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No Sesc, um trabalho consistente favorece o idoso

 


Foto: Gabriel Cabral

ABRAM SZAJMAN

O mundo está envelhecendo. O Brasil também, e em ritmo cada vez mais acelerado. Essa notícia, registrada na reportagem de capa desta edição de Problemas Brasileiros, evoca inúmeras conseqüências. À primeira vista, é a confirmação de que nascem cada vez menos pessoas, resultado de campanhas de controle de natalidade, ou do maior acesso do público a informações relativas a métodos contraceptivos. Estudo recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a taxa de fecundidade das brasileiras vem se reduzindo. Em 1992 era de 2,7 filhos por mulher e em 2000 caiu para 2,2. A tendência de queda deve se acentuar ainda mais nos próximos anos, encurtando a distância entre o Brasil e os países desenvolvidos, onde esse índice é de 1,6.

Na outra ponta da pirâmide etária um número cada vez maior de pessoas atinge idade avançada, graças aos progressos da medicina e ao estímulo à manutenção de hábitos mais saudáveis. O exemplo das personalidades retratadas na capa é claro e eloqüente: ali estão cidadãos que conseguem manter um ritmo de atividade contínuo, que vivem com intensidade e fazem questão de ocupar-se com afazeres produtivos, revelando o segredo de uma longevidade com saúde.

A notícia, porém, traz uma sombra de preocupação. Todos conhecemos as reais condições das pessoas idosas no país, a maioria condenada a viver com uma pensão irrisória, ou sem pensão alguma, dependendo da ajuda de familiares ou entidades beneficentes.

Apesar de sua experiência, elas são afastadas do mercado de trabalho, que irracionalmente não admite empregar pessoas após certo limite de idade. Dessa forma, muitas vezes se desperdiça um enorme potencial. Alie-se a isso a alta taxa de preconceito que envolve o idoso, alimentada pelas peças publicitárias que, ao enaltecer a juventude, tradicionalmente ignoram esse grupo etário.

Imagine-se, portanto, esse contingente, já numeroso, em franco crescimento, como confirmam as estatísticas. Dentro de alguns anos, ele será tão significativo que forçará, necessariamente, uma reformulação do sistema previdenciário. E certamente provocará alterações na legislação e no comportamento da sociedade em geral, que deverá considerar – e aceitar – o idoso como cidadão ativo e participante.

A experiência comprova: pessoas que fazem parte atuante da comunidade, que convivem sem nenhuma discriminação, mantêm-se produtivas, saudáveis e felizes. Afastá-las dessa realidade, a título de aposentadoria ou qualquer outro, terá como conseqüência sua condenação a um final de vida melancólico e cruel.

É nesse contexto que nos orgulhamos da ação desenvolvida pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), que há mais de 30 anos se dedica em São Paulo a um trabalho sistemático com grupos de idosos. Em todo o estado, eles congregam um total de 52 mil pessoas, gente que se sente mais feliz, ao ser atendida com dignidade e ao aproveitar a oportunidade de participar ativamente de programas diversos, sejam esportivos, sociais ou culturais.

Os resultados observados pela entidade são animadores, mas não podemos esquecer que o contingente de idosos à espera de um pouco de atenção é imenso. E está crescendo continuamente, o que coloca nas mãos dos legisladores e da sociedade em geral a incumbência de providenciar novas formas de inclusão e convivência produtiva.