Sesc SP

Antigo mecanismo de defesa e ataque, as artes marciais funcionam hoje como mais um caminho na busca pela saúde do corpo e da mente

O olhar sisudo do astro de cinema sino-americano Bruce Lee (1940-1973), que ameaçava os bandidos com os punhos em riste e ao som dos famosos “iáááá”, alimentou – e ainda alimenta – a fantasia de muitos a respeito das artes marciais. Geralmente criadas em países asiáticos, como Japão, China e Coreia – a afro-brasileira capoeira é exceção –, a maioria remonta a séculos de história, misturando cultura e resistência na trajetória de diversos povos.

A braveza de Lee nos filmes de Hollywood, no entanto, não condiz com a filosofia e o espírito que essas práticas transmitem a seus praticantes. Na verdade, as “artes da guerra” privilegiam, acima de tudo, o equilíbrio entre o corpo e o espírito – consideradas, além de exercícios completos, também grandes formas de afastar o estresse do dia-a-dia moderno. O elemento violência não faz mais parte do vocabulário das lutas orientais hoje em dia, e muitas delas migraram para o campo dos esportes, aparecendo até em competições olímpicas, como é o caso do judô. Sendo assim, quem procura aprender e praticar essas lutas está em busca de bem-estar e harmonia, por meio de exercícios que revigoram os músculos e descansam a mente.

Sempre há, claro, aquela intenção, lá no fundo, de se preparar para qualquer “eventualidade” – ou seja, ter mais um instrumento de autodefesa diante de uma situação de risco –, mas o fato é que, de marcial, cada uma dessas técnicas conservou apenas o nome, e pode ser praticada por diferentes perfis de pessoas, não importando, inclusive, a idade do praticante. “As artes marciais procuram desenvolver a mente e o corpo e estimulam a concentração, o equilíbrio, a disciplina e o autocontrole, além da filosofia e sua história”, explica Ivani Gama, assistente da Gerência de Desenvolvimento Físico e Esportivo (GDFE) do Sesc São Paulo, que oferece cursos e vivências de diversas dessas lutas em suas unidades (na foto à esquerda, Tae Kwon Do).

“Os alunos são das mais diversas faixas etárias: adultos, adolescentes, crianças e idosos, em geral pessoas que procuram nas artes marciais o contato com novos conhecimentos.” Ivani explica ainda que a proposta do Sesc ao oferecer essas atividades está baseada na “compreensão da prática física e do esporte no seu conceito mais amplo”, o que envolve difundir informações sobre seu aspecto cultural e comportamental, colaborando para a melhoria da qualidade de vida. “Dessa forma, é importante ressaltar a prática de atividade física como meio de educação sociocultural, e a programação [do Sesc] desenvolve propostas que valorizam a vivência, o espetáculo e o desenvolvimento da cultura esportiva.”

Práticas do bem

Confira a história e as características de algumas lutas que podem ser encontradas nas unidades do Sesc

Aikido
História – Arte marcial criada no Japão na década de 1920 pelo mestre Morihei Ueshiba (1883-1969), a quem os praticantes chamavam de ô-sensei (grande mestre) ou fundador.
Características – O Aikido é uma das práticas marciais orientais mais espiritualizadas e não tem competições. A técnica e o treino focam-se nos movimentos de defesa e procuram desenvolver sentimentos de fraternidade e cooperação.
Unidades do Sesc onde há vivências, apresentações ou bate-papos – Santana e Vila Mariana

Sumô
História – Inspirado na briga dos ursos da ilha de Hokkaido, no Japão, os combates de Sumô existem há mais de dois mil anos. No Brasil, a modalidade foi trazida pelos imigrantes japoneses no início do século 20, e o primeiro campeonato por aqui se deu no interior paulista, na colônia de Guatapará, em 1914.
Características – A luta de competição é praticada por dois atletas, os rikishis, que a travam em um ringue circular chamado dohyo. Perde quem tocar o chão com qualquer parte do corpo ou pisar fora do ringue.
Unidade do Sesc onde há vivências, apresentações ou bate-papos – Santana

Tae kwon-do
História – Essa arte marcial milenar coreana nasceu da fusão de dois outros estilos de luta, o Hawrang-Do e o Taekkyun, criando assim o “tae”, que significa saltar, “voar” e esmagar com o pé; o “kwon”, que quer dizer bater e destruir com a mão; e o “do”, caminho, meio, via e método.
Características – O Taekwon-do é composto de diferentes etapas técnicas, com golpes de ataque e defesa combinados e movimentos sequenciados.
Unidade do Sesc onde há cursos regulares, vivências, apresentações ou bate-papos – Santana, Itaquera e Pompeia

Judô
História – A luta, cujo nome significa “caminho suave”, surgiu no Japão no ano de 1882, e tem como principais objetivos fortalecer o físico, a mente e o espírito.
Características – A técnica consiste basicamente em usar a força e o peso do oponente contra ele mesmo. As lutas se dão sobre um tatame e duram até 5 minutos. Vence quem conquistar primeiro o ippon, ou seja, derrubar o adversário, imobilizando-o com as costas ou ombros durante 30 segundos.
Unidade do Sesc onde há cursos regulares, vivências, apresentações ou bate-papos – Santana e Interlagos

Capoeira
História – A origem da capoeira data da época da escravidão no Brasil, quando os negros desenvolveram uma forma de luta e resistência.
Características – Para jogar a capoeira é preciso ter ritmo, já que os movimentos são marcados pelo som do atabaque, do agogô e do famoso berimbau. A partir dessa ginga, dois jogadores vão executando seus movimentos de “ataque”, defesa e esquiva, simulando uma luta.
Unidade do Sesc onde há vivências, apresentações ou bate-papos – Interlagos

Kung Fu
História – Surgida na China há mais de 2 mil anos, a luta foi inspirada nos movimentos dos animais. No Brasil, Kung fu é praticado desde a década de 1960.
Características – A prática exercita todas as partes do corpo. Seus movimentos, os chamados katis, misturam sequências que utilizam mãos e pernas.
Unidade do Sesc onde há vivências, apresentações ou bate-papos – Santana e Itaquera

Tai chi chuan
História – A prática, que apesar de seus movimentos leves e graciosos é uma arte marcial, surgiu no norte da China no ano 1000 a.C.
Características – Segundo o livro Clássicos do Tai Chi: Tradução e Comentários, de Way Sun Liao (Editora Pensamento, 1990), o Tai chi chuan consiste em vencer o movimento por meio da quietude, a dureza por meio da suavidade e o rápido por meio do lento.
Unidade do Sesc onde há vivências, apresentações ou bate-papos – Avenida Paulista e Vila Mariana

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Fonte: http://super.abril.com.br