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Obras de Francisco Leopoldo e Silva no Cemitério da Consolação
Definidas como arte tumular, as obras realizadas para fim de adorno e homenagem em túmulos e mausoléus – muitas delas assinadas por grandes nomes da escultura, como Victor Brecheret (1894-1955) e Rodolfo Bernardelli (1852-1931) – transformam os cemitérios em museus a céu aberto. Em São Paulo, no Cemitério da Consolação, é possível encontrar vários exemplos, como as obras do taubateano Francisco Leopoldo e Silva (1879-1948). Em Interrogação (foto), por exemplo, escultura de granito cinza na forma de uma mulher nua sentada, Leopoldo e Silva alude ao drama do advogado Moacyr de Toledo Piza, enterrado onde se situa a peça – na quadra 82, terreno 12/13 – e que se suicidou com um tiro na cabeça dentro de um táxi, em 1923. O ato de desespero se deu logo após Piza ter assassinado a ex-costureira e prostituta, Nenê Romano, com quem havia tido um caso dois anos antes e que passara a rejeitá-lo. “Semirreclinada e pesarosa, [a obra] representa um ponto de interrogação”, escreve o autor e sociólogo José de Souza Martins, no livreto História e Arte no Cemitério da Consolação, editado pela Prefeitura de São Paulo e disponível na internet. Já na rua 30, terreno 17, estão os corpos do também advogado Teodureto de Carvalho e sua esposa, ambos de famílias tradicionais de São Paulo e Minas Gerais. Sobre seus túmulos está a escultura de granito Solitudo, uma “representação da solidão”, na análise do sociólogo.
Gabinte do desenho
Inaugurado no dia 1º de dezembro de 2012, o novo equipamento cultural, que vem integrar o Museu da Cidade de São Paulo, ocupa uma centenária construção localizada na Chácara Lane – na rua da Consolação –, imóvel recém-restaurado sob a coordenação da Divisão de Preservação do Departamento do Patrimônio Histórico. A instituição, dirigida por Vera Toledo Piza, será destinada à exibição de recortes da Coleção de Arte da Cidade, promovendo mostras temporárias e de longa duração, entre outras atividades nas áreas da educação e cultura.
Duas mostras inaugurais ocuparão simultaneamente o local – ambas com curadoria de Agnaldo Farias. A primeira, intitulada Da Seção de Arte ao Prêmio Aquisição: a Gênese do Gabinete do Desenho, fica em cartaz até 21 de abril, no térreo, e expõe obras sobre papel do acervo da Coleção. O recorte ressalta “o ineditismo da formação do primeiro acervo público de arte moderna no Brasil”, segundo informa o site da Secretaria Municipal de Cultura. Participam da coletiva artistas como Anna Bella Geiger, Carmela Gross, Di Cavalcanti (1897-1976) e Jac Leirner.
A segunda exposição, chamada Desenho Esquema Esboço Bosquejo Projeto Debuxo ou o Desenho como Forma de Pensamento, segue até 24 de novembro e ocupa o andar superior. Os trabalhos, que mostram o desenho “além do território conhecido das artes visuais”, são assinados por artistas de outras linguagens, como o cineasta Glauber Rocha (1939-1981), o músico Lívio Tragtenberg, a diretora de arte e cenógrafa Vera Hamburger e o músico e poeta Arnaldo Antunes.
O Gabinete do Desenho fica na rua da Consolação, 1.024, e funciona de terça a domingo, das 9 às 18 horas. Mais informações pelo telefone (11) 3129-3574. A entrada é franca.