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REVISTA E - PORTAL SESCSP



Esportes de aventura adaptados a situações pouco adversas atraem número cada vez maior de interessados em uma dose de adrenalina

 

Já imaginou sentir aquele frio na barriga por uma escalada sem se preocupar se vai despencar uma tempestade sobre sua cabeça? Ou percorrer uma agitada trilha de bicicleta com a emoção e a paisagem garantidas, mas afastando certas surpresas indesejáveis? Pois é, isso não só é possível como tem atraído cada vez mais pessoas de todas as idades. Os novos adeptos encontram numa versão mais light dos esportes de aventura as condições perfeitas para sentir os efeitos da adrenalina (veja quadro Adrenalina pura!) - mesmo não tendo um perfil muito habituado ao risco. Um dos principais argumentos dos que procuram essas atividades é sair da rotina. É o que conta a estudante Bruna Rodrigues, de 20 anos: "Morar em uma cidade caótica como São Paulo me fez procurar alternativas para relaxar e entrar em contato com a natureza. Foi assim que comecei a praticar essas atividades". A jovem sempre conta com a companhia dos pais nessas ocasiões. "Eles ficam um tanto quanto inseguros, mas sempre disseram que esse tipo de atividade era importante para mim." Bruna aconselha os iniciantes a começar fazendo pequenas trilhas a pé."Depois, com o tempo, a pessoa pode reunir um grupo de amigos para praticar junto com ela. Cada aventura dessas é uma experiência nova e marcante."

 

Na terra, na água e ao ar livre
Liberdade e emoção. Essas são duas das características dos esportes de aventura que não se perderam com a adaptação a locais de maior controle - como um parque em que as condições ofereçam baixo grau de risco.
Seja em academias ou mesmo em parques de diversão - que têm apostado em atrações do tipo para incrementar a visita dos freqüentadores -, as opções se diversificam cada vez mais. E, para que o praticante tenha a sensação mais real possível, às vezes até a tecnologia entra em cena. Um exemplo é o ciclismo indoor, uma espécie de passeio de bicicleta virtual. "É exibido em um telão o trecho que será percorrido", explica Caio Correia, instrutor de uma academia em São Paulo que oferece a modalidade. "Os alunos pedalam de frente para essas imagens e passam pelas mesmas dificuldades que teriam se estivessem no lugar real." As aulas possuem diferentes níveis. A intensidade com a qual o aluno tem de pedalar e até os terrenos que ele irá "percorrer" variam de acordo com o nível escolhido e com o programa estabelecido pelo professor. "Por exemplo, se o coordenador estabelecer como meta um nível que corresponda a um passeio na Serra do Mar, ele desenvolve uma planilha de treinamento com duração de dois a quatro meses", conta Correia. "Essa planilha é composta de um treinamento específico para que os alunos consigam fazer o passeio."
Não é só na terra que essas simulações e adaptações são possíveis. O professor de educação física Marcelo Lopes desde 2005 ministra aulas nas quais o grupo de alunos pode experimentar o que sentem os nadadores que percorrem o Canal da Mancha, trajeto de 34 quilômetros entre a cidade de Dover, na Inglaterra, e Calais, na França. Só que tudo dentro da piscina. "As pessoas que procuram essas aulas não estão interessadas no lado competitivo dessas práticas", conta Lopes. "O que elas querem, além de melhorar seu condicionamento físico, é a ludicidade de fazer algo que os grandes atletas fazem." Tudo é feito respeitando-se os limites de cada aluno e, além dos benefícios à saúde, as aulas, segundo Lopes, preparam os praticantes para situações reais adversas, como nadar contra o vento ou contra uma correnteza.
Outra modalidade dos esportes de aventura que ganhou versão controlada foi a escalada. Com o nome de escalada indoor - "interior" em inglês, mas que na verdade refere-se mais ao fato de não ser feita em contato com a natureza, em montanhas, por exemplo -, a prática é realizada em paredões construídos em locais abertos ou fechados. Geralmente encontrado em academias ou clubes especializados, esse tipo de escalada tem como uma de suas características a capacidade de ser adaptada a todo tipo de pessoa. Por exemplo, enquanto o aspirante a aventureiro escala, uma outra pessoa fica lá embaixo segurando a corda e mantendo-a esticada - ou seja, quem cansa no meio do caminho tem a garantia de que não irá simplesmente despencar lá de cima. A modalidade é ótima opção tanto para quem quer se iniciar no mundo dos "homens-aranha" quanto para quem só está a fim de experimentar um pouco o que esses atletas sentem nas alturas.


Vale ressaltar que não é necessário encarar o ambiente de uma academia para encontrar versões adaptadas dos esportes de aventura ou condições mais controladas para praticá-los. Muitos lugares - abertos e públicos - já oferecem oportunidade para qualquer um brincar de aventureiro com segurança. Como as trilhas a pé, que podem ser feitas no Parque Guarapiranga, na Zona Sul de São Paulo. O local é constituído basicamente por um bosque situado às margens da Represa de Guarapiranga e dá aquela sensação de natureza, mesmo se estando a poucos quilômetros da capital. O Parque da Juventude, Zona Norte de São Paulo, é outro exemplo. Lá a pedida é o arborismo, circuito de obstáculos entre plataformas montadas nas copas das árvores. A atividade é realizada numa área de 16 mil metros quadrados, em um bosque que preserva ainda algumas espécies remanescentes de mata atlântica. Monitores especializados em atividades de turismo de aventura acompanham os visitantes desde o solo até o alto das copas das árvores. A prática é voltada para adultos e crianças acima de 12 anos.


Ver boxes:

Passeio Esporte Clube
Adrenalina pura!


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


"Passeio Esporte Clube"

Unidades do Sesc oferecem algumas modalidades para quem busca emoção, mas não abre mão da segurança

 

Das atividades ligadas ao esporte de aventura - em sua versão light - oferecidas pela programação de todas as unidades do Sesc, duas permanentes do Sesc Ipiranga já encontraram lugar cativo na agenda dos interessados nesse tipo de prática: o Clube da Caminhada e o Clube do Pedal. Criado em 1993, o Clube da Caminhada reúne grupos de pessoas de diversas idades para percursos dentro e fora da cidade de São Paulo. Entre os locais visitados, estão o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro; os Picos do Chapéu do Bispo, dos Marins e do Lobo, todos em Minas Gerais; e a Garganta do Gigante e a Trilha do Jaguareguava, em São Paulo.
Para quem prefere as bikes, o Clube do Pedal, criado em 1997, também oferece diversos destinos voltados para o lazer e a aventura. Os percursos são os mais variados, sempre divididos em nível leve, médio e intenso. A Trilha do Cuscuzeiro, na cidade de Analândia, interior de São Paulo, e a Trilha Nkaku-Ji, em Itapecerica da Serra, estão entre os roteiros oferecidos. Confira no Em Cartaz as próximas atividades dos clubes e as demais atividades das unidades ligadas ao tema.

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Adrenalina pura!
Muito falado, mas pouco explicado, esse hormônio deixa o corpo em ponto de bala

Secretada pelas glândulas supra-renais, localizadas acima dos rins, a adrenalina é uma espécie de resposta do organismo a uma situação de estresse, tanto físico quanto psicológico. Nesses momentos, as supra-renais liberam quantidades abundantes desse hormônio, deixando todo o corpo em estado de alerta, preparado para uma reação, uma fuga, por exemplo. Ela estimula o coração, eleva a tensão arterial, relaxa certos músculos e contrai outros. Quando é lançada na corrente sanguínea, aumenta a freqüência dos batimentos cardíacos e o volume de sangue por batimento, além de elevar o nível de açúcar no sangue, diminuir o fluxo sanguíneo nos vasos e no sistema intestinal. Ao mesmo tempo, aumenta esse mesmo fluxo nos músculos das pernas e dos braços. Ou seja, é responsável por uma verdadeira revolução interna. "No caso dos esportes de aventura, a adrenalina está ligada diretamente ao medo", explica a psicóloga Fabiana Benetti, referindo-se àquele frio na barriga que sentimos ao praticar algumas dessas peripécias - ainda que em suas versões menos radicais.

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