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Ocupe o Sesc Pompeia

Foto: Markus Lanz
Foto: Markus Lanz

Sesc Pompeia: um catalisador de encontros, cultura, esporte e cidadania. Considerado o 6º prédio de concreto mais bonito do mundo, segundo o jornal britânico The Guardian, tombado pelo IPHAN como patrimônio cultural e histórico do Brasil, a unidade reabre, no próximo dia 8, seu famoso restaurante e convida a todos a explorarem seus espaços.


Em maio de 1982, o bairro da Pompeia ganhou um novo lugar, que viria a mudar a vida cultural não só da vizinhança, mas da cidade. A convite do Sesc, a arquiteta Lina Bo Bardi foi a responsável por transformar uma antiga fábrica de tambores em algo novo. Após nove anos de construção, a arquitetura criada ali virou elemento de integração entre o homem e a cidade, se tornando um catalisador de encontros.

A rua que dava acesso aos caminhões da velha fábrica foi transformada em um espaço exclusivo para os pedestres acessarem os muitos ambientes do centro de lazer, como a Comedoria, que abriga o palco para shows, e também mesas coletivas, inspiradas nas antigas tabernas e choperias europeias, e que servem como estímulo aos encontros ocasionais.

Do outro lado da rua, a Área de Convivência é um convite ao descanso. “Colocamos apenas algumas coisinhas: um pouco de água, uma lareira. Quanto menos cacareco, melhor. Nosso esforço foi dignificar a posição humana” explica Lina. O local abriga exposições, a Biblioteca, o Espaço de Leitura e o Espaço de Brincar, voltado para crianças de até seis anos. 

O Teatro do Sesc Pompeia foi instalado no galpão mais alto do conjunto. Porém, por se tratar de um espaço pequeno, Lina Bo Bardi decidiu adotar duas plateias, como uma arena. A cadeirinha de madeira que serve de assento é uma tentativa, nas palavras de Lina, de devolver ao teatro seu atributo de “distanciar e envolver”, e não apenas sentar-se.

O galpão das oficinas foi feito com blocos de concreto, para marcar a diferença entre a arquitetura original da fábrica de tijolos de barro e as intervenções atuais. Além de remeter ao que os arquitetos chamam de “verdade dos materiais”, ou seja, mostrar fielmente os materiais utilizados e o processo de sua construção.

A velha fábrica é ligada ao Bloco Esportivo por meio de um deck, que em dias de sol vira praia para os paulistanos. As janelas do enorme prédio de concreto, que se tornou marca registrada da unidade, possuem formatos irregulares, que remetem às cavernas pré-históricas e possibilitam diferentes visões da paisagem da cidade, além de produzir ventilação.

Os detalhes tornam os ambientes ainda mais especiais: os caquinhos de cerâmica coloridos do chão dos banheiros foram inspirados na tradição popular brasileira. Os canos da construção têm cores variadas, que indicam a função de cada tubo. Os azulejos da cozinha e da piscina foram desenhados pelo artista carioca Rubens Gerchman com desenhos de inspiração brasileira, como a folha de bananeira. Tudo pensado para, nas palavras de Lina, criar uma atmosfera humana.