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Festa de comunhão das culturas
Ainda na infância, os festejos do Carnaval da Paulicéia - que na época aconteciam em salões e depois se estenderam para os ensaios e desfiles de escolas de samba - encantavam Luis Ferron. O diretor do espetáculo de dança contemporânea Sapatos Brancos, que terá apresentação dia 8/2 às 19h no Sesc Campo Limpo conversou com a EOnline sobre a concepção do espetáculo e a simbologia presente na montagem.
Ao desvelar os significados presentes no ritual do Carnaval, o espetáculo transita por onde todas as culturas se comungam, onde gerações, crenças e etnias se misturam, ou seja, na diversidade cultural. A inspiração para conceber o espetáculo veio da própria experiência de vida do diretor. Esta cultura esteve presente naturalmente em sua trajetória, e a partir disso seu olhar se despertou para a arte presente na festa, que está entre as mais populares do mundo. “O contexto afrodiaspórico, envolvendo rituais, festejos, batuques em geral também acompanharam o meu percurso de vida e, portanto, uma cultura presente naturalmente.”, conta Perron.
O fio condutor do espetáculo é o ritual de dança da Porta Bandeira e do Mestre Sala, para ele “a dança do casal era o ponto máximo”. Além disso, ele teve a oportunidade de vivenciar a experiência de ser um Mestre Sala, em 2000 na Escola de Samba Unidos do Vila Alice, em Diadema. “A partir disso aprofundei os meus estudos e mergulhei nesse universo do samba, do carnaval e sobretudo nos estudos envolvendo a dança do casal junto a grandes mestres dessa dança como Ednei Mariano, Gabi, Zélia Aparecida, Gilsa, Mestre André entre outros.”, diz.
Sua relação de amor com a cidade também contribuiu com o tema, voltado para o Carnaval Paulistano: “Nasci e cresci aqui, devo tudo que sei e tenho a São Paulo. Minhas fontes inspiradoras nascem a partir daqui, entenda, sou paulistano roxo. Tenho muito orgulho de produzir nessa cidade e em partilhar com ela.”.
A escolha do elenco buscou perfis em coesão com a temática proposta “para falar do mestre-sala convido mestre-sala, para falar de tambores convido batuqueiros e assim por diante”. Os artistas agem como autores capitaneados por Ferron, que tem também a função de organizar os materiais e tentar gerar algum sentido também coeso ao tema.
Sua experiência e profunda pesquisa legitimou a montagem “adentrar com a profundidade com a qual mergulhei me proporcionou descobrir detalhes históricos que me enriqueceram profundamente. Se antes eu gostava de tudo isso, hoje respeito intensamente e me coloco como um eterno apaixonado por essa cultura abarcando a negritude nacional e sobretudo a dança do mestre sala e porta bandeira”, declara e deixa seu convite para uma experiência que promete ampliar seu olhar em um verdadeiro mergulho nesse universo.