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Lady Macbeth: entre a loucura e o abandono

Sabine Uitz interpreta Lady Macbeth<br> Foto: Divulgação
Sabine Uitz interpreta Lady Macbeth
Foto: Divulgação

Em parceria com o Sesc Campinas, XI Festival Internacional de Teatro de Campinas (Feverestival) traz o solo Lady Macbeth, com atriz austríaca erradicada na Itália.

Ela nasceu na Áustria, vive na Itália e fala o português brasileiro com impressionante desenvoltura. Sabine Uitz é atriz, diretora e pesquisadora em teatro, além de membra-fundadora do centro de produção teatral Via Rosse, localizado na Itália. A convite do XI Feverestival (Festival Internacional de Teatro de Campinas), o Sesc Campinas, em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e o ProacSP (Programa de Ação Cultural) trazem o solo teatral “Lady Macbeth”, com atuação e direção de Sabine e produção da Via Rosse. O espetáculo integra a programação do festival no Sesc Campinas e os ingressos estão à venda nas bilheterias do Sesc em São Paulo.

O texto de William Shakespeare
Macbeth é uma tragédia do dramaturgo inglês William Shakespeare, escrita na primeira década do século XVII, que narra as consequências de um regicídio cometido por Macbeth, um nobre escocês que, influenciado por sua esposa manipuladora, Lady Macbeth, assassina o rei Duncan para usurpar-lhe o trono da Escócia. O que se segue é uma catástrofe marcada por mortes em série e a loucura de Lady Macbeth, nesta que é sem dúvida a mais sanguinolenta das tragédias shakespeareanas. É também uma das obras do autor que mais recebeu adaptações para outras mídias além do teatro, como a ópera, o cinema e os quadrinhos. Após o assassinato do rei Duncan, Macbeth e sua esposa são coroados rei e rainha da Escócia. No entanto, o comportamento amoral de Lady Macbeth, responsável por induzir o marido a promover uma série de assassinatos, termina por sufocá-la em culpa, levando-a à loucura e por fim à morte.

Leitores de Shakespeare estão mais que habituados a narrativas onde o desequilíbrio mental parece dar a tônica a personagens-chave, como vemos em Hamlet, rei Lear e Othelo. Em “Shakespeare - A Invenção do Humano” (Editora Objetiva, 1998), o crítico literário Harold Bloom fala da ira que acomete Macbeth; ira que não o transforma num homem insano, apesar dos arroubos que sugerem um estado de enfermidade mental. Macbeth oscila num estado de ira e insanidade, mas sem entregar-se à última. Se o rei usurpador consegue escapar da loucura, Bloom comenta que “(...) a Lady Macbeth não será permitida qualquer recuperação. Talvez fosse para nós, um alívio, se Macbeth enlouquecesse, mas ele não pode enlouquecer, mesmo porque representa todas as nossas fantasias, inclusive a nossa capacidade de prever situações que, ao mesmo tempo, desejamos e tememos.” (p. 654)

A Lady Macbeth de Sabine Uitz
É por esse terreno de sanidade comprometida e abandono que transita a Lady Macbeth interpretada por Sabine Uitz. Se no texto de Shakespeare a personagem enlouquece para morrer logo em seguida, no espetáculo da Via Rosse encontramos uma visão “sobrevivente” da personagem. Atada a uma corda, numa espécie de masmorra, Lady Macbeth é condenada a confrontar, momento a momento, o seu passado. Nas palavras de Uitz: “É uma Lady Macbeth destruída, menos louca que a original, que estranhamente prova beleza e força em seus lados obscuros.” Assim, o resultado que vemos no palco é um texto inspirado na tragédia de Shakespeare, livremente adaptado pela Via Rosse.

O XI Feverestival
Até o fim do festival, passa ainda pelo palco do Sesc Campinas o solo de dança Después, do Núcleo Fuga, de Campinas (SP). Além do espetáculo, a instituição sedia as oficinas Vocis Motus – A voz falada e a voz cantada (viver "fisicamente o som”), e Dança e Mimese Corpórea, ambas com vagas esgotadas.
Ao todo, o festival ocupa diversos pontos da cidade em 15 dias de intensa maratona cultural, com mais de 60 atrações, entre espetáculos brasileiros e estrangeiros, oficinas, cabarés, pontos de encontro, contações de história e Mostra de Bolso.
A partir do eixo temático Cenários Compartilhados, a programação do festival levanta discussões sobre a relação entre o homem e as fronteiras sociais, políticas, culturais e artísticas, tornando o evento mais permeável e interdisciplinar com outras áreas do saber artístico e do conhecimento filosófico e científico. “Dentro da temática, nossa proposta é romper barreiras físicas e virtuais, para proporcionar para Campinas um festival de múltiplas linguagens – teatro, dança, circo, performance, fotografia”, argumenta a diretora do XI Feverestival, Cynthia Margareth.

 

o que: Lady Macbeth

quando:

Dia 6 de fevereiro, sexta-feira, às 20h.


onde:

Sesc Campinas

Rua Dom José I, 270/333 | (19) 3737-1500