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Na história de Gal, a história do Brasil

Foto: Andre Schiliró
Foto: Andre Schiliró

A Eonline convidou o crítico de música Marcus Preto e os compositores Marcelo e Thiago Camelo para falarem sobre “Espelho d’água”,  show de voz e violão que Gal Costa apresenta no Sesc Pinheiros

Não é exagero algum dizer que todo brasileiro carrega (pelo menos) um pouquinho de Gal Costa no lado esquerdo do peito, nos ouvidos, nas lembranças. Gal cantou grandes momentos da história do país, radicalizou tendências da nossa música e consolidou um repertório de clássicos que não envelhece nem estanca – prova disto é o show “Espelho d’água”, que o Teatro Paulo Autran, do Sesc Pinheiros, recebe de 22 a 25 de janeiro (quinta a domingo; ingressos esgotados).

A Eonline convidou o jornalista e crítico de música Marcus Preto (que assina a direção artística do espetáculo, ao lado de Gal) e os compositores Marcelo e Thiago Camelo (autores da canção-título do show) para falarem mais sobre esse trabalho. Seus depoimentos você lê a seguir:

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Com a palavra, Marcus Preto

Quando Gal me convidou pra dirigir com ela um show novo, de voz e violão, sugeri que a gente trouxesse pra o palco apenas as canções “compostas” por ela. Entre aspas, porque, como sabemos, Gal não é compositora (já fez duas músicas, com parceiros, mas diz que foram “de brincadeira”). Ainda assim, mesmo não compondo, podemos reconhecer facilmente seu repertório “autoral”, ou seja: aquelas muitas e muitas canções que só existem de fato no coração e nas bocas do país por causa da voz dela e da interpretação criada por ela, a maior cantora do Brasil. São músicas lançadas por Gal, como “Folhetim”, “Negro Amor”, “Coração Vagabundo” e “Baby”. Outras, feitas especialmente pra ela, como “Caras e Bocas”, “Minha Voz, minha Vida”, “Vaca Profana” e, claro, “Meu Nome É Gal”. E há também algumas que já existiam antes de ganhar uma gravação de Gal, mas que ficaram muito mais conhecidas a partir do toque dela, caso de “Volta” e “Um Favor”, de Lupicínio Rodrigues. A ideia do roteiro era mesmo reconstruir a história de Gal, pois, fazendo isso, estaríamos reconstruindo também a nossa, a minha, a sua, a história do Brasil. Fizemos e foi delicioso. Quando tudo estava fechado, sentimos que faltava só mais uma canção, uma que apontasse pra o futuro. Pinçamos “Espelho d'Água”, a primeira parceria de Marcelo Camelo com o irmão, Thiago Camelo (o Tico, personagem de “Além do que se Vê”, do Los Hermanos), que já estava entre as pré-selecionadas do disco de inéditas que eu e Gal estamos fazendo pra logo mais. A música cresceu tanto ao vivo que acabamos usando seu título pra batizar também o show. Guilherme Monteiro, um craque do violão e da guitarra, colocou seu talento esculpido entre o jazz, o rock e a música brasileira pra ampliar a sonoridade.

Ser gravado por Gal é...

Foi uma honra e um fato muito significativo na minha vida que a primeira parceria entre meu irmão e eu tenha sido gravada pela Gal. Ficamos felizes, rimos e celebramos esse fato que marcará nossa amizade pra sempre. E ouvir a canção viva na voz de uma cantora da profundidade da Gal, que traz pra ela sua alma habituada a estes mergulhos no misterioso, somada ao apuro técnico, ao timbre inconfundível. É de uma beleza só. – Marcelo Camelo

Foi uma grande honra ser interpretado pela Gal. Não poderia imaginar um destino mais feliz para a primeira parceria com o meu irmão: um encontro tão especial para nós dois. Tive a incrível chance de ver o show “Espelho d’água” no Rio. É emocionante escutar a música na sequência de tantos clássicos; músicas compostas por artistas de quem sou fã – músicas que são faróis desde sempre. É uma marca que ficará para sempre na minha história de vida. – Thiago Camelo