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Dossiê

O monólogo é um estilo teatral recente, ou melhor, uma peça inteira protagonizada por apenas um ator é uma novidade da metade deste século. Os autores clássicos, como Shakespeare, já realçavam os personagens solitários, inseridos na trama em questão, colocando-os na berlinda. É o caso de Hamlet, que contracena com a caveira. Pensando em aproximar o público leigo desse viés cênico particular, o Sesc Vila Mariana promoveu a oficina de monólogos, ministrada pela dramaturga Cláudia Vasconcelos. "Como a oficina foi curta, lemos e analisamos textos de vários autores para, depois, realizarmos exercícios. Nesse tipo de trabalho vale aprender com grandes escritores." Durante o curso, Cláudia ensinou algumas técnicas específicas como a peripécia (mudança de fortuna), que altera o rumo do monólogo. "Vimos Beckett, Shakespeare, Dario Fo, Pedro Bloch e Nelson Rodrigues (foto), entre outros, e o resultado foi muito bom, pois levou as pessoas a refletirem mais a fundo sobre a peça que assistiram."
Sempre
alertas
O Projeto Benfeitores da Natureza, realizado no Sesc Itaquera, vem promovendo
o programa de hortas comunitárias. Nesse núcleo, aproximadamente
200 professores da rede pública de ensino já realizaram projetos
nas áreas de jardinagem orgânica e horta orgânica, além
de aprender a plantar ervas medicinais nas salas de aula. Após o treinamento,
os professores desenvolvem projetos com os alunos nas escolas.
O
encanto de sempre
Na tela do CineSesc, a reestréia, em cópia restaurada, do clássico
La Dolce Vita (A Doce Vida), do aclamado cineasta Federico Fellini, atraiu um
público estimado em mais de doze mil pessoas durante o mês de agosto.
Uma demonstração de que para tirar o espectador de casa é
necessário atraí-lo para salas de exibição que ofereçam
programações de qualidade indiscutível.
Encontros e reflexão
O Sesc Consolação promoveu, durante o mês de agosto, encontros
e atividades que discutiram as linguagens do teatro, da dança e da performance.
A idéia do evento Reflexos de Cenas foi abrir um espaço sobre
o fazer artístico. A partir de cenas e fragmentos de trabalhos em pesquisa,
os participantes procuraram esclarecer os modos e os processos envolvidos numa
criação cênica.
O público presente pôde assistir a depoimentos de artistas, relatos
de experiências e demonstrações de grupos convidados. "Quisemos
estabelecer um ambiente de troca e reflexão", afirmou o dramaturgo
Luís Louis, um dos organizadores. O objetivo dessas discussões
foi valorizar a pesquisa e a experimentação mais do que o resultado
pronto, incentivando a aproximação dos artistas entre si e com
o próprio público. "Dentre os vários grupos participantes,
pôde-se constatar uma tendência no aprofundamento do trabalho corporal
e valorização do ator nos processos de criação",
analisou Louis.
Quebra
de barreira nas artes
No mês passado, o Sesc Consolação abriu as portas para apresentar
o espetáculo de dança Agosto, inspirado na obra homônima
de Rubem Fonseca. O romance conta a história de um delegado carioca pobre
e honesto que começa a investigar o assassinato de um milionário
em agosto de 1954. No mesmo período, num atentado contra Carlos Lacerda,
um major da Aeronáutica é assassinado, o que desencadeia uma série
de episódios que levam ao suicídio do presidente Getúlio
Vargas. "Não pretendemos fazer simplesmente uma versão dançada,
pois sabemos da quase impossibilidade de traduzir uma obra literária
em movimentos", explica a bailarina Sofia Cavalcante que, junto com a também
dançarina Elaine Cavalcante, criou o espetáculo e ainda assinou
a direção e a coreografia. "O que nos interessa basicamente
é construir uma dança que trabalhe a energia decorrente da situação
de alguns personagens", esclarece. Para a realização do trabalho,
as diretoras convidaram o bailarino e coreógrafo José Maria Carvalho,
que divide com elas os créditos da concepção coreográfica
do espetáculo.
Lançamento
para a terceira idade
Encontra-se à disposição do público a edição
no 20 da revista A Terceira Idade, publicação do Sesc de São
Paulo. Suas matérias buscam refletir aspectos do envelhecimento enquanto
fenômeno biológico, psicológico e cultural. Escrita por
especialistas das mais diferentes áreas do conhecimento, a revista é
dirigida a técnicos em gerontologia, mas também é lida
com interesse pelos idosos. Os interessados devem entrar em contato pelo telefone
(0xx11) 3179-3579.
Talentos da Zona Leste
O Fórum de Estudos para o Desenvolvimento da Zona Leste realizou, no
dia 9 de agosto, no Sesc Itaquera, a Mostra de Projetos Culturais da Região
Leste. O evento reuniu diversos projetos feitos por movimentos populares da
região e por entidades das proximidades da unidade. Durante o programa,
foi apresentada a peça Grease - Nos Tempos da Brilhantina. Na parte esportiva,
o projeto Atleta da Cidadania mostrou o caminho para garantir o esporte e o
lazer para adolescentes e jovens. Na música, o público presente
pôde conhecer o Mostrando a Cara, um projeto que visa acompanhar a carreira
de músicos amadores.
A chama não apaga
"O samba sempre foi prejudicado. Nunca lhe deram o espaço que ele
merece." É essa a opinião contundente de Monarco, uma espécie
de líder dos músicos que compõem a Velha Guarda da Portela
e que se apresentaram junto com Dona Ivone Lara, em agosto, no Sesc Belenzinho.
"O samba provou que não é marginal e que consegue sobreviver
com suas próprias pernas." A prova disso são os 40 mil discos
vendidos "na calada da noite", sem tocar no rádio, sem estardalhaço.
O sucesso é calcado na qualidade dos sambistas, no bom gosto do público
que passa boca a boca a chama do samba de raiz, que canta a vida dura do cotidiano
do morro. "Somos o repórter da vida: o sambista passa para o público
aquilo que ele vê."
Morada
do sol
Dia 29 de julho foi inaugurado o Sesc Araraquara, com 21.225 metros quadrados
de área construída. A unidade conta com equipamentos de última
geração, como a piscina, as quadras esportivas, o teatro e local
onde os usuários podem acessar gratuitamente a Internet. Na ocasião,
estiveram presentes o presidente do Conselho Regional do Sesc no Estado de São
Paulo, Abram Szajman, conselheiros e diretores da Federação do
Comércio e autoridades locais.
Festas
do povo
Foi inaugurada, dia 3 de agosto, no Sesc São Caetano, a exposição
fotográfica Cores e Festas, uma viagem pelas festas populares brasileiras.
Nas imagens, Rosa Gauditano mostra a pluralidade de manifestações
culturais em todo o país. A fotógrafa passou sete anos percorrendo
diversos estados. Rosa Gauditano foi repórter fotográfica do jornal
Folha de S. Paulo e da revista Veja e recebeu o "Prêmio Abril de
Fotojornalismo" de 1986. A exposição foi aberta com a apresentação
do Grupo Cachuera!
O
som da mistura
Águas da Amazônia é o nome do show que apresentou em agosto,
pela primeira vez ao vivo, a música composta pelo americano Philip Glass,
rearranjada e interpretada pelo grupo instrumental Uakti. A música acompanha
o espetáculo Sete ou Oito Peças para um Balé, do grupo
Corpo. No espetáculo, instrumentos construídos com cabaças,
tubos de PVC e matérias-primas cotidianas assumem sonoridades inusitadas.
Capitaneado por instrumentos já tradicionais nos 22 anos de palco do
grupo, o show foi uma incursão pela música não-classificável
do Uakti.
Demônios
de Morin
Ser um pensador livre e polidisciplinar que mescla as ciências humanas
com as ciências físico-biológicas está entre os atributos
de um dos maiores intelectuais deste século. O parisiense e cidadão
do mundo Edgar Morin esteve em São Paulo desvendando alguns demônios
coletivos da sociedade contemporânea, como mídia, sociedade de
massas e entretenimento. Na conferência O Saber, as Incertezas, a Condição
Humana, Morin abordou vários de seus temas prediletos, entre eles, a
educação e as artes.
Para
salvar a mata
O projeto Mata Atlântica - Paisagens, que esteve em cartaz no Sesc Pompéia
durante o mês passado, propôs a reconstrução de uma
floresta utilizando teares primitivos e fibras naturais tingidas à mão.
A montagem buscou estimular a reflexão sobre a importância da preservação
da mata atlântica. O trabalho incluiu apresentação de slides,
vídeos e textos explicativos, com elementos da fauna e da flora, exemplos
de degradação e iniciativas de recuperação ambiental.
Além do Sesc Pompéia, a instalação coletiva já
foi realizada na Itália e no Museu Imperial de Petrópolis.
Cinco
séculos de arte
No dia 11 de agosto, o Sesc Pinheiros finalizou o ciclo de palestras sobre cinco
séculos de arte brasileira. O projeto cobriu toda a produção
artística dos 500 anos de Brasil. No último bloco, a professora
Magda Celi debruçou-se sobre o nosso século e em sua explanação
elucidou os presentes acerca dos movimentos artísticos que revolucionaram
a história das artes plásticas no Brasil e no mundo nos últimos
cem anos. Além de citar artistas e projetar suas obras mais importantes
em slides, Magda relacionou cada tendência a um momento histórico,
década a década, do modernismo de Cândido Portinari à
pop art de Andy Warhol. Confira alguns trechos:
Década de 1920
"O pessoal da Semana de 22 criou o movimento antropofágico e deu
a ele uma personalidade enorme no final da década de 1920 e durante toda
a década de 1930. Eles vieram à tona justamente por causa da situação
pela qual passava a Europa na época. Foi nesse momento que vários
grupos hoje famosos surgiram. Entre eles, o grupo Santa Helena e o grupo de
Cândido Portinari. Foram os artistas que começaram a pintar as
coisas brasileiras."
Década de 1960
e 1970
"Durante as décadas de 1960 e 1970, Andy Warhol foi praticamente
o rei. A arte que ele fazia chegava até as pessoas. Todos que consumiam
o conheciam. E mais. Todos que eram consumidos, também. Por exemplo,
o nosso Pelé. O rei do futebol foi registrado por Warhol, assim como
Elizabeth Taylor e Elvis Presley, figuras consumidas por milhões de pessoas.
Até Mao Tse Tung, líder chinês do comunismo, que não
tem nada a ver com o universo de Warhol. Um era consumista e o outro, comunista.
Aliás, para quem ainda não sabe, Warhol é o dono da famosa
frase: 'Haverá um dia em que todos terão seus 15 minutos de fama'".
Para não esquecer
O problema do esquecimento aflige pessoas de todas as idades. No entanto, os
idosos são os mais prejudicados porque esse problema se acentua durante
o processo de envelhecimento. Apesar disso, é possível combater
a "perda de memória" com o conhecimento dos mecanismos intelectuais.
Na oficina Você Anda Esquecido?, no Sesc Vila Mariana, a fonoaudióloga
Maria Auxiliadora Ferrari explicou os fundamentos da memória: "Primeiro
trabalhamos com a capacidade sensorial, pois a gravação de informações
acontece por meio da audição e da visão. Depois, mostrei
como a atenção é importante no processo de armazenamento.
Por fim, expliquei como o estresse, o cansaço e alguns remédios
podem prejudicar a memória".
Uma palha do Paiva
O escritor e jornalista Marcelo Rubens Paiva foi o convidado de agosto do projeto
Estação Leitura, do Sesc Belenzinho. Na ocasião, o autor
de Feliz Ano Velho falou de sua vida e obra, lembrou do acidente que o tornou
paraplégico aos 20 anos e prestou uma homenagem a seu pai, o jornalista
Rubens Paiva, preso e desaparecido durante a ditadura militar. "Atualmente,
sinto falta do impulso e da energia presentes quando escrevi meu primeiro livro.
Hoje, minha opção é trabalhar com jornal e teatro. A dramaturgia
é minha mais nova paixão", declarou o escritor durante o
encontro.