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Negahamburguer e a representatividade para mulheres que estão fora do padrão
Em novembro, a imagem abaixo gerou grande repercussão nas redes sociais do Sesc em São Paulo com muitos comentários - de homens e mulheres - contrários à mensagem do post e do artigo “Empodere-se, mulher!”, que abordava o feminismo tendo como ponto de partida um debate sobre corpos femininos, empoderamento e padrões de beleza. No encontro, que aconteceu na edição de outubro do programa Diálogos da Cidadania do Sesc Itaquera, as ativistas Elânia Francisca, Fernanda Kalianny Martins Sousa e Lívia Lima conversaram com jovens sobre o tema, enquanto a ilustradora Evelyn Negahamburguer realizava intervenções artísticas como esta.
A ilustradora Evelyn Queiróz – Negahamburguer realiza através de seus desenhos, um trabalho de denúncia das situações de opressão e preconceito sofrido por mulheres, principalmente, fora dos padrões estéticos e de comportamento. Padrões frequentemente reproduzidos pela grande mídia e normatizados pela sociedade, mas que provocam situações de conflito psicológico, desconforto e até mesmo segregação. Seus desenhos, muitas vezes acompanham frases incentivadoras e questionadoras. Como os exemplos a seguir:
Não deixe a mídia alisar sua história.
Chega de violência naturalizada nos nossos cotidianos.
Menina também se masturba.
Eu não quero me encaixar no padrão.
Eu vou descer até o chão sim!
Gostosas para o verão? O verão é que precisa ser gostoso pra gente.
Você pode usar biquíni sim.
Quem cria sozinha é heroína.
Seu tamanho é lindo. Seu peso é ideal.
Estou de dieta. Não engulo o seu preconceito.
Essa magreza que marca meus ossos é pra lembrar que a estrutura que me mantém de pé é a mesma que te mantém também.
Como parte da missão de educação permanente do Sesc, continuamos ressaltando o direito da mulher em ser respeitada independente dos "padrões" aceitos como "corretos" pela sociedade. Por isso, a EOnline conversou mais com a artista sobre o tema:
Você trabalha com quatro assuntos bastante importantes: feminismo, empoderamento da mulher, questão racial e quebra de padrões estéticos. Como você utiliza a sua arte para falar sobre esses assuntos?
Evelyn Negahamburguer: A minha principal ideia é trazer representatividade para essas mulheres que estão fora do padrão, para as meninas negras que abrem uma revista e não se identificam com o que está ali e acabam se sentindo pressionadas a fazer parte daquilo.
Nas suas ilustrações você traz sempre frases e afirmações que parecem contar uma história. Qual é a sua história?
E. N.: Sou só uma menina que não tem identificação com nada que a sociedade me cobra.
O que é feminismo pra você? Por que você acha que as pessoas confundem tanto feminismo com misandria (a repulsa pelo sexo masculino)?
E. N.: Feminismo pra mim é quando mulheres percebem que juntas são mais fortes. Quando umas percebem seus privilégios sobre as outras e usam isso a favor de todas.
Como você enxerga o momento atual em que estamos vivendo? Tanto as manifestações feministas de denúncia como a marcha contra PL 5069 de Eduardo Cunha, as hashtags #meuprimeiroassédio e #meuamigosecreto quanto às reações negativas de homens e mulheres contra o feminismo?
E. N.: Estamos em um momento histórico sem sombra de dúvidas. Li em uma postagem no facebook que, por causa da nossa luta, a situação da mulher não tem mais volta, pois nós estamos aceitando cada vez menos o machismo e as opressões. Estamos denunciando e cada vez com menos medo. A internet nos proporciona essa troca de experiências e isso nos traz muita força.
Quais artistas te inspiram?
E. N.: Esteticamente eu gosto muito da Miss Van.
Algo mais que queira acrescentar sobre o assunto?
E. N.: Acho que devemos questionar mais sobre as nossas próprias opiniões e sair do senso comum. Questionar mais de onde vem as fontes, de quem se beneficia com o machismo, com a violência contra a mulher, com o racismo, com a opressão e os padrões de beleza.
Saiba mais sobre Negahamburguer no site: www.negahamburguer.com.