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Há um ano,
às vésperas de ti, gala
nebulosa, vice-nada,
acenavas pelo monitor
do teu forro de sono
e água. — Era aviso:
te despedias, o mundo à tona,
saudoso do futuro
de ser-enfim, aqui
fora,
em casa.
Em viagem
a Katrin Nissel e Thomas Sträter
Com a carta
de Gorz
no bolso, descendo
juntos a Sob-
-as-Tílias
sob o céu, março-
-em-malva, lavado
claro de toda mensagem,
aviso, rádio, risco
de ave ou vaticínio,
sua plumagem
de luz
sobre ti,
agasalho, errando aqui
em baixo
em fé e fezes
reunido,
errando, errando —
Apátria, Exlândia, Des-
-terra, há anos: esse Estado,
teu estado, de estar
em-viagem.
Hotel Blumenau
a Mônica Mattar Oliva
Nus, abraçados à beira
de nós
neste velho terraço
sobre os Mercedários,
início do mundo,
em 78:
primeiras estrelas
a iluminar teus pés,
víamos as bolhas, boias que afloravam,
uma a uma,
sideradas-peregrinas,
apontando o teu caminho
até aqui,
até a mim,
prenunciando assim
a próxima partida.
Benedito
De volta à Estrela,
exportado em cinza
deposta
sob a roseira,
de-vez. Ia de retorno, vaso.
E
aí aonde ia,
na passagem,
nesses recessos de agora
só-ser em flor,
res-
-ser num pé
de planta, aconteceu:
deu-se um deus,
fenômeno, sinal, consolo
talvez —
ele ali,
a roseira em-flor.
No hotel
Só,
sem, não tendo
a quem
o que doar —
só
o ardor,
ninguém,
deste momento.
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