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Sinal dos tempos

Neste final de século, a convivência entre as gerações gera comportamentos e valores que merecem ser estudados. Nunca antes na história houve tantas mudanças em tão pouco tempo

Imagine a seguinte cena: uma adolescente chega em casa às quatro horas da madrugada e encontra seu pai sentado no sofá. A menina passa, cumprimenta com um boa-noite, fecha a porta do seu quarto e vai dormir. Ou então: uma família resolve passar o final de semana na praia. No banco de trás do carro vão o filho adolescente e a namorada. Chegando lá, cada casal se acomoda no seu quarto. Imagine também um jovem por volta dos vinte anos que vai buscar o avô na aula de música, ou ainda um senhor septuagenário que pega ônibus e metrô para chegar à aula de natação. Quem nunca viveu, presenciou ou já ouviu falar de uma dessas situações? Permitir que as filhas durmam com seus namorados antes do casamento ou creditar normalidade ao fato de aquele senhor de idade ainda praticar esportes e levar uma intensa vida social são fenômenos recentes.

Se o leitor que agora lê essa matéria tiver entre cinqüenta e sessenta anos certamente estará pensando: "No meu tempo não era assim...". De fato, não era. Os adolescentes de quatro ou cinco décadas atrás não ousavam passar do portão da casa da namorada e os idosos, mal entrados nos cinqüenta, começavam a afastar-se da vida social. "Até a geração dos anos 60, as divergências foram vividas intensamente entre pais e filhos. Esses conflitos são explicados pela teoria do gap (intervalo), que aponta a existência de um fosso entre as gerações que impossibilitava a comunicação entre os mais velhos e os jovens, ao contrário do que vemos hoje. Atualmente notamos que o fosso quase não existe. O que eram comportamentos típicos de adolescentes tendem cada vez mais a ser incorporados por outras faixas etárias", explica Guita Debert, professora do Departamento de Antropologia da Unicamp. Guita conta que, certa vez, numa das reuniões com o grupo de estudos feministas do qual faz parte, cada um deveria dar um exemplo que confirmasse a aproximação entre o comportamento de diferentes gerações. "Todo mundo ficou surpreso quando eu apresentei uma propaganda de revista em que apareciam uma mãe e sua filha vestindo o mesmo modelo de lingerie", recorda. "Esse é um exemplo de como as experiências estão cada vez mais próximas. Há algumas décadas, a maneira de se vestir era o que caracterizava uma geração", conclui. Além do maior entendimento entre as gerações, as pessoas que hoje estão entrando na chamada terceira idade deparam-se com um panorama bem mais atraente do que seus avós encontraram: "Atualmente, as pessoas têm uma experiência de envelhecimento completamente diferente da que seus pais tiveram. A sabedoria não é mais vista como estado de pleno conhecimento, sem mais nada para aprender. É enxergada como uma ferramenta que deixa as pessoas mais aptas para aprender", finaliza Guita.

A pergunta que fica, quando pensamos em alguns anos atrás, é a seguinte: como é que, em tão pouco tempo, as relação humanas mudaram tanto? Por quê, em questão de décadas, valores que eram verdadeiros dogmas - como a honra masculina e a virgindade da mulher - caíram por terra?

Geração dos anos 60

É fato que o transcorrer do tempo implica obrigatoriamente uma mudança nas relações humanas. O relacionamento entre pais e filhos, crianças e adultos, patrões e empregados, ricos e pobres, homens e mulheres, configuram-se de acordo com complexas redes de convívio em cada contexto. Mas o que chama a atenção no século 20 é a velocidade com que essas transformações ocorreram, principalmente a partir da segunda metade do século, quando os papéis sociais foram totalmente restabelecidos. Nesse processo, os eventos ocorridos na década de 60 ganharam projeção especial. Nascidos no pós-guerra, a geração que viveu esse período marcou um verdadeiro divisor de águas. Num cenário que abrigava a Guerra Fria, a popularização da televisão, os inflamados movimentos estudantis, as reivindicações por liberdade de expressão, a invenção da pílula anticoncepcional e a subversão da moda, os jovens agarraram com unhas e dentes a chance de "mudar o mundo". E conseguiram.
A mulher desbravou o mercado de trabalho, ganhou independência financeira. Conseqüentemente, passou a ser fundamental nas contas da casa e ganhou voz em decisões domésticas sobre as quais antes não era sequer consultada. E a pílula acenou para um novo comportamento sexual, quebrando tabus até então intocáveis. Por sua vez, os homens foram obrigados a rever suas atitudes. Dessa maneira, desenhou-se um novo formato para a família moderna.

A efervescência dos anos 60 também acertou em cheio as artes. Em todos os continentes a cinematografia entrou na era do Cinema Novo (leia mais na matéria O Cinema do Sol Nascente, na Revista E de abril), enquanto o rock atraía multidões. Enfim, abriu-se caminho para a liberdade de expressão.

Hoje, a geração dos anos 60 está na porta de entrada da terceira idade e é constituída por pais de jovens adultos. Educaram seus filhos seguindo a cartilha que eles mesmo prescreveram. "A relação dessa geração com seus filhos é muito diferente da que eles tiveram com seus pais. Hoje é comum a filha possuir uma relação de amizade com a mãe. Antigamente, uma situação como essa seria entendida como um desaforo à autoridade materna. Havia uma intolerância muito grande tanto de um lado como do outro. Atualmente, o abismo cultural entre as gerações é muito menor. É quase como se houvesse uma "adolescentização" dos pais e uma transformação dos adolescentes numa espécie de adultos prematuros. Mas isso não quer dizer que não existam conflitos", enfatiza a professora Guita.
A história de Júlia Rodrigues Vaz, 25, mãe de João Pedro, 1, e filha do artista plástico Kélio Rodrigues de Oliveira, 55, é um bom exemplo de como diminuiu o abismo que tornava quase impossível a comunicação entre gerações. Apesar dos trinta anos que os separam, os dois viveram juntos a experiência de ter um filho. Quando Júlia descobriu que estava grávida de João, a mulher de seu pai entrava no segundo mês de gestação. "No começo ele resistiu um pouco para aceitar minha gravidez, mas depois me deu força. Eu achei engraçado termos filhos ao mesmo tempo e fiquei feliz. Saber que estávamos passando pela mesma experiência juntos me confortava. Mas o que mais me marcou nessa experiência foi a liberdade. Liberdade do meu pai para, nessa idade, ainda poder dar continuidade à vida", conta Júlia. Kelio também encarou com humor o inusitado. "Ter sido pai e avô ao mesmo tempo não foi nada demais, quer dizer, biologicamente é um fato mais que possível. Emocionalmente foi engraçado. Minha mulher e meus filhos também reagiram com humor. Poeticamente, foi maravilhoso o nascimento dos dois: filha e neto. Essa possibilidade sempre existiu. Nós sabemos que podemos ser avós aos 25, pai aos 13 ou tio antes mesmo de nascer - o que quase aconteceu com a minha filha que nasceu um mês antes que meu neto. Os acontecimentos surpreendentes vêm mesmo é dos laboratórios; com os bancos de esperma, fertilização in vitro, clonagem e outros avanços da engenharia genética. Do ponto vista geracional, a revolução cultural e dos costumes dos anos 60 deixou as relações, em grande número, mais fáceis."

Os vários lados da questão

A observação da nova realidade permite constatar que a relação entre pais e filhos é mais harmônica, ao se comparar com os exemplos de outras gerações. Basta confrontar a educação recebida dos pais com a educação dada aos filhos. No entanto, é muito importante ressaltar que, sendo um movimento social, a contracultura dos anos 60 causou impactos diferentes em cada contexto sociocultural (no Chile, por exemplo, a lei do divórcio ainda não existe). Cada camada da sociedade absorve as mudanças de acordo com as ferramentas que possui para manuseá-las. Portanto, é ilusório pensar que qualquer adolescente do nosso tempo tenha uma relação saudável e equilibrada com seus pais. "Há uma variedade muito grande em nossa sociedade. Quando falo de um menor abismo cultural entre gerações, refiro-me à classe média em geral, que passou pelo ensino superior", explica Guita.
Outro ponto importante a ser lembrado quando o assunto é a relação entre pais e filhos diz respeito à eficácia dos postulados criados pela geração dos anos 60. Afinal, será que existe um lado negativo em educar os filhos com liberdade quase total? Segundo a educadora carioca Tania Zagury, existe. Em entrevista concedida recentemente à revista Veja, ela afirmou que alguns pais acabaram exagerando na dose. O resultado disso são jovens despreparados para enfrentar o mundo e sem limites para respeitar o direito dos outros: "Os pais não estabelecem limites para os filhos, que crescem superprotegidos. Sem ter aprendido que existem limites, os adolescentes se sentem livres para fazer o que bem entendem". Outro problema apontado pelos pais que procuram a educadora é o prolongamento da adolescência. Segundo Tania, uma das causas vem do mercado de trabalho: "A concorrência está cada vez mais acirrada. Exige profissionais mais bem preparados. Além do mestrado e do doutorado, possuem até pós-doutorado. É possível chegar aos trinta anos apenas estudando. Assim, o jovem demora mais a se emancipar e acaba ficando mais tempo na casa dos pais. Muitas vezes, esse jovem não amadurece e continua se comportando como adolescente".

Na outra ponta do iceberg

Quando se fala em conflito de gerações, é comum que as discussões se atenham ao confronto entre jovens e adultos. Mas e o outro extremo? E quem já passou pela vida adulta, está na terceira idade - ou mesmo na quarta - e nem por isso deixou de se relacionar com o mundo? Como as pessoas dessa faixa etária vivem e se comunicam com as gerações mais novas no final do século 20? Assim como é impossível traçar um perfil único sobre a juventude, pode-se considerar o mesmo para os idosos: como no exemplo anterior, as nuanças dependem de contextos socioculturais. No entanto, nesses últimos cem anos, um dado é incontestável: na média, a expectativa de vida aumentou. Segundo pesquisas da Organização das Nações Unidas (ONU), até mesmo nos países mais pobres as pessoas estão vivendo mais.

Esse fato gera um cenário inédito para a humanidade, pois nunca houve tantas gerações convivendo juntas num mesmo espaço: "O aumento da expectativa de vida criou um novo segmento etário que antes não era expressivo. Em todo lugar encontramos idosos, eles adquiriram visibilidade social", observa José Carlos Ferrigno, da Gerência de Estudos e Programas da Terceira Idade do Sesc de São Paulo.

O surgimento desse novo segmento etário, somado aos avanços da medicina e à revolução cultural, resultou em outro fenômeno: o idoso de hoje lembra pouco o de cinqüenta ou sessenta anos atrás. Atualmente, quem hoje entra na casa dos sessenta tem a possibilidade de olhar não só para o que passou mas também para o que está por vir: "As pessoas estão concebendo esse momento da vida não mais como um estágio de retraimento, mas sim como um momento propício para aprender coisas novas. Não é mais somente um estágio de sabedoria, mas também de aprendizado", explica a antropóloga Guita Debert. "E nesse sentido essa fase é muito parecida com a experiência do adolescente, embutido numa situação em que é necessário um sem-número de escolhas. Esse momento é apresentado como a crise da adolescência, quando ainda não definimos nossa personalidade. De certa maneira isso está sendo recriado na terceira idade", conclui.

Esse momento novo, experimentado tanto por idosos quanto por jovens, fica evidente quando deparamos com uma sala de aula onde há pessoas de 14 a 82 anos de idade. A pensionista Gilda Franzosi, 82, e a estudante Aline Taiane, 14, não teriam absolutamente nada em comum se não fosse um simples fato: as duas resolveram aprender a tocar instrumentos de corda. Aline cursa o primeiro grau e começou a tocar violino aos 9 anos. Gilda é viúva, tem netos e bisnetos, e começou a aprender música aos 62 anos. Nem toda essa diferença impediu que as duas acabassem freqüentando as mesmas aulas do Centro Experimental de Música (CEM) do Sesc Consolação. Dividir a classe com alunos tão mais velhos não é nenhum problema para Aline: "Não vejo nada demais, pois sempre convivi com pessoas mais velhas. Inclusive, acho que minha relação com elas é melhor do que com as pessoas da minha idade", afirma. Ela diz que a convivência é tão tranqüila que até o comportamento dos mais jovens e dos mais velhos é parecido. "Quando converso muito, chamam minha atenção. Mas eles também conversam bastante e aí sou eu que chamo a atenção deles." Gilda também se sente absolutamente a vontade no convívio com os mais novos. "Meu objetivo era aprender a tocar violoncelo, um sonho que tenho desde menina. Comecei aos 62 anos, mas depois parei um tempo, pois meu marido faleceu. Agora, aos 82 anos, a gente já encontra um pouco de dificuldade, porque a coordenação motora não é a mesma. Mas eu sempre quis muito aprender a tocar e achei que conseguiria. Independente da idade, meu relacionamento com os colegas mais jovens é excelente. Eles me tratam como se eu tivesse a idade deles. Os professores, então, são um melhor do que o outro."

Entre os colegas mais jovens a que Gilda se refere está seu neto, o estudante de música Alexandre Kishimoto. O rapaz estuda viola na Universidade de São Paulo (USP) e chegou ao CEM por indicação da avó. Quando questionado sobre o fato de compartilharem a mesma sala, não demonstra nenhum desconforto: "É engraçado ter sua avó na fileira de trás da sala de aula. Mas a música tem uma linguagem única para todas as idades".

Exemplos como este, mais uma vez, demonstram que a possibilidade de viver as mesmas experiências aproxima as gerações e facilita a comunicação entre elas. No entanto, nem sempre a proximidade ocorre porque os mais velhos e os mais novos têm objetivos comuns ou passam por situações parecidas. Em alguns casos, a identificação ocorre de maneira mais velada, mas nem por isso menos intensa. Isso acontece, por exemplo, na relação entre avós e netos. "Muitas vezes, as crianças e idosos são personagens relegados dentro da família. A criança porque é apenas um projeto, portanto considerada alguém que ainda 'vai ser'. Já o idoso, porque é alguém que 'já foi'. As pessoas perguntam às crianças o que elas serão e aos idosos o que eles foram. Dessa maneira, retiram sua condição de existência. É como se eles não existissem no presente", explica Paulo de Salles Oliveira, doutor em Psicologia Social pela USP.

Para sua tese de doutorado, ele pesquisou durante quatro anos a vida cotidiana de avós e netos de classe socioeconômica baixa, que vivem em vilas da cidade de Marília, no estado de São Paulo. A pesquisa transformou-se no livro Vidas Compartilhadas - Cultura e Co-educação, publicado pela editora Hucitec. "Na vida compartilhada, avós e netos se influenciam e se modificam reciprocamente como se percorressem um longo passeio recheado de mudanças", escreveu Paulo. Ele defende a co-educação como um dos aspectos mais ricos nessa relação: "Na co-educação, as diferentes gerações se assumem como iguais nos direitos, mas diferentes como pessoas. Assim, um dá ao outro a possibilidade de enxergar um horizonte diferente, mais amplo". E exemplifica: "Por exemplo, para a criança fica claro, a partir das narrativas dos avós sobre a infância que viveram, que a água não vem da torneira, vem do rio. Essa narrativa é educativa e calorosa porque traz dados sobre o passado das pessoas e sobre o mundo. Quando a criança assiste a alguma reportagem sobre a seca do Nordeste, por exemplo, essas informações que foram adquiridas servem como instrumento de associação. No Nordeste, as pessoas não têm água pois o rio está vazio". Sobre a diferença entre a relação de avós e netos nas classes baixas e nas mais altas, Paulo responde: "Há exemplos comoventes de crianças recém-alfabetizadas que transmitem o que aprenderam aos avós, corrigem a fala, trazem, enfim, novidades sobre o que está acontecendo. Apesar de a relação de crianças que moram com seus avós já começar de uma maneira sombria e densa - pois os pais, forçados pelas circunstâncias ou não, abriram mão de criar seus filhos - a convivência entre eles é muito rica. Em minha pesquisa, constatei que diante do desafio os avós ganham um novo projeto de vida. Não estendi minha pesquisa às classes mais altas, mas segundo alguns estudos nessas camadas essa relação acontece de maneira diferente. Os avós resistem à idéia de criar os netos, pois possuem um projeto de vida para a aposentadoria".

Viver a velhice

O aumento da expectativa de vida e o surgimento de um novo segmento etário começaram a chamar a atenção da sociedade para a necessidade de criar mecanismos de inserção social para essas pessoas. "O grande número de idosos vivendo na sociedade chamou a atenção do governo e de especialistas, que começaram a se perguntar o que fazer com elas. Houve, então, uma pedagogização da velhice. Daí o surgimento no mundo inteiro de espaços para a terceira idade, inclusive no Brasil, onde o Sesc é pioneiro. Esse processo foi acelerado, principalmente, a partir dos anos 80, com a criação das faculdades para a terceira idade. Desde então houve uma série de normatizações para essa faixa etária. Em 1994, foi aprovada a lei 8.842, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, uma lei muito boa, que garante cidadania e qualidade de vida. Mas poucos a conhecem, talvez por isso não tenha saído do papel", analisa José Carlos Ferrigno, do Sesc. Da mesma forma, a antropóloga Guita Debert enxerga que a sociedade brasileira demanda a criação de direitos para os mais velhos. "Principalmente os que possuem independência podem usufruir de maneira mais efetiva da cidade, principalmente em São Paulo. Mas para o idoso que depende de outras pessoas no dia-a-dia, o Brasil ainda está completamente despreparado para ampará-lo."

Sem dúvida, a velhice no fim do século 20 apresenta mais estímulos do que há algumas décadas. Essa dinâmica fica evidente quando se dá ouvidos a senhores e senhoras de sessenta, setenta, oitenta anos encenando peças de teatro, tocando violino, cantando em corais. Na maioria das ocasiões, as famílias fazem questão de incentivar as atividades dos pais e avós. Dona Benedita Oliveira Vieira, 82 anos, aluna do coral do Sesc Pompéia, conta que seus 23 netos a estimularam a ir às aulas: "Eles não me acompanham, mas me incentivam." A postulante à cantora não só seguiu suas atividades com o passar dos anos, como também deu um novo vôo na vida amorosa. "Me casei pela segunda vez aos 73 anos de idade. Já fiquei viúva novamente, mas ainda assim acho que estou vivendo a melhor época da minha vida. Agora que já criei todos os filhos, posso fazer tudo o que quero."

Reivindicar mais espaço para os idosos e incentivá-los para que continuem a desfrutar de uma vida prazerosa é, certamente, o caminho para uma sociedade mais justa.

Porém, é preciso tomar cuidado para que "as tais posturas liberais" não desvirtuem e provoquem segregação em vez de integrar. "Exatamente por isso é que nos últimos anos ganhou força a idéia da co-educação. Ou seja, temos que apostar na integração entre as gerações," alerta José Carlos Ferrigno. A antropóloga Guita Debert atenta para outro lado da moeda: "Não dá para dizer que não existe mais preconceito e intolerância contra os idosos. Hoje, há uma obrigação de ser jovem o tempo todo. Há uma idéia de que a velhice é uma doença auto-empreendida, como se a juventude não tivesse nada a ver com a idade biológica e fosse refletida por meio de determinadas atitudes ou de consumos específicos. Essa nova concepção de terceira idade, como um momento propício para novas experiências, pode esconder um certo caráter preconceituoso, pois essa fase não é entendida como a própria velhice, mas sim como uma negação dela."

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