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Aos Leitores

Apresentação

As novas formas de sociabilidade em rede e as diferentes práticas de participação social têm produzido efeitos de maneira transversal em diversas
áreas do conhecimento e nos principais fenômenos sociais e tecnológicos que temos observado no início do século XXI. A cultura, em sua diversidade polissêmica, não apenas reverbera esses efeitos na formulação de suas práticas como também os potencializa pela diversidade de linguagens, formas de atuação e modos de intervenção social. Articular conhecimentos e formular questões a partir desse cenário se torna um enorme desafio, dada a necessidade da combinação de diferentes áreas do conhecimento e da intrínseca interdisciplinaridade que se torna requisito do processo.

As práticas da gestão cultural precisam também ser pensadas a partir dessas perspectivas, onde novos fenômenos em rede não apenas produzem
tipos de sociabilidade que ainda carecem de estudos na perspectiva cultural, mas também originam dados e fontes de informação que influenciam de maneira significativa a produção de novas formas de mapeamento cultural e possibilidades de atuação coletiva e de gestão participativa.

As tecnologias de informação e comunicação (que favorecem o sistema produtivo da cultura e o consumo cultural), o surgimento de novos atores e as transformações de suas participações na formulação de políticas culturais,
a ampliação do acesso a informações para a elaboração de políticas públicas e a transparência nos processos de gestão são algumas das inovações que estimulam a conversão do papel do indivíduo, de espectador consumidor da cultura para participante ativo na gestão da cultura.

Essas novas práticas e possibilidades estruturais ampliam o potencial transformador da cultura.
Entendendo a complexidade da articulação desses temas, o dossiê “Mapeamento e gestão participativa para a cultura” apresenta possíveis formas de conexão a partir de estudos de caso práticos no âmbito da gestão cultural, sobretudo a partir de experiências nacionais e internacionais de políticas públicas.

Os artigos que compõem esta edição foram elaborados pelo grupo de estudos “Mapeamento e gestão participativa para a cultura: a construção de novas relações e institucionalidades”, organizado pelo Centro de Pesquisa
e Formação e coordenado por Daniela Ribas, Claudinéli Ramos e Dalton Martins. O grupo se dedicou ao longo de 2017 à articulação de conhecimentos e estudos de caso sobre as novas formas de sociabilidade em rede, práticas de participação social, novas institucionalidades, produção e análise de dados e gestão cultural. Nesta edição, o leitor encontra artigos que abordam questões como: construção coletiva de indicadores culturais; práticas culturais on-line e plataformas digitais participativas; práticas da cultura digital; mapeamento colaborativo da cultura; entre outros.

A revista traz também artigos de variadas temáticas, elaborados por pesquisadores que participaram da programação do Centro de Pesquisa e Formação. A relação entre a arte e a falsificação e a superação do valor da
autenticidade foram examinadas por Marlon dos Anjos em seu artigo, enquanto Ricardo Harada traz em seu texto a formação da arte mágica moderna.

Elaborado pouco depois do centenário da Revolução Russa (2017), Albino Rubim analisa os enlaces entre política e cultura naquele momento singular da história. Marco Antônio de Almeida, por sua vez, aborda processos do universo das Histórias em Quadrinhos a partir da constatação do descentramento e disseminação das informações e dos saberes, mediados pelas tecnologias de informação e comunicação. Por fim, Silvio Oksman e Sabrina Fontenelle tratam de temas relacionados ao patrimônio cultural na cidade contemporânea.

Na seção Gestão Cultural, ex-alunos do Curso Sesc de Gestão Cultural produziram três artigos relacionados aos seus trabalhos de conclusão do curso. Dialogando com o tema do dossiê, o especialista em políticas digitais,
José Murilo Costa Carvalho Junior, é o entrevistado desta edição, em que trata da área de cultura digital do Ministério da Cultura e de políticas para acervos digitais.

A historiadora Juliana Schmitt resenha o livro Sobre a morte: invariantes culturais e práticas sociais, organizado por Maurice Godelier, publicado pelas Edições Sesc em 2017, anunciando a profundidade da coletânea
com os seguintes dizeres: “a morte pertence aos vivos. Aos que se vão, há a imensidão ou o vazio – nunca saberemos ao certo. Aos que ficam, a complexa tarefa de tentar dar sentido à vida e ao seu fim”.

A arte educadora e artista visual Lúcia Rosa ilustra o conto “A nossa ciência”, do escritor e tradutor Antônio Xerxenesky. Ao final da revista, os leitores encontrarão um ensaio de fotos de Alexandre Urch, que ministrou
um curso sobre fotografia de rua intitulado (In)visibildades Urbanas no Centro de Pesquisa e Formação no início de 2018.

Boa leitura!

Danilo Santos de Miranda
Diretor do Sesc São Paulo