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JORGE LEÃO TEIXEIRA
Louquíssima – A Vaca Louca Bombardeira, ofertada por um grupo de gaiatos à Embaixada do Canadá, em Brasília, por ocasião do veto canadense às exportações de carne brasileira, levou seu nome a sério e bombardeou com furiosas marradas os manifestantes, seguranças, repórteres e funcionários da embaixada que dela se aproximavam.
Efeito tulipa – O corre-corre provocado pela queda do índice Nasdaq e das
cotações das empresas tecnológicas na Bolsa de Nova York era um desastre antecipado por
muitos analistas de bom senso que não engoliam o entusiasmo irrealista do boom
eletrônico. Fenômeno que, para os historiadores da economia, recordava o fantástico
episódio das ações da Companhia das Índias Orientais, após o boom provocado
pela guerra entre Holanda e Espanha. Os bulbos exóticos de tulipas em que a companhia
investia começaram repentinamente a ser muito valorizados, atraindo capitalistas
holandeses, austríacos, ingleses e franceses, logo seguidos por aplicadores da nobreza e
da burguesia européia. Naquela época chegou-se até a negociar "opções" de
bulbos de tulipas que valorizaram mais de 1000%.
De repente, a bolha da tulipa estourou. Em menos de três meses os bulbos passaram a valer
apenas 0,15% dos altos preços pelos quais eram cotados, desastre que desgraçou famílias
inteiras e arruinou um batalhão de investidores de alto bordo.
E ainda dizem que a história não se repete.
Golpe do gene – A descoberta de que o corpo humano possui cerca de 30 mil
genes deixa várias empresas americanas que operavam no campo da genética em situação
difícil. A Incyte Generics vendia acesso a 120 mil genes humanos, enquanto a Human Genome
Generics, mais modesta, garantia conhecer 100 mil genes. A Affymetrix negociava chips
capazes de analisar o DNA de 60 mil genes.
O episódio marcou a estréia do conto-do-vigário genético.
Espólio – A família do ex-presidente João Figueiredo colocou em leilão
objetos de uso pessoal, decisão que contrariou o Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, que desejava adquirir cerca de 30 deles, pelo preço mínimo de
avaliação, para enriquecer o acervo do Museu da República. Entre os objetos havia dez
caixas de prata para charutos – presentes recebidos de governantes e autoridades do
exterior – que o presidente não utilizou por não fumar charutos.
Por outro lado, apaixonado por cavalos, deve ter adorado a escultura em bronze de um cowboy,
obra do artista norte-americano Harry Jackson, presente do ex-presidente Ronald Reagan,
igualmente apaixonado por cavalos, a qual também foi leiloada.
Devoção – O Teatro Rival, na Cinelândia, Rio de Janeiro, apresentou dois shows do grupo Balança mas não Cai, mostrando seus cobras no cavaquinho, violão de sete cordas, tantã, repique de mão e pandeiro, a cargo, respectivamente, de Yukihiro Sakasegawa (que também canta), Koji Abe, Masatoshi Kohata, Atsushi Yamaguchi e Kenichi Suzuki. O conjunto foi fundado nos anos 80 por adolescentes japoneses entusiasmados com a exibição, naquele país, do grupo Fundo de Quintal. Resolveram, então, dedicar-se ao pagode, samba e chorinho, tocando em casas noturnas de Tóquio. O maior sucesso do conjunto é um samba feito em sua homenagem pelo trio Arlindo Cruz, Sombrinha e Franco, intitulado "Feijoada com Sushi".
Sai de baixo – Carros que circulam em Brasília e em outras cidades
brasileiras andam exibindo um feroz adesivo nas cores preta e amarela, com a cara
agressiva de um cão pitbull e a divisa "In dog we trust"
("No cão nós confiamos").
Coisas de pitboys, tão ou mais ferozes que os pitbulls…
Caça-túnel – Um aparelho sueco foi aprovado pela polícia do Rio de Janeiro, passando brilhantemente com distinção e louvor nos testes a que foi submetido por uma empresa de obras públicas. Denominado caça-túnel, o equipamento é capaz de detectar interferências subterrâneas a até 40 metros de profundidade, denunciando a existência de túneis que estejam sendo escavados por presidiários. No teste realizado na penitenciária de segurança máxima de Bangu, o equipamento localizou imediatamente um túnel, abortando uma tentativa de fuga.
Duelo – O senador Antonio Carlos Magalhães resolveu fazer do trombone o seu button
político, mandando confeccionar uma partida de trombones dourados para uso em lapelas.
Grandes trombonistas foram Glenn Miller, Tommy Dorsey e o mago de jazz J. J. Thompson,
falecido não faz muito. No Brasil, tivemos mestres do trombone, como Raul de Barros e
Raul de Souza. O último, admirador de J. J. Thompson, criou até um trombone sofisticado,
instrumento que recebeu o nome de "souzafone".
Suspeita-se que o discutido procurador Luís Francisco de Souza, no seu bate-boca com ACM,
passe a usar um souzafone na lapela do paletó.
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