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Aos seus pés

 

Terraços de arranha-céus, mirantes e outros pontos altos de São Paulo são locais privilegiados para desvendar a metrópole e reservam surpresas de encher os olhos

Apesar de, aqui e ali, ainda restarem algumas “ilhas” de sua nativa mata atlântica, a cidade de São Paulo não é conhecida por suas belezas naturais – sobretudo, quando comparada a capitais-paraíso como Rio de Janeiro, Florianópolis e Natal. Mas, felizmente, a beleza possui diversas formas, e, para os mais atentos, a metrópole reserva locais, prédios e monumentos dignos do olhar admirado de qualquer turista – e, claro, de qualquer cidadão. O Centro antigo, o Parque do Ibirapuera, a frenética Avenida Paulista – pontuada por preciosidades artísticas e arquitetônicas como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) – são alguns dos mais famosos. No entanto, há muito mais. Às vezes esses espaços ficam escondidos em meio à paisagem sem horizonte formada pelo conglomerado de prédios. E quando as coisas se tumultuam ao nível do solo, qual a saída para ter uma visão melhor? Olhar tudo de cima. Nesse ponto, São Paulo se destaca, tanto geograficamente, já que a cidade está localizada a 750 metros acima do nível do mar, quanto arquitetonicamente – basta levantar os olhos e ver os espigões paulistanos arranhando o céu. A boa notícia é que alguns desses mirantes são abertos ao público. A vista é maravilhosa e o programa, de encher os olhos de qualquer um.

Da arquitetura

Um dos pontos mais conhecidos para observar São Paulo é a torre do edifício Altino Arantes, na região central, conhecido dos paulistanos como prédio do Banespa, embora seja, desde 2000, a sede do Santander Cultural São Paulo. Com 161,22 metros de altura, o prédio, cuja construção foi inspirada no famoso Empire State Building, de Nova York – onde moradores e visitantes também têm uma visão panorâmica da cidade –, é o terceiro edifício mais alto da capital paulista em número de andares. No entanto, a localização também o destaca. “Graças à topografia do lugar onde foi erguido, ainda hoje pode ser considerado o primeiro”, afirma a museóloga do Santander Cultural, Adriana Maria Pichotano Athaíde. A torre oferece visão de 360 graus e, de lá, é possível enxergar pontos a um raio de até 40 quilômetros – em outras palavras, dá para ver o Pico do Jaraguá, os prédios da Avenida Paulista e até a Serra do Mar.

Também bastante visitado, o sofisticado Edifício Itália, no Centro, possui um restaurante, o Terraço Itália – nos 41º e 42º andares (a 165 metros de altura) –, de onde se admira São Paulo aos nossos pés. Inaugurado em 1967, dois anos após a abertura do Edifício, o Terraço possui todas as paredes de vidro – ou seja, entre uma garfada e outra, é possível se deleitar espiando a cidade. Mas a melhor parte é que não é preciso comer para ver. “O local é aberto também para visitação todos os dias”, garante a assistente de marketing do restaurante, Denise Ambrósio de Mauro.

Ainda entre os edifícios que permitem uma visão privilegiada da cidade está o famoso Copan, um dos cartões postais de São Paulo. Do 38º andar do prédio, é possível avistar a avenida Paulista, todo o centro antigo, parte da Zona Leste e, se o dia ajudar, até o Pico do Jaraguá. Só fique atento porque as visitas necessitam da autorização do síndico.

Da natureza

Por outro lado, não é preciso frequentar restaurantes panorâmicos para desfrutar de uma boa vista. O Pico do Jaraguá, na Zona Oeste, é gratuito e oferece também um contato com a natureza que os paulistanos dificilmente têm a chance de experimentar. Segundo informações da Secretaria de Turismo de São Paulo, trata-se do ponto mais alto da cidade, com 1.135 metros de altura, e faz parte do Parque Estadual do Jaraguá, uma área de 4,8 mil hectares de mata atlântica, com acesso para carros. No entanto, quem deseja ter uma visão de camarote precisa ter fôlego: para chegar ao topo é preciso ir a pé, em uma caminhada de 1.800 metros pela Trilha do Pai Zé. “Metade do percurso é realizado dentro da mata e, no final, por um caminho de cascalho”, explica Patrícia Ferreira, uma das monitoras do parque. Ela avisa: “É indicado para quem tem um bom preparo físico”. No parque, há mais duas trilhas e dois mirantes: um deles, localizado na parte baixa, garante ao visitante uma visão privilegiada das zonas norte e oeste de São Paulo. “No outro, que fica na parte alta, dá para avistar lugares como a Serra do Mar, o morro do Japi e, se o tempo estiver limpo, a Rodovia Anhanguera”, diz Patrícia.

Outro pedaço de mata atlântica é o Mirante da Pedra Grande, na Zona Norte da capital, a 1.010 metros de altura, de acordo com o guia Fique em São Paulo no Fim de Semana (PubliFolha, 2001). “Quando o clima permite, dá para avistar o Pico do Jaraguá, toda a cidade e, em dias bem claros, a Serra do Mar”, garante Thomas Peter Geisendorf, proprietário da Ecoturismo Brasil, empresa que faz visitas monitoradas ao local. O ponto de observação faz parte do chamado caminho da Pedra Grande, uma das trilhas disponíveis à visitação pública que compõem o Núcleo Pedra Grande, parte, por sua vez, do Parque Estadual da Cantareira.

Mirantes

Também naturais, mas ao mesmo tempo mais urbanas, as praças Amadeu Decome, no bairro da Lapa, e a Coronel Custódio, no Alto de Pinheiros, ambas na Zona Oeste, são duas outras boas dicas. A primeira, conhecida como Mirante da Lapa, não aparece nos guias para turistas, mas foi conferida pela reportagem e, garantimos, vale a visita. O local é frequentado pelos moradores, principalmente nos dias de sol e calor, e oferece, além da vista (não tão espetacular, mas prazerosa), uma sensação boa de estar aproveitando a cidade. Já a segunda é mais famosa e conhecida pelo apropriado “apelido” de praça do pôr-do-sol – de fato, observar o dia terminar ali é um bálsamo para olhos cansados de tanto cinza e concreto. “A vista de lá é espetacular”, confirma a paisagista Cecília Pimenta, diretora da Sociedade Amigos de Alto de Pinheiros (Saap). “Consegue-se ver a Universidade de São Paulo, a Marginal Pinheiros e o Pico do Jaraguá.” Além de apreciar o crepúsculo, os assíduos visitantes do local também ocupam o gramado com muito lazer e atividade física. “As pessoas costumam fazer ioga e meditação, outras vão lá até para se bronzear”, diz Cecília.

Já na Zona Norte de São Paulo, no bairro de Jardim São Paulo, fica outro ponto alto da cidade: a Praça Vaz Guaçu, ou Mirante de Santana. Com 792 metros de altura e, dada a sua localização, o local foi escolhido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para abrigar uma de suas estações de observação meteorológica. Mesmo sendo conhecido mais pelos moradores da região, o lugar merece entrar na lista dos altos de São Paulo.  De lá, é possível ver parte da região – e até a Avenida Paulista, quando as nuvens não atrapalham. Dica: o ponto mais alto da praça é a área ocupada pelo Inmet, mas para ver a cidade de lá é preciso autorização prévia.

Confira mais informações sobre preços e horários no Saiba mais.

 

Mais um para a turma 

Apreciar o pôr-do-sol de um dos pontos mais altos da cidade é a estrela do novo espaço da unidade provisória Avenida Paulista

Inaugurada em janeiro de 2007, a comedoria da unidade provisória Avenida Paulista é mais um espaço privilegiado para descortinar São Paulo.


O local ocupa a cobertura do prédio de 15 andares e possui um espaço de convivência com mesas ao ar livre e um salão, no qual o usuário pode relaxar, ler jornais e revistas, ou simplesmente admirar a vista de toda a extensão da avenida mais famosa da cidade (foto) – com o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Parque Tenente Siqueira Campos, o Trianon. De lá, é possível avistar ainda os edifícios Itália e Altino Arantes – ainda conhecido dos paulistanos como prédio do Banespa – e a Catedral da Sé, todos na região central da capital.

Entre 12 de janeiro e 28 de fevereiro, a experiência será incrementada com o projeto São Paulo à Vista, que, de terça-feira a domingo, das 15h às 20h, vai disponibilizar aos visitantes três lunetas e um guia ilustrado com informações dos lugares que podem ser observados. A ideia é animar o novo espaço com programações especiais criadas pela equipe de técnicos da unidade. Em janeiro, por exemplo, aconteceu o Noites de Choro e Jazz, um happy hour com música de primeira, drinques e petiscos. “Buscamos valorizar ainda mais um espaço que já tem ótima circulação e que se transformou em um ponto de encontro para o público que frequenta a unidade por conta dos espetáculos, exposições e demais atividades que promovemos”, afirma Lígia Morelli, técnica da área de música da unidade provisória Avenida Paulista. A nova comedoria foi incluída no roteiro do já tradicional passeio de um dia Altos de São Paulo, realizado pelo Sesc desde 1999 – hoje sob responsabilidade do Sesc Avenida Paulista. Os passeios são feitos de ônibus, começam às 13h e terminam às 19h, e contam com a orientação de um guia especializado.

E vale lembrar, claro, que uma das maiores atrações do espaço é o pôr-do-sol – há até uma lista, no hall de entrada do prédio, que mostra a hora exata do crepúsculo em todos os dias do mês.

 

Saiba mais

Edifício Altino Arantes (foto) – Rua João Bricola, 24, Centro, (11) 3249-7466. O local está aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, com entrada gratuita.

Terraço Itália (Edifício Itália) – Avenida Ipiranga, 344, Centro, (11) 2189-2999. O restaurante funciona de segunda a quinta-feira, das 12h às 24h, às sextas e sábados, das 12h à 1h, e aos domingos das 12h às 23h. Os horários de visitação são os mesmos, porém, a entrada é gratuita apenas de segunda a sexta-feira, entre as 15h e as 16h. Fora desse período, é cobrada uma taxa de 15 reais por pessoa.

Edifício Copan – Avenida Ipiranga, 200, Centro, (11) 3259-5917. Não há horários definidos, já que a visita é feita mediante autorização do síndico. Os agendamentos também podem ser feitos pelo e-mail copansp@uol.com.br.

Parque Estadual do Jaraguá (Pico do Jaraguá) – Rua Antonio Cardoso Nogueira, 539, Jaraguá, (11) 3941-2162 e 3943-5222. Funciona todos os dias das 7h às 17h. Passeios monitorados são realizados de segunda a sexta-feira e devem ser agendados com antecedência.

Núcleo Pedra Grande (Parque Estadual da Cantareira) – Rua do Horto, 931, Tremembé, (11) 6231-8555. A Pedra Grande, um dos pontos que pertencem ao núcleo, pode ser visitada aos sábados, domingos e feriados, das 8h às 17h (exceto em dias de chuva). O ingresso custa R$ 2, e menores de 10 anos e maiores de 60 anos não pagam. Durante as férias, o funcionamento será de terça a domingo.

Praça Coronel Custódio Fernandes Pinheiro (praça do pôr-do-sol) – Entre a avenida Diógenes Ribeiro de Lima, na altura do número 480, e a rua Desembargador Ferreira França, na altura do 270, Alto de Pinheiros.

Praça Vaz Guaçu (Mirante de Santana) – Entre as ruas Condessa Siciliano, na altura do número 350, Damião Simões, na altura do 250, e Pero Leme, perto do número 100, Jardim São Paulo (próximo à estação Jardim São Paulo do Metrô). Para visitar a área pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é preciso autorização.

Praça Amadeu Decome (Mirante da Lapa) – Avenida Cerro Corá, esquina com a rua Heitor Penteado, Alto da Lapa.