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São Paulo de portas abertas

Sesc Pompeia<br>Foto: Marco Antônio
Sesc Pompeia
Foto: Marco Antônio

Você já conhece São Paulo? Que tal revisitar a cidade por meio de sua história? Neste final de semana, dias 12 e 13 de dezembro, a cidade de São Paulo abre suas portas para receber a primeira Jornada do Patrimônio, evento que promove a visitação em mais de 80 imóveis históricos por toda capital, além de roteiros, palestras, oficinas e apresentações artísticas.

O Sesc em São Paulo participa desta iniciativa com uma série especial de passeios. Conheça os patrimônios edificados da região central no Bom Retiro e em Campos Elísios partindo do Sesc Bom Retiro. Ou saiba mais sobre as importantes construções projetadas por Ramos de Azevedo embarcando com o Sesc Carmo. Caminhe com o Sesc Consolação pelos bens arquitetônicos tombados no bairro de Higienópolis guiado pela ilustre companhia da persona Dona Veridiana, interpretada pela atriz Mara Helleno. Visite com especialistas a Pinacoteca, o Arquivo Histórico Municipal, a Casa do Povo, o Theatro Municipal, o Palácio da Justiça, o Mercado Municipal, a Sala São Paulo, tudo isto nos roteiros do Turismo Social que integram a programação da Jornada do Patrimônio.

E claro que não podia faltar um roteiro especial pela Unidade do Sesc Pompeia que ao completar 30 anos em 2015, foi incluído em 05 de março na lista de bens tombados pelo Iphan como Patrimônio Cultural Nacional. Todo o conjunto arquitetônico da antiga fábrica de tambores tornou-se um ícone da arquitetura moderna e brutalista por seus valores técnicos e estéticos projetados na intervenção da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992),  também responsável pelo Masp e o Teatro Oficina. Nos dias 12 e 13 de dezembro você pode passear por esta história com a ajuda de um guia nada convencional, o Laudelino Fo, personagem interpretado pelo ator Ricardo Napoleão. A ação apresentará divertidas reinterpretações da arquitetura da unidade.

A Jornada do Patrimônio é um evento realizado pelo DPH - Departamento de Patrimônio Histórico e a Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo que conta com o apoio de muitas instituições e grupos que já vem realizando ações e projetos em prol da preservação da memória paulistana. O objetivo principal da Jornada segundo a arquiteta Nádia Somekh, diretora geral do DPH, é reunir tudo que já vem ocorrendo de forma fragmentada na cidade e potencializar estas ações com o intuito de sensibilizar a população para a importância da conservação dos bens culturais na cidade.

Autora do livro A Cidade Vertical e o Urbanismo Modernizador, entre outros, Nádia é pesquisadora da verticalização das cidades brasileiras e de projetos urbanos na metrópole contemporânea. É membro do Conselho Superior do Instituto dos Arquitetos do Brasil em São Paulo, conselheira desde 2011 do CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo e desde 2013 está à frente do Departamento de Patrimônio Histórico. 

A EOnline entrevistou Nádia para descobrir um pouco mais sobre a primeira Jornada do Patrimônio que vem abrir as portas de São Paulo para a população e revitalizar a memória desta expressa metrópole.

EOnline: Como surgiu a ideia desta Jornada do Patrimônio? Qual a sua proposta principal?

Nádia Somekh: Já em vários países ocorre este tipo de sensibilização. O exemplo mais completo é a França que começou há 34 anos atrás com a Journée du patrimoine e isso se propagou por toda a Europa. As cidades da Europa tem um final de semana em setembro onde o seu patrimônio histórico é celebrado. Isto acontece também em Nova York ,  Montevideu, e até aqui já houve eventos semelhantes no nível estadual em Minas Gerais. Mas no Brasil a primeira cidade que está realizando uma jornada é São Paulo. A nossa idéia é que isto também se expanda para outras cidades brasileiras e a gente possua então um Dia Nacional do Patrimônio. Uma mobilização geral da população para sensibilização em torno da nossa história e da memória.

E.O:A programação do evento está bem diversificada com roteiros, oficinas, palestras e apresentações artísticas. Você pode nos contar como foi a escolha destas atividades e lugares?

N.S: São várias parcerias e tudo que já vem ocorrendo de forma fragmentada se reúne nesta Jornada de maneira a se potencializar e ter mais visibilidade. Festejando os 40 anos da Secretaria da Cultura e do DPH - Departamento de Patrimônio Histórico, discutimos de forma ampliada o conceito de patrimônio e resgatamos a história Mário de Andrade, que há 80 anos criou o pioneiro Departamento de Cultura. Nós realizamos um chamamento a 2 meses atrás e aberto a todas as pessoas que possuem um imóvel tombado e interesse em abrir suas portas para receber o público. São mais de 80 imóveis abertos a visitação na cidade durante o evento. Nós temos também uma parceria com o Governo do Estado que administra alguns locais, e a Secretaria de Cultura do Município promove uma série de atividades artísticas que contam as histórias destes patrimônios tombados. Temos diversos roteiros pela cidade e palestras de especialistas. Contamos também com a participação de várias instituições e grupos que realizam ações de valorização deste patrimônio. Como o próprio Sesc, que também integra a programação com seus roteiros.

E.O: Uma das diretrizes do DPH é justamente ampliar o conceito de patrimônio, e vemos neste evento um chamado à população para o reconhecimento dos seus bens culturais. Qual é o conceito de patrimônio que a Jornada busca promover?

N.S: É o conceito que não é só pedra e cal mas é aquele que a população tem como proposta e projeto de preservação da memória. Por exemplo, não é só o Theatro Municipal que é importante, mas também o Belas Artes e toda a mobilização que foi feita para sua continuidade. Ou mesmo o samba paulistano que foi registrado como patrimônio imaterial. Estamos levando em consideração os elementos da Declaração de Amsterdã, que é uma carta internacional que prevê que o patrimônio não é mais só monumento, mas os conjuntos urbanos que trazem a preservação do ambiente. Quando a gente está aqui ouvindo os resultados da COP 21 de Paris (Conferência Mundial sobre o Clima), vemos que a preservação do patrimônio vai além dos monumentos e torna-se também uma postura ambiental e ecológica que temos que defender para a cidade de São Paulo.

E.O: Qual o resultado que este evento objetiva alcançar agora em sua primeira edição?

N.S: Estamos mostrando que SP tem história, tem memória e que a preservação deste patrimônio depende de todos nós, precisa ser compartilhada. Porque nós vamos mostrar problemas também, mostrar como é importante também preservar e ter instrumentos de proteção deste patrimônio. E isto precisa ser compartilhado com a sociedade, porque 95% dos bens tombados são privados. Então se a sociedade não valorizar seu patrimônio nós não vamos poder proteger nossa história.

Mais informações em: jornadadopatrimonio.com.br

o que: Série especial de passeios - Jornada do Patrimônio
quando:

12 e 13 de dezembro

onde:

Em várias unidades do Sesc em São Paulo

ingressos:

Consultar na programação