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Tecnologia e emprego


José Luiz Ricca

Ao colocar a roda em pé e fazê-la girar há mais de 3 mil anos, o homem realizava uma enorme revolução tecnológica. Desde então, o conhecimento e a sabedoria da humanidade vêm se desenvolvendo por meio de processos complexos. A evolução está marcada por descobertas e novas tecnologias que, muitas vezes, parecem dar saltos que caracterizam momentos de ruptura, marcando mudanças profundas no chamado estágio das artes de determinada época.

Enormes transformações ocorreram a partir da revolução comercial que as descobertas dos novos mundos permitiram. A máquina a vapor marcou importante ruptura na evolução da humanidade, dando início ao que ficou conhecido como era industrial, na qual vivemos nos últimos dois séculos.

Atualmente estamos em meio a outra grande transformação tecnológica que está fazendo uma nova e grande mudança no mundo. Não mais se fala da globalização territorial, própria da era da expansão comercial, mas sim da globalização da informação, permitida pela microeletrônica e pelos avanços das comunicações, que têm imprimido uma velocidade de tal ordem aos fatos e acontecimentos com os quais convivemos que sabemos imediatamente o que acontece em todos os pontos da Terra e até fora dela.

Se analisarmos cada fase desta evolução veremos que ocorreram transformações segundo as características tecnológicas do momento. O que sabemos, sentimos e vivemos hoje são os efeitos de um novo momento de progresso com mudanças de patamar de desenvolvimento. Estamos retomando uma nova era, na qual o trabalho começa a sofrer também uma transformação, já que no futuro ele não será mais o mesmo destes 200 anos da chamada Revolução Industrial.

Considerando este quadro, a Secretaria Estadual de Emprego e Relações de Trabalho (SERT) criou o programa Aprendendo a Aprender, cuja filosofia está refletida no próprio título. Precisamos desenvolver técnicas para aprendermos a aprender, pois o que caracteriza esta nova era é a velocidade das mudanças e da evolução tecnológica, que nos cobra capacidade e rapidez cada vez maiores no intercâmbio de informação.

O programa conta com a parceria de trabalhadores, empresários, sociedade civil e entidades de formação que, em conjunto, participam deste desafio, através de três projetos que o compõem, com o objetivo de preparar todos os atores para enfrentar esse novo mundo.

O projeto Observatório Permanente de Situações de Emprego e Formação Profissional procura vislumbrar cenários das demandas futuras de trabalho e desenhar as necessidades de qualificações e capacidades que serão requeridas do trabalhador no futuro. O projeto Habilidades Básicas e Específicas busca desenvolver metodologias de ensino para adultos, de forma a acelerar o conhecimento formal e profissional, sempre objetivando dar uma visão cidadã das novas formas de trabalhar o presente e o futuro dos profissionais. Finalmente, o projeto Centro Público Experimental de Formação Profissional testa novas metodologias voltadas ao trabalho do futuro, estabelecendo protótipos modulares de formação que, disseminados, poderão ser utilizados por toda a sociedade, especialmente pelas entidades de formação públicas e privadas.

A característica de serem públicos e não-governamentais garante aos projetos dimensão participativa e geradora de conhecimentos compartilhados, que possam responder às exigências do novo universo do trabalho, no qual o conhecimento é peça-chave.

As novas relações entre trabalhadores, empreendedores, detentores de capital, acionistas, governos, meio ambiente, cadeias produtivas, prestadores de serviços e outras formas de trabalho estão sendo redesenhadas. Elas incorporam a experiência do passado, mas algo novo, e que foge à nossa compreensão, já está sendo construído por todos nós, embora suas manifestações ainda não sejam suficientemente claras para que possamos ter visão exata de sua forma e dimensão.

José Luiz Ricca é Secretário Estadual de Emprego e Relações de Trabalho do Estado de São Paulo


Antônio Prado

A relação entre tecnologia e emprego é complexa. Ela geralmente exige uma análise em contextos mais amplos que apenas o setorial. A questão relevante a ser levantada refere-se à forma como os ganhos de produtividade, gerados pelas novas tecnologias, são incorporados à renda dos trabalhadores. Em lugares como a Europa e o Japão as revoluções industriais e tecnológicas resultaram num aumento da renda, que passou a ser melhor distribuída, numa diminuição da jornada de trabalho e em ganhos salariais. Mas havia uma estrutura econômica, social e política naqueles países permitindo que essas transformações resultassem num processo virtuoso de crescimento da renda, do emprego e dos investimentos.

No caso da situação brasileira, nós estamos passando por mudanças estruturais relevantes. O país sofreu uma abertura rápida da economia a partir de 1991 e que se aprofundou ainda mais com o Plano Real e a sobrevalorização da moeda. Essa abertura é um fator importante na geração de postos de trabalho, principalmente na indústria. A adoção de novas tecnologias e de formas de organização do trabalho já vem ocorrendo de uma forma geral e num ritmo lento. Além disso a economia brasileira está com uma taxa de investimentos bastante baixa já há vários anos.

A tecnologia pode gerar situações graves de desemprego quando os já citados ganhos de produtividade não são incorporados aos salários. Concomitantemente a esses ganhos, deveria haver um crescimento da demanda para absorver o adicional gerado por esses ganhos de produção. Caso contrário, onde a produtividade cresce mais que a economia, a adoção de novas tecnologias vem acompanhada por aumento do desemprego.

A questão está mais associada aos chamados choques de juros ocorridos em 1992, 1995 e 1997, quando houve, sim, um crescimento inequívoco das taxas de desemprego. Após esses choques, o número de empregos dificilmente recua aos patamares anteriores. Só no Estado de São Paulo, o desemprego deu um salto de 8,7% em 1989 para 15,4% em 1992.

Sendo assim, esse processo de exclusão não é gerado somente por fatores de natureza tecnológica. Os efeitos da tecnologia sobre a distribuição de renda, sobre o emprego e sobre as qualificações dependem fundamentalmente da opção política de apropriação dos ganhos gerados pela tecnologia. Ela em si não é necessariamente excludente. Essa história de a revolução tecnológica correr o risco de virar uma vilã no caso do desemprego é um equívoco. Porque se o modelo de desenvolvimento é incorporador, ele não gera esses efeitos. Se existe uma política econômica e social orientada para a apropriação dos ganhos gerados, não há porque ter aspectos negativos do ponto de vista global. Quando não, há certamente impactos sobre a situação do mercado de trabalho. É o chamado desemprego tecnológico.

Antônio Prado é Coordenador de Produção Técnica do Dieese


Fernando Loureiro

A globalização da economia e a conseqüente universalização do livre comércio e concorrência são processos irreversíveis, que tornam a informação o bem de maior valor do mundo moderno. Conseqüentemente, a velocidade e a qualidade com que este bem pode ser trocado ou negociado tornam-se fundamentais para a economia de qualquer país, incluindo aí o Brasil, e a informática é, hoje, o melhor condutor, a melhor via para a informação.

O governo brasileiro já percebeu esta realidade, tanto que está fortemente empenhado em prorrogar até 2013 a política industrial de informática através do Processo Produtivo Básico (PPB), que contempla incentivos fiscais para as empresas que realmente fabricam seus produtos no país, além de já haver sinalizado com a proposta de realizar uma revisão completa da estrutura tarifária de partes e peças para o setor.

Isso significa capacitar a indústria de informática para fornecer mais e melhores soluções a todos os setores da sociedade, inclusive aos mais resistentes. Atualmente, é inegável a presença da informática em nosso dia-a-dia, e a tendência é de que esta participação seja ampliada à medida que novas formas e modelos de negócios começam a se desenvolver explorando justamente esta capacidade de troca quase imediata de informações.

Os benefícios são indiscutíveis. Todo o funcionamento do sistema financeiro atual, por exemplo, é inimaginável sem a presença da informática, e o mesmo pode ser dito de setores como o industrial, o de telecomunicações, educacional etc. Até a possibilidade de abertura de pequenas empresas tornou-se maior em virtude da informática, que permite a realização de negócios a quem dispõe hoje de um microcomputador e um telefone.

Logicamente estas mudanças não foram, e não serão suaves. Elas exigem adaptações de todas as partes envolvidas: da indústria de informática no fornecimento de soluções e equipamentos amigáveis, do setor produtivo que deve buscar a relação custo x benefício mais condizente com suas necessidades e da força de trabalho, que deve se preparar para estas mudanças, tanto cultural como tecnicamente.

Fernando Loureiro é diretor de assuntos corporativos da Compaq Computer Brasil


João Vaccari Neto

Eles formam uma "população" de 60 milhões, incumbida de realizar operações de saque, depósitos, transferência de valores, aplicações financeiras e até pagar a conta do supermercado ou do posto de gasolina. Não recebem salários, tampouco reclamam por isso. Não comem, não ficam doentes e precisam ser manipulados por um humano para ir às compras.

Eles são os cartões magnéticos, ícones das transformações tecnológicas que vêm mudando a cara do setor bancário brasileiro, mais notadamente a partir dos anos 80. Junto com eles, o setor formou outras populações eletrônicas de milhares de terminais automáticos. E os investimentos e novidades não param.

Em 97, os bancos gastaram 3,67 bilhões de reais com novos softwares, máquinas, manutenção e mão-de-obra especializada. Os objetivos: 1) manter cada vez mais clientes na carteira e longe das agências e; 2) gastar cada vez menos com o emprego de seres humanos, ou seja, ter cada vez menos bancários trabalhando.

Todo avanço tecnológico, porém, não bastou para afastar de vez o cliente das agências. Uma escassa minoria dispõe de estrutura e renda para utilizar sem sair de casa os homebankings e bancos virtuais. E parte dos que dispõem desses recursos não confiam neles. Basta dar uma olhada vez ou outra nas colunas de defesa do consumidor dos jornais e lá estão eles, os bancos, no banco dos réus.

Nas agências as filas ainda resistem bravamente à automação. Em dias de pico, elas estão até nos terminais eletrônicos, expostas ao sol ou à chuva. E quando não há fila há o risco à integridade física do usuário.

A automação nos bancos alicerçou centenas de milhares de demissões na última década. E ajudou a criar produtos tarifados, sem restrições por parte do poder regulador, o Banco Central. O resultado é que hoje os bancos pagam, em média, 90% de suas despesas de pessoal com o que faturam com tarifas - há cinco anos era metade disso.

Se para os usuários os benefícios são discutíveis, ao menos para os bancários o bom desempenho do bancos é vantajoso, certo? Errado. Um universo de quase 900 mil postos de trabalho foi reduzido à metade em dez anos. Trabalhar em banco hoje significa submeter-se a uma carga de trabalho estressante, motivada ora pela pressão alucinada por produtividade, ora para suprir o enxugamento irresponsável de mão-de-obra.

A modernidade do setor financeiro não é acompanhada de uma filosofia de partilha dos ganhos de produtividade. Os bancos brasileiros mantêm patamares de rentabilidade de fazer inveja a qualquer país do mundo, a esmagadora maioria dos clientes ainda é mal atendida e os bancários têm seus postos de trabalho e sua saúde sob constante ameaça, já que são forçados a adaptar-se ao potencial das máquinas, e não o contrário.

Se os bancos respeitassem, por exemplo, a jornada de trabalho de seis horas diárias do trabalhador bancário, poderiam gerar mais de 40 mil postos de trabalho no setor. Estabelecendo-se dois turnos de trabalho com atendimento ao público das 9h às 17h - como defendemos -, os ganhos em termos de nível de emprego e de atendimento seriam tão modernos, do ponto de vista das relações de trabalho e sociais, quanto revolucionários.

Reverter a lógica perversa do uso da tecnologia tem sido um dos principais compromissos da agenda de sindicatos como o dos bancários de São Paulo. Mas não é só tarefa dos sindicatos. Requer um debate responsável entre poder público, empresas e representantes dos empregados, de modo a buscar mecanismos que coíbam o fator desempregador da tecnologia e a disciplinem, estimulando os ganhos de produtividade a se constituírem em um bem social.

O impacto da absorção do arsenal tecnológico tem de ir muito além do deslumbramento com as engenhocas de Bill Gates e congêneres. Enquanto os chips ostentarem como maior feito a eliminação do trabalho humano em larga escala, a "revolução tecnológica" não irá além de uma modernidade virtual, em que só sai lucrando ainda mais a minguada minoria de sempre.

João Vaccari Neto é presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e vice-presidente da CUT


Marcelo Zalcberg

Pode parecer estranho, mas o uso da tecnologia muitas vezes sugere algumas complicações. Não raro, atribui-se a ela os altos níveis de desemprego, como se fosse a culpada pelos problemas econômicos crescentes. Estes sim, são responsáveis pela desaceleração da economia, que induz as empresas a dispensarem mão-de-obra, até mesmo a altamente qualificada.

Numa sociedade industrializada, a tecnologia representa papel estratégico. Ela é o resultado da aplicação dos conhecimentos das ciências exatas à solução de todos os nossos problemas. A tecnologia tem uma certa autonomia e, em muitos casos, se torna tão forte que acaba por alterar os valores sociais tradicionais que a colocaram em uso.

A informatização é decorrente do saber e da criatividade. É, pois, o fator humano que, como força produtiva numa empresa, acaba decidindo a competitividade. Por isso, em qualquer país do mundo, a experiência e o alto nível de qualificação são fatores inestimáveis. Apesar da mais avançada tecnologia, qualquer pessoa interessada no seu próprio aprimoramento profissional deverá sempre encontrar colocação no mercado de trabalho, que não diminua, ao contrário. As novas tecnologias têm ampliado setores do mercado, oferecendo vagas que antes não existiam.

É evidente que a formação profissional e a conseqüente entrada no mercado de trabalho, para ter sucesso, depende muito das condições de educação proporcionadas pelos governos. Esse apoio é necessário, assim como de toda a sociedade. Mas o foco principal, agora, não é esse.

A demanda por emprego deve continuar crescente. Um número cada vez maior de jovens sai das faculdades em busca de uma vaga no mercado de trabalho. Estamos com um "estoque" de jovens formados em profissões que não são suas preferidas, mas que, apesar disso, segundo eles, são as mais lucrativas. Por outro lado, muitas profissões ressentem-se de falta de candidatos, basta dar uma olhada nos classificados dos jornais. É preciso que haja maior esclarecimento a respeito desses ofícios, bem como das profissões técnico-industriais ou que envolvem altos níveis de tecnologia. Só assim a escolha será acertada.

Aos jovens, principalmente, deve-se pensar em proporcionar possibilidade de realizar estágios empresariais, mesmo que a título de informação apenas. É preciso que as pessoas entendam que, apesar da informatização que inunda a sociedade, as chances de colocação da mão-de-obra no mercado e de seguir carreira profissional, em determinados ramos, continuam boas. A valorização e o sucesso passam por caminhos que não são nada fáceis, dependem muito de esforço individual.

Marcelo Zalcberg é diretor do Unibanco Pessoas


Luiz Wilson Pina

Tentando explicar a sua história de vida, o ser humano atribui o seu aparente domínio sobre as forças da natureza à sua inteligência, ou à capacidade do seu intelecto de encontrar soluções, imaginar e aplicar idéias práticas, buscar modelos pragmáticos para suas necessidades reais ou aparentes, prolongar a sua existência material, criar riqueza e construir cultura. E raramente se lembra desse quase miraculoso instrumento, as mãos, que viabilizam concretamente aquilo que pensou, imaginou, refletiu, conceituou e criou.

Dessa união simbiótica nascem as técnicas, aquelas formas de fazer as coisas próprias ao ser humano. As idéias conduzem nossas mãos, nossas mãos portam longe nossas idéias e cada vez criamos e elaboramos outros meios técnicos para construir outras idéias e para conduzi-las cada vez mais longe, com modos a cada momento diferentes ou novos.

Habilidade intelectual e habilidade manual construíram e elaboraram em parceria aquele conjunto de modos de fazer as coisas que chamamos genericamente de tecnologia, que todavia nunca esteve isolada de uma outra atividade que o ser humano transformou em parte importante de sua existência, fonte de muitos dos seus conflitos e contraditoriamente origem dos seus triunfos técnicos e de suas realizações: o trabalho.

Esse procedimento, o ato de trabalhar, foi considerado e valorizado de vários e diferentes modos, conforme cada sociedade em cada grande momento histórico, exercido por pessoas livres e por indivíduos escravizados, considerado mais digno ou mais humilhante conforme cada tipo de atividade e foi sendo gradualmente alterado pela própria tecnologia que criou, gerando-se essa mesma tecnologia com o objetivo de por sua vez melhorar o próprio trabalho, ou as condições do trabalho, ou a produtividade, a capacidade de produção, do trabalho e de quem trabalhava.

Estamos vivendo, gerações após gerações, movidos pelo mesmo incontido impulso de aperfeiçoar cada vez mais a nossa tecnologia, para facilitar cada vez mais o nosso trabalho, qualquer que seja a nossa atividade.

Mas o aumento da capacidade de trabalho aparece como inimigo do emprego, este outro fato cultural criado pela sociedade organizada para garantir a sobrevivência material dos seus membros. E a tecnologia, imaginada e desenvolvida para facilitar nossas atividades de trabalho, seria então o principal fator de eliminação dos empregos, por aperfeiçoar métodos e processos que exigem cada vez menos mão-de-obra, cada vez menos pessoas trabalhando.

Sabemos que este processo se acelerou ainda mais nas três últimas décadas, sobretudo com os computadores, os avanços científicos e o progresso da eletrônica. Gerando-se aquela situação que o economista e professor da Unicamp Jorge Mattoso denominou de A desordem do trabalho (Scritta, 1995), provocada pelas novas formas de organização da produção e pelas novas técnicas de produzir, técnicas essas que em processo contínuo vão criando outras formas e outros métodos que em seguida vão alterar mais uma vez as relações no mundo do trabalho, com maiores índices de desemprego e com mais insegurança ainda para os trabalhadores.

Mais uma vez o intelecto humano se vê diante de um grande desafio: conter o avanço tecnológico, ou diminuir o seu ímpeto, para manter um nível socialmente tolerável de desemprego, enquanto se buscam outras formas de ocupar a força de trabalho disponível, por exemplo no setor terciário, no comércio e nos serviços? Ou gerar novas ocupações, para os trabalhadores que perderam os seus empregos e para as gerações que estão ingressando no mercado de trabalho? A primeira questão talvez represente uma impossibilidade econômica, social e política, quando se investe mais e mais em ciência e em tecnologia na maioria dos países. A segunda exige transformações nos modos de vida das sociedades. E acima de tudo, seria a tecnologia realmente essa voraz devoradora dos empregos formais, ou é a nossa organização social, política e econômica que não tem mais competência para administrar as novas realidades?

Podemos fazer muitas perguntas, mas está se tornando mais difícil arriscar propostas ou formular possíveis soluções. O desemprego, aliás, não é interessante nem para o lazer ou para as atividades culturais, pois a pessoa desocupada perde poder de consumo, capacidade de participação social, ao ter reduzida a sua renda e ocupa o seu tempo procurando emprego ou exercendo as tão conhecidas atividades da economia informal, hoje fenômeno mundial, e não mais localizado em países economicamente mais pobres.

E na capacidade simbioticamente associada de nossas habilidades intelectuais e manuais, de gerarem técnicas e idéias, ações e políticas, propostas práticas fundamentadas em ideais, esta outra criação do gênero humano, que modifiquem as nossas formas de transformação da natureza, não somente para gerar riquezas, mas para criar novos estilos de vida, que degradem menos o planeta, que reduzam as desigualdades sociais, que proponham um ser humano mais igualitário em suas atitudes e em suas maneiras de pensar. Difícil, trabalhosa, desgastante mas fascinante tarefa.

Luiz Wilson Pina é economista e assessor de planejamento do Sesc/SP