis temáticos que entrelaçam ofícios a obras literárias, oferecendo um panorama diversificado desse universo. Entre as funções retratadas congregam-se pescadores, trabalhadores rurais, escritores. Há também espaço reservado à contribuição dos afrodescendentes e das mulheres, a exemplo da ilustração de Carybé, A Aeromoça (1962), capa do livro A Aeromoça e Outras Novelas Regionais (Fundação Gonçalo Muniz, 1962), de Estácio de Lima. “Dentro desse universo, é inescapável a inclusão de trabalhadores afrodescendentes e de mulheres. No entanto, eles nem sempre estão bem representados na literatura e no jornalismo do século 20. A reunião das ilustrações que os retratam é fruto do esforço de pesquisa que deu origem à exposição”, explica o curador Chico Homem de Melo.

Seguindo os protocolos sanitários obrigatórios, a exposição em cartaz no Sesc Santo Amaro tem visitação gratuita até 25/07/2021, mediante agendamento em: sescsp.org.br/santoamaro.

 

Capa da revista O Cruzeiro, (1930). Arte de Umberto Della Latta

 

 

Ilustração de Santa Rosa para o livro Cacau (1934), de Jorge Amado

 

Capa da revista O Cruzeiro (1942). Arte de Arcindo Madeira

 

Ilustração para o livro O Brasil pela Imagem (1943). Arte de Seth

 

Capa do livro Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1943), de Lima Barreto. Sem identificação de autoria

 

Capa do livreto Pesca do Xaréu (1955). Arte de Carybé

 

Capas dos livros O Planalto e os Cafezais e Os Canaviais e os Mocambos. Os dois publicados em 1959. Artes de Guilherme Valpeteris

 

Capa do livro A Aeromoça e Outras Novelas Regionais (1962), de Estácio de Lima. Arte de Carybé

 

Ilustração do jornal Opinião (1973). Arte de Luis Trimano

 

Detalhe da capa do jornal Movimento (1975). Arte de Jayme Leão

 

Ilustração do livro Sagarana (1977), de João Guimarães Rosa. Arte de Poty

 

Ilustração do livro A Bagaceira (1978), de José Américo de Almeida. Arte de Poty

 

 

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