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Sempre se afirmou que o Brasil é um país sem memória, capaz de apagar ou de esquecer fatos fundamentais de sua trajetória. Mas a matéria de capa desta edição flagra uma tendência enunciada nos dois últimos anos: a historiografia brasileira passa por um período de extensa produção, refocalizando assuntos, requestionando verdades antes absolutas da nossa história oficial.

A historiografia brasileira ocupa no cenário intelectual o espaço antes preenchido, ao longo das quatro últimas décadas, pelas ciências sociais. Afinal, são livros de história que hoje chegam, inclusive, a ocupar a lista dos mais vendidos nas livrarias.

Além de constatar essa tendência, a matéria de capa entrevista muitos dos autores que fazem parte desse movimento para descobrir como seus livros foram realizados e em quais condições ocorreram suas pesquisas. Quase um making off da historiografia brasileira recente, percebe-se como a maior parte dos autores é movida por garra, interesse e muita criatividade ao agarrar com as mãos firmes um campo do conhecimento até então pouco valorizado entre os brasileiros.

Talvez muito do desinteresse se devesse a um tipo de historiografia realizada sem o necessário trabalho de campo e sem uma investigação que hoje não poupa viagens, longas permanências em bibliotecas distantes e a consulta a formas inusitadas de documentação. O resultado, em geral, tem sido saudado pelo público, colocando esses títulos entre os mais disputados nas livrarias. É o caso, por exemplo, de Evaldo Cabral de Melo, irmão do poeta João Cabral, ambos diplomatas, que ocupa um posto de destaque entre nossos intelectuais, com teses polêmicas sobre o Nordeste brasileiro e a presença dos holandeses, contrariando tudo o que até agora se ensinava nos bancos escolares.

O fato de a historiografia ocupar no momento lugar na ribalta do interesse intelectual talvez seja uma pista para se afirmar que o Brasil, enfim, busca o Brasil - e de maneira saudável, através dos livros - à beira dos 500 anos de sua descoberta.

Ainda nesta edição, o Projeto Mesa São Paulo, agraciado com o Prêmio Eco, distinção dada pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, mostrando como a solidariedade salva vidas entre os paulistanos.

Em outras matérias, os projetos envolvendo teatro, música e educação, quando se percebe a importância da cultura aliada à pedagogia na vida das pessoas.

No Em Pauta, a discussão sobre os complexos vitamínicos usados pelos desportistas e, na Entrevista, o sociólogo Domenico De Masi.


Boa leitura.



Danilo Santos de Miranda
Diretor do Depto. Regional do SESC