Sesc SP

Desde o início de janeiro, a sala de oficinas 1 do Sesc Belenzinho virou um atêlie aberto. Ao entrar no espaço, já dá pra sentir o tom da coisa toda: muitas cores, papéis, bonecos, tintas, crianças e adultos se misturam, com os olhos e mãos atentas para criar algo novo a cada dia. Todos os dias, acontecem oficinas para pais e filhos, orientadas por atelieristas. No projeto Eu Desenho, o espaço pra criatividade é livre. Não tem chatisse e nem regras, pode colocar a mão na tinta, sim! 

"A proposta das oficinas para pais e filhos é que adultos e crianças possam compartilhar alguma experiência estética. Uma ideia bem simples, mas que abre um leque de possibilidades quando imagimanos os grandalhões e as crianças pintando, tecendo, costurando e, principalmente, quando eles dão alguns passos, ainda que desajeitados, em direção a tal arte contemporânea onde, aí sim, a coisa fica mais legal. O que era desenho vira linha de costura. Recortes de desenhos viram projetos de ambientes arquitetônicos. Criação de bichos, personagens e histórias misturam papel, canetinha, vídeo, gravação de celular, bola de sabão e por aí a fora. O Projeto Eu-desenho foi pensado com a intenção de permitir esse flerte com a arte contemporânea através da ludicidade que as oficinas para crianças comportam. Dos artistas que participam, nem todos tinham nos processos pessoais de criação este tipo de trabalho. Surpresa, improviso, disponibilidade, elementos imprescindíveis na composição desta programação, foram os pontos de apoio para estes jovens artistas que participam deste projeto", afirma Regina Marques do Núcleo Socioeducativo do Sesc Belenzinho.

O projeto tem curadoria da educadora e escritora Valquiria Prates, que trabalha em museus, centros e espaços culturais há cerca de 15 anos, fazendo a curadoria de programas públicos e exposições de arte. Nos últimos anos, a partir de uma série de trabalhos realizados em parceria com o Sesc em São Paulo, as ações que desenvolveu junto a artistas e educadores passaram a assumir um caráter de ampliação das possibilidades de participação dos públicos de diferentes idades. "Fui entendendo que a curadoria pode ter uma função social de promover a colaboração e a consciência de que a participação pode se dar de formas diversas. Como público, podemos colaborar durante muitas das experiencias artísticas propostas", diz Valquiria.

Estrutura do projeto

Dois tipos de ações principais foram definidas:

1- oficinas diárias, com atelieristas que buscam promover exercícios, práticas e reflexões sobre os modos de fazer da arte e seus materiais
2- ações orientadas por 7 artistas convidados, que convocam o público a participar de parte de seu processo de criação das obras comissionadas para a ocupação Eu-desenho.

Os projetos de cada artista são os seguintes:

- com as Geringonças, de Gina Dinucci, a ideia era construir aparatos para desenhar com o corpo e experimentar os diferentes materiais comumente utilizados para desenhar;

- Laura Teixeira convidou os participantes a se tornarem desenhos, criando adereços de papel que foram vestidos pelas crianças e fotografadas. Posteriormente, a artistas trabalhou as imagens e criou GIFs animados, que fazem parte da ocupação expositiva do projeto;

- Azeite de Léos criou, junto aos participantes, uma serie de colagens que serão reunidas para a criação de um painel de 6 metros de largura por quase 3 de altura;

- Amanda Rovai está diariamente na unidade realizando rodas de conversa e costura para a criação de bonecos de pano que representem os participantes. Até o momento, foram realizadas cerca de 300 peças, que  além de constituirem um painel de tipos, aos poucos tem sido a base de desenhos e imagens em zines;

- Renata Bueno realizou uma instalação com desenhos de observação e interpretação, chamada Formas e Significados;

- Carolina Velasquez realizou um trabalho de criação de bonecos gigantes, esculturas que tem o nome de Fabulosos, e seguirá em cortejo de carnaval pela unidade com a criação coletiva.

- Manuela Eichner realizará com o público performances de desenho-dança.

Falando sobre a importância desse trabalho conjunto entre pais e filhos, Valquíria Prates finaliza: "Mais do que pensar exclusivamente em pais e filhos, ou famílias, a ideia é envolver públicos de todas as idades em experiências que possam ser envolventes e significativas para todos os participantes. A importância deste tipo de ação se dá na medida em que é possível criar um ambiente de acúmulos de experiências e vínculos com os participantes, uma vez que muitos deles tem participado de muitas das atividades e podem, desta forma, construir um corpo de reflexões e experiências variadas sobre o que cabe na linguagem e expressão do desenho."

Quer entrar nessa experiência com o Sesc Belenzinho? O projeto acontece até o início de março e a participação é gratuita.

Na galeria de fotos abaixo você pode dar uma olhada no que já rolou por lá: