Sesc SP

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Dossiê

Olhar multifacetado
O CineSesc foi uma das salas exibidoras do 8º Festival de Cinema Judaico de São Paulo, realizado durante o mês de agosto. Composta de filmes e documentários sobre a cultura judaica vista sob diversos pontos de vista, a mostra trouxe produções selecionadas em festivais internacionais, inéditas no circuito comercial. Entre os títulos, Este Ano em Czernowitz (Alemanha, 2004), Um Mundo Quase Pacífico (França, 2002), Passagem Secreta (Reino Unido, 2001), The Hebrew Hammer (Estados Unidos, 2003) e Deus É Grande, Eu Não (França, 2002) - que aparece na foto.

Prêmio Abrinq 2004
No dia 4 de agosto foi realizada no Sesc Vila Mariana a cerimônia de entrega do Prêmio Criança da Fundação Abrinq, entidade criada em 1989 para incentivar instituições que lutam pela melhoria da qualidade de vida das crianças. Foram 15 iniciativas selecionadas e quatro premiadas. “Se todos fizermos nossa parte, este País dá muito certo”, disse José Luiz Esteves, coordenador do programa Formação em Serviço para Educadores Infantis das Associações Comunitárias Rurais do Vale do Jequitinhonha (MG), vencedor da categoria Educação Infantil.

Qual é a nossa cara?
Em agosto, o Sesc Paulista levou ao público a exposição A Cara do Amanhã, do fotógrafo Mike Mike. Nascido em Cape Town, na África do Sul, Mike cresceu em meio ao apartheid e morou em quatro continentes. Hoje, vive entre Sydney, na Austrália, e Istambul, na Turquia. A convivência com diferentes etnias o fez refletir sobre a identidade do ser humano. O fotógrafo sintetizou essa experiência no novo trabalho, que traz fisionomias mescladas por computador na tentativa de encontrar a imagem que melhor representaria o homem ou a mulher de cada região.

3Hype - Música Eletrônica
O Sesc Pompéia realizou a terceira edição da mostra de música eletrônica Hype, apresentando diversos estilos do gênero. Foram quatro noites dedicadas ao que de mais atual se produz na Europa e na América Latina. Estiveram presentes os alemães Cobra Killer (foto) e Le Hammond Inferno, os mexicanos do projeto Panoptica e os brasileiros Marky, XRS e Loop B. A programação contou ainda com uma mostra de “instalações sonoras”, com obras de Chelpa Ferro (RJ), O Grivo (MG) e Ruggero Ruschioni (SP).

Sempre Demônios
Dia 27 aconteceu no Sesc Vila Mariana o show de lançamento do CD Demônios da Garoa 60 Anos, gravado ao vivo no final de 2003, no teatro do Sesc Pompéia. O disco traz músicas inéditas e clássicos como Trem das Onze, Saudosa Maloca, Tiro ao Álvaro e Samba do Arnesto, pequena amostra das músicas de Adoniran Barbosa que fazem parte do repertório do grupo. O primeiro disco saiu em 1950 e desde então foram mais de 20 LPs e CDs, entre coletâneas, lançamentos e regravações. Em 1994, o conjunto foi reconhecido pelo Guinness Book of Records como o grupo mais antigo em atividade no mundo.

“Não há parâmetros de quem é um bom ou mau escritor. Vivemos todos numa falsa ilusão. É um mercado hipócrita”
Marcelo Rubens Paiva, escritor, participou do projeto Horizontes Literários, no Sesc Carmo

Esta moçada tem dado valor ao samba, faz coisas muito bonitas, inteligentes. O samba de raiz dá origem a tudo, sem ele não conseguiriam nada, ele está em primeiro lugar”
Dona Ivone Lara, sambista, apresentou-se em agosto no Sesc Pompéia

Peter Brook no Brasil
Pela segunda vez, o Sesc São Paulo trouxe ao Brasil uma montagem do renomado diretor de teatro inglês Peter Brook. A primeira passagem dele foi em 2002, quando levou ao teatro do Sesc Vila Mariana o espetáculo Hamlet, de William Shakespeare. Agora o público assistiu no mesmo teatro - nos dias 17, 18, 19 e 20 de agosto - a Tierno Bokar, sua mais recente produção. A peça narra as disputas provocadas por etnias do norte da África que divergiam sobre o número de vezes, 11 ou 12, que uma prece islâmica deveria ser repetida. Durante entrevista coletiva, o diretor explicou que o continente africano o atrai desde que fundou o Centro Internacional de Pesquisa, em 1971, na França: “Esse grande continente não é absolutamente conhecido, exceto por meio de estereótipos. O Brasil não é apenas o país do samba. Do mesmo modo, a África não é apenas um lugar de negros, batuque e aids. Até hoje não há respeito pela elevada cultura africana. O negro é visto ora como o violento primitivo, ora como o alegre simplório”. Peter Brook também é autor de livros sobre teatro, filmes e diretor de óperas. Durante o tempo em que ficou no País, visitou unidades do Centro de Educação Unificado (CEU), em São Paulo, e participou de um encontro com atores no Sesc Vila Mariana. Ele esteve ainda na capital mineira, participando da sétima edição do Festival Internacional de Belo Horizonte.

“Nesta peça falamos com muita prudência de um assunto muito explosivo hoje em dia: religião. Mas o teatro está aí para isso mesmo, para contar histórias”
Peter Brook, dramaturgo inglês em entrevista coletiva sobre o espetáculo Tierno Bokar, apresentado no Sesc Vila Mariana

Imagem e história
Morreu no dia 27 de julho de 2004 o fotógrafo Francisco José Freire Barroso, o Paquito, que dedicou sua vida a registrar imagens. Ao longo dos anos, foram espetáculos teatrais, shows de música, exposições, eventos, inaugurações e diversas outras ocasiões clicadas pelo olhar do homem que contribuiu para transformar iniciativas e fatos em história. Paquito colaborou com o Sesc São Paulo por mais de trinta anos, tornando-se responsável pela documentação de décadas de atividades da instituição.

Macbeth minimalista
Escrita em 1606, a história do general escocês que se tornou rei atravessa os séculos, comprovando, montagem após montagem, o talento do inglês William Shakespeare e sua atemporalidade. A mais recente releitura de Macbeth esteve em cartaz durante o mês de agosto no Sesc Belenzinho, numa adaptação de Stephane Brodt e Ana Teixeira - que também dirigiu o espetáculo. Desta vez, optou-se por eliminar parte dos 30 personagens originalmente criados e dar mais peso aos papéis centrais, o que levou à experiência de um palco praticamente vazio.

“Eu li este texto e achei esquisitíssimo. Pensei: ‘Será que ela quer contar esta história mesmo de clonagem?’. Fui lendo e entendendo que ela fala dessa coisa terrível de não suportar a diferença do outro. Nós não suportamos a diversidade”
Bete Coelho, diretora de Um Número, peça que esteve em cartaz no Sesc Belenzinho durante o mês de agosto