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Retiros urbanos
Terraço da unidade da Avenida Paulista. Foto: Roberto Assem.
O Brasil ocupa o segundo lugar em nível de estresse no mundo, com 70% da população afetada, de acordo com dados levantados pelo Internacional Stress Management Association (Isma). Afinal de contas, a lista de obrigações – seja no escritório, em casa ou em relações pessoais – aliada a uma dupla ou mesmo tripla jornada de trabalho preenchem a maior parte do dia a dia. Uma das consequências desse quadro é um mal que ficou popularmente conhecido como burnout. Síndrome do esgotamento profissional, este transtorno está registrado no grupo 24 da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Diante desse panorama da vida contemporânea, tem se tornado um desafio, mas também uma necessidade, abrir espaço para um momento de pausa.
Para o médico patologista, professor e pesquisador Paulo Saldiva, esse é um cenário preocupante. “Quanto maior a cidade, mais intenso o ritmo de vida e maior a taxa de ansiedade. É assim que a depressão aumenta. Por isso, determinados espaços de retiro e de recolhimento nas metrópoles são necessários”, constata.
Para o especialista, frequentar esses espaços é “uma recomendação médica e uma questão de autocuidado”. “Estudos empíricos vêm mostrando que morar perto de lugares de lazer ou de parques é importante até mesmo para a longevidade (leia entrevista com Carlos André Uehara na página 10 desta edição)”, explica Saldiva, que também é diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP).
E não é preciso ir tão longe para encontrar um espaço para descansar corpo e mente. De acordo com o pesquisador, podem ser bibliotecas, praças, centros culturais e parques, a exemplo do Trianon Masp, que, ao lado da movimentada Avenida Paulista, é bastante frequentado. “Seja por pessoas que ficam nos bancos, contemplando a natureza ou as esculturas, dialogando consigo e com outros, seja por quem vai para lá a fim de caminhar ou escutar uma música”, observa.
No final, o simples ato de colocar o smartphone no modo silencioso ou no modo avião, dar uma caminhada num parque ou espairecer em algum banco longe da movimentação de grandes avenidas já é um ótimo remédio para a saúde. “Para crianças, jovens ou mais velhos, esses refúgios se tornaram essenciais”, reforça Saldiva.
Para pausar
Alguns lugares para relaxar da correria que movimenta a capital paulista:
Biblioteca Mário de Andrade – Anhangabaú
Jardim e Horta do Sesc São Caetano
Praça Pôr do Sol – Alto de Pinheiros