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Ter uma ideia, desenvolver um roteiro, definir as regras, criar o design e a animação, programar, produzir os efeitos visuais, sonoros e disponibilizar ao público. Se por muito tempo essas etapas da criação de um jogo digital pareciam tarefas de empresas multimilionárias, hoje é possível que qualquer pessoa experimente fazer o próprio game. Basta uma ideia na cabeça, um computador à mão e curiosidade para procurar conhecimentos específicos e aprimorar a técnica.

“Há até alguns anos, havia a ideia de que para desenvolver um jogo a pessoa precisaria ser um especialista. Hoje, essa barreira já não existe. Muitos desenvolvedores são autodidatas, e isso é muito positivo porque democratiza e diversifica a produção”, observa o desenvolvedor de jogos e professor do curso de jogos digitais da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) Enric Llagostera. “As ferramentas para a criação de jogos, de arte digital e de som se tornaram muito acessíveis. Há mecanismos chamados ‘motores de jogo’ que facilitam a programação, além de diversos tutoriais na internet, comunidades de pessoas trocando experiências, cursos técnicos, superiores e cursos livres que ajudam a ter uma base sólida para começar”, explica.

Enric afirma ainda que se tornou possível que uma mesma pessoa desenvolva todas as etapas de criação de um jogo. A maior dificuldade, segundo ele, é ter disciplina e organização para trabalhar, já que é preciso uma multidisciplinaridade: “Um game tem áudio, desenho, gráfico, programação e planejamento da experiência do jogo. São várias áreas, então é preciso ter um pé em todas, mas não existe uma separação sólida entre elas”.

A educadora de Tecnologias e Artes do Sesc Campinas e mestranda em Curadoria de Jogos Digitais na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) Anita Cavaleiro avalia que o ideal é ter uma equipe, mesmo que pequena, para discutir as ideias e organizar o trabalho: “Assim, cada um se encarrega de uma etapa da produção e fica mais fácil testar as ideias. É muito importante a participação do jogador nesse processo. Como o game tem como foco a pessoa que irá jogá-lo, esse feedback é o mais importante”.

Passo a passo

O primeiro passo é pensar no conceito inicial do game, afirma Anita. Em seguida, vem o roteiro e a viabilização da ideia. “Aí entram questões como decidir se o jogo terá personagens, como será o universo, se será feito em 2D, em 3D, em primeira pessoa etc. Depois, começa a fase de produção, design dos personagens, dos níveis e dos cenários, entre outros elementos relevantes”, exemplifica.

A animação e a programação são as principais etapas que vão transformar a ideia inicial em um jogo de fato. Outro ponto significativo é o design sonoro, que irá ambientar o jogo com a música e os demais sons presentes. Depois da pós-produção, na qual o jogo será finalizado, chega a hora de testá-lo, mostrando o que pode ser aprimorado e, principalmente, como os jogadores recebem o objeto final.

Anita lembra que o jogo digital é uma linguagem que pode ser utilizada de diversas maneiras e com intenções distintas: “Um bom jogo, a meu ver, é um jogo imersivo, que cumpre a função a qual se propõe, seja ela de entretenimento, educativa, de treinamento, entre outras, e que possui elementos que fujam do clichê em termos de gráficos, de jogabilidade e de conteúdo, além de demonstrar pesquisa na criação do roteiro, cenário e personagens”.

Portas de entrada

Todos os meses, diversas unidades do Sesc oferecem cursos, encontros e outras atividades relacionadas ao mundo dos games. Confira os destaques abaixo:

Criação de Jogos – Global Game Jam
Sesc Belenzinho – 29, 30 e 31 de janeiro

O Sesc Belenzinho é uma das sedes de um dos maiores eventos de desenvolvimento de jogos do mundo – a Global Game Jam – no qual desenvolvedores de jogos e interessados se reúnem, formam grupos e colaboram para a criação de um jogo a partir de um tema comum. Durante três dias, os participantes poderão criar jogos analógicos ou digitais utilizando ferramentas livres e gratuitas.
Não são necessários conhecimentos prévios na área.

Game On!
Sesc Consolação

Programação de cursos, oficinas, vivências e bate-papos relacionados ao universo da produção de games independentes. No segundo semestre de 2015, foram oferecidos cursos de composição de músicas para games em Chiptune, de Pixel Art e de Game Design. Em dezembro, foi realizado o Super Beta Test, evento em que jogos desenvolvidos por brasileiros ou ainda em fase de testes ficam à disposição do público. Entre as atividades programadas para este ano estão os cursos de efeitos sonoros e programação para games, além de bate-papos sobre jornalismo de games e empreendedorismo.