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Cultura em ação na quarentena: o Projeto Marieta

Como os pequenos centros culturais e coletivos artísticos estão vivendo os efeitos do enfrentamento à pandemia e do distanciamento social? 

Para responder essa questão, o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc - comprometido com o incentivo às iniciativas culturais de todos os portes - entrou em contato com os coletivos que vêm participando do Cultura em Ação. Um dos projetos permanentes do CPF, o Cultura em Ação promove atividades que têm o intuito de dar visibilidade e favorecer o acesso a essas pequenas organizações artísticas atuantes nas diversas regiões da cidade de São Paulo.

Agora, durante o período de isolamento, o CPF irá contar, por meio de depoimentos, quais os caminhos que esses centros culturais encontraram para resistir, mesmo de portas fechadas. 

O coletivo de hoje é o Projeto Marieta:



Sobre o Projeto Marieta
O centro Cultural localizado na região central de São Paulo foi fundado pelos integrantes de três pequenas empresas culturais: Giovanni Pirelli, da Cactus – empresa de consultoria em produções artísticas, que agora está se transformando para se tornar oficialmente Marieta – Helena e Caio Guerra, da produtora audiovisual Irmãos Guerra Filmes; e Abilio Guerra e Silvana Romano, da editora de arquitetura Romano Guerra Editora, e também editores do Portal Vitruvius, com objetivo de reunir pesquisadores e público em geral para pensar e ativar projetos culturais.

O Marieta é cuidado por uma equipe de voluntários e estagiários (frequentadores que se oferecem para colaborar com as atividades) e que atuam na gestão e na manutenção do espaço. Suas tarefas são atribuídas de acordo com reuniões coletivas, coordenadas pela diretoria, respeitando as competências e a agenda de cada integrante.
Com o objetivo de difundir conhecimento e estimular o debate público, o Marieta oferece uma programação cultural voltada aos mais diversos temas do pensamento contemporâneo em arte, cultura e sociedade, sempre em diálogo horizontal com os participantes.

Desde 2016, organiza um cineclube semanal gratuito, com curadoria de filmes que têm pouca ou nenhuma circulação no Brasil, com mostras temáticas e retrospectivas autorais, dedicando sempre um espaço para a produção independente nacional.

Uma parte importante de sua missão é possibilitar o desenvolvimento de artistas e pesquisadores, por meio do programa de residências culturais, que duram em média três meses. As propostas precisam ser enviadas para o email que consta no site do Projeto Marieta, e qualquer artista pode se candidatar. 

Respeitando sua vocação transdisciplinar, o projeto recebe todos os tipos de propostas: elaboração de roteiros, grupos de pesquisa e laboratórios tecnológicos, entre outros.

Segundo Giovani Pirelli, um dos fundadores do projeto, ao longo dos anos, as residências têm sido fundamentais na gestão do espaço: "Em primeiro lugar porque muitas vezes as residências conseguem pagar pela locação dos espaços, gerando uma receita importante para a manutenção do projeto. Em média temos duas residências pagas por ano, quase sempre vindas de projetos contemplados por editais, ou seja, por verba pública. Em segundo lugar, as residências que não pagam para ocupar o espaço têm contribuído de forma impar para a ampliação da nossa programação. Por não pagar diretamente pelo uso do espaço, os residentes retribuem oferecendo atividades gratuitas, consultorias estratégicas (em marketing e gestão de comunicação, por exemplo), ou passando a assumir a programação de um mês de atividades (como no caso da artista Bianca Leite, residente no Marieta desde agosto 2019, que fez a curadoria da programação do mês de Novembro 2019, organizando cineclubes, debates e workshops)”. 

Com a impossibilidade de organizar encontros presenciais por tempo indeterminado, o centro cultural está passando por um momento de reflexão e adaptação a um novo papel. O isolamento social pede que sejam criados novos momentos de encontro e de produção coletiva, para manter as mentes ativas e atentas. Em vez de consumir cultura, fazer cultura!