Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

Biografia musical

“Augusta, graças a Deus / Entre você e a Angélica / Eu encontrei a Consolação.” Com esses versos bem-humorados sobre três importantes vias da cidade de São Paulo, o cantor e compositor baiano Tom Zé é um dos inúmeros artistas que já homenagearam a metrópole.

Desde o final do século 19, a capital paulista tem sido cantada nos mais variados gêneros e ritmos, do samba à MPB, passando pelo rap, tango, forró, modinhas e valsas. Justamente com o intuito de revelar um panorama histórico de canções inspiradas na Pauliceia, o Sesc Santana apresenta a exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, em cartaz na unidade entre 25 de janeiro e 1° de abril.

“A proposta do projeto é contar a história da cidade de São Paulo por meio de letras e músicas que foram compostas para a capital em pouco mais de cem anos. E nosso objetivo é, sobretudo, passar isso de uma forma lúdica e educativa”, afirma a coordenadora de programação do Sesc Santana, Suzana Garcia.

A mostra é resultado de 22 anos de pesquisa que o jornalista e estudioso da cultura popular Assis Ângelo, curador de Roteiro, dedicou ao tema. Durante todo esse tempo, ele recolheu e catalogou cerca de 3 mil músicas cuja temática está relacionada à cidade de São Paulo. Além de algumas dessas canções, a exposição ainda traz discos raros, fotografias, vídeos, depoimentos e matérias de jornais. “Década a década, temos a possibilidade de acompanhar o crescimento da cidade por meio da quantidade de músicas que foram compostas para a capital”, diz Ângelo.

Logo na entrada da exposição, há uma série de capas de LP’s como Ói Nóis Aqui Tra Veis, d’Os Demônios da Garoa, e Meninos da Rua Paulo, do Ira!. O público também pode conferir aparelhos que vão do gramofone ao MP3 player, que sinalizam as mudanças decorridas no tempo.

No ambiente seguinte, um cardápio apresenta curiosidades relacionadas ao universo musical dedicado aos quatro maiores clubes de futebol sediados na capital paulista: Corinthians, Palmeiras, Portuguesa e São Paulo. O Coringão é o time mais cantado do quarteto: são mais de 120 composições que prestigiam o time do Parque São Jorge.

Duas delas do sambista Adoniran Barbosa, que compôs outras 24 para a cidade de São Paulo. Isso faz dele o segundo artista que mais homenageou a Terra da Garoa. Em primeiro lugar, de acordo com Ângelo, está o cantor e compositor Itamar Assumpção, com 27 canções.

Outra atração do projeto são as 12 cúpulas que trazem fatos sobre a memória musical paulistana. Cada uma dessas instalações representa uma década, entre os anos de 1900 e 2010. Dentro delas, é possível perceber que a história da música brasileira se entrelaça às transformações pelas quais São Paulo passou.

Na abóbada de 1930, destaque para a Revolução Constitucionalista, deflagrada em São Paulo em 9 de julho de 1932. Nessa época, foi feito um estojo com 20 discos para arrecadar fundos em prol do levante paulista, que exigia uma nova Constituição do governo federal.

Na cúpula dos anos de 1960, quando foram lançadas cerca de 150 obras referenciais a Sampa, a Tropicália e a Jovem Guarda mudavam os ares do período, e os festivais davam o tom da efervescência cultural. Por fim, a última década atesta que a metrópole continua a inspirar o cancioneiro paulistano.

O rapper Criolo retrata a cidade em Não Existe Amor em SP, e o grupo Passo Torto gravou a primeira música com referência a uma das estações da linha amarela do metrô: Faria Lima pra Cá. Além da exposição, a programação ainda contempla shows e ?bate-papos. Entre eles, uma conversa com os músicos Arrigo Barnabé e Kiko Dinucci sobre a vanguarda paulistana e a cena musical atual, no dia 22 de março.


“Década a década, temos a possibilidade de acompanhar o crescimento da cidade por meio da quantidade de músicas que foram compostas para a capital”

Assis Ângelo, jornalista e curador da exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, em cartaz no Sesc Santana


Múltiplas Índias

Em cartaz no Sesc Belenzinho, de 25 de fevereiro a 29 de abril, a mostra Índia – Lado a Lado reúne pinturas, esculturas, fotografias e instalações de artistas e coletivos da cena contemporânea indiana, como Sheba Chhachhi e Shilpa Gupta, entre outros. A curadoria é da brasileira residente em Berlim Tereza de Arruda, e o projeto é uma parceria do Sesc São Paulo com o Centro Cultural Banco do Brasil. 

Literatura na TV

Quem sintonizou o canal SescTV em fevereiro pôde conferir mais uma edição do projeto Tertúlia – Encontros de Literatura convertido em programas televisivos. A série ocupou a grade nos dias 6, 13, 20 e 27. Foram discutidas, respectivamente, em cada data, as obras de Hilda Hilst, Nelson Rodrigues e Luís Alfredo Garcia-Rosa, Machado de Assis e João Gilberto Noll, e Inglês de Souza.

De volta à ativa

Formada nos anos de 1980, a banda As Mercenárias é um dos primeiros (e poucos) grupos compostos só por mulheres no cenário pós-punk brasileiro. Algumas de suas músicas são consideradas clássicos do estilo hoje, como Polícia, Me Perco Nesse Tempo e Santa Igreja. A apresentação do dia 17 de fevereiro, ocorrida no Sesc Belenzinho dentro da Série Álbum, projeto permanente da unidade, foi uma boa oportunidade para ver ou rever essas meninas duronas. O show contou com a participação de outra figura clássica do rock brasileiro, Edgard Scandurra.

Abaixo do Equador

O projeto Repertórios Coreográficos do Sesc Ipiranga apresentou, nos dias 28 e 29 de janeiro, o espetáculo Maquina Hamlet Fisted, com texto e direção de Wolfgang Pannek, codiretor da Taanteatro Companhia. A montagem, em que Pannek divide a cena com Maura Baiocchi, mostra Hamlet e Ofélia – personagens tirados da peça Hamlet, de William Shakespeare, escrita entre 1599 e 1601 – no limiar entre a aceitação e a revolta contra as tradições de poder da América do Sul.

Letra e música

A música e a literatura cruzaram o mesmo ponto no projeto Da Letra do Som, realizado pelo Sesc Santo André, em fevereiro. A atividade apresentou espetáculos litero-musicais que contaram com a presença de um escritor e de uma banda. As dobradinhas foram de Emerson Lopes com grupo instrumental Meretrio, no dia 3; de Regina Echeverria com a banda de covers de Cazuza Ideologia, no dia 10; e de Eduardo Alves Barcelona com a banda cover do grupo britânico de heavy metal Iron Maiden The Best Maiden Tribute.

Para ver Glauber

Parte da filmografia de Glauber Rocha foi levada até o Sesc Santo Amaro em janeiro. Na programação, filmes como O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) e o clássico Terra em Transe (1967), ambos exibidos no dia 24. A atividade se encerrou no dia 31 com A Idade da Terra (1980), produção que se dispõe a retratar o país, seu jogo político e as diversas implicações de sua mistura de raças e culturas.

 

“Primeiro de tudo é pura diversão, acho muito legal poder fazer algo com uma banda e me apresentar ao vivo. Dá muito prazer fazer isso”

Kid Vinil em entrevista ao site Portal do Rock (www.portaldorock.com.br). O DJ e radialista lembrou os tempos de músico em apresentação no Sesc Bom Retiro, no dia 25 de janeiro.