Sesc SP

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O mês de setembro chega recheado de espetáculos e exposições com sabor francês na cidade de São Paulo
 

Um dos maiores parceiros na realização do Ano da França no Brasil, o Sesc, por meio de seus departamentos regionais em todo o país, vem apresentando, desde abril, diversas atrações daquele país – que, aqui, se misturam à arte e aos artistas brasileiros, resultando num vibrante intercâmbio cultural. Nesse variado cardápio de eventos, o Sesc São Paulo tem oferecido ao seu público frequentador uma intensa programação, regada a teatro, dança, música, artes visuais, literatura e demais manifestações artísticas. Um bom exemplo disso é a agenda para setembro do França Br 2009 em todas as unidades, recheada com atividades das mais diversas, voltadas para públicos de todos os gostos e idades (veja os boxes espalhados pela matéria).
Um dos destaques é a exposição Henri Cartier-Bresson – Fotógrafo, que reúne, no Sesc Pinheiros, de 17 de setembro a 20 de dezembro, 133 imagens do fotógrafo francês, considerado mestre do fotojornalismo. As fotografias, retiradas do livro homônimo, a ser lançado na inauguração da mostra, e editado em parceria pela Cosac Naify e pelas Edições Sesc SP, foram selecionadas pelo também fotógrafo Eder Chiodetto, organizador da exposição. Chiodetto dividiu as reproduções em dois módulos: no primeiro andar da unidade, 40 delas mostram os chamados flagrantes de rua clicados por Bresson, cujo estilo incluía caminhadas pelas ruas de Paris no intuito de “estar lá” cada vez que o acaso pudesse render uma boa foto. Já as outras 93 misturam coberturas suas de fatos históricos – como cenas da 2ª Guerra Mundial e a morte do líder indiano Mahatma Gandhi – e os registros de personalidades – entre elas, o pintor Henri Matisse, o filósofo Roland Barthes e o escritor Truman Capote. As fotos do livro foram selecionadas pelo próprio Bresson, com a ajuda do editor Robert Delpire. “Por meio dessa mostra os visitantes certamente terão uma boa ideia do que é o trabalho de Henri Cartier-Bresson”, garante o organizador. “A exposição pega várias vertentes que marcaram bastante a obra dele. Seja a questão do instante decisivo [refere-se aos flagrantes de rua], seja como repórter fotográfico de conflitos e como ótimo retratista.”

 Influências
Paralelamente à mostra principal, o Sesc Pinheiros apresentará também, durante o mesmo período, a exposição Bressonianas, que reunirá, no terceiro andar da unidade, 42 imagens de sete fotógrafos brasileiros confessadamente influenciados pelo francês: Cristiano Mascaro, Flavio Damm, Carlos Moreira, Orlando Azevedo, Juan Esteves, Marcelo Buainain e Tuca Vieira. “Todo mundo fala que Henri Cartier-Bresson é o fotógrafo mais influente da história, então eu quis pesquisar”, diz Chiodetto, curador da paralela. “Se ele é influente mesmo vamos ver onde está essa influência, por exemplo, aqui no Brasil. E aí fui procurar alguns fotógrafos que teriam essa vertente bressoniana. Encontrei vários.” Um deles é o gaúcho Flavio Damm: “Cumprindo a pauta de revistas, editoras e agências para as quais trabalhei, a partir de 1946, identifiquei que, além do trabalho determinado pelo dia-a-dia, havia, nas ruelas, caminhos, parques ou margens de rios por onde andei, todo o tipo de comportamento”, teoriza. “O cotidiano então se mostrando surreal. O que, desde cedo, mexeu com o meu modo de ver. Para isto Henri Cartier-Bresson me deu régua e compasso.” O santista Juan Esteves também relata como é sua vertente bressoniana. “As suas fotos [de Bresson] sempre foram para mim uma espécie de álibi para eu produzir esse tipo de imagem entre as pautas de jornalismo.”
Quem também tem o pé – ou talvez melhor, o olho – em Bresson é o potiguar Marcelo Buainain. “Em 1989 realizei a minha primeira viagem ao continente europeu”, conta. “Foi nessa ocasião, em Londres, que tive o privilégio de passar três dias no interior do Victoria and Albert Museum manuseando centenas de originais produzidos pelo Cartier-Bresson. Esse íntimo contato com a obra de Bresson despertou-me o sentido do belo, da simplicidade, do rigor na composição e da espontaneidade.”


Claro e escuro
Sucesso de público na França, a exposição artística e científica Sombras e Luz chega ampliada ao Sesc Pompeia


A casa do cientista Arquimedes Sombra é mesmo muito louca. Lá tudo leva a uma viagem pelo mundo das sombras – seja no aspecto mais “mágico” do fenômeno, seja no que diz respeito a suas explicações científicas. É esse o universo apresentado na exposição temática Sombras e Luz (fotos), sucesso de público no Cité des sciences et l’industrie, na França, e que agora poderá ser vista no Sesc Pompeia, de 16 de setembro a 6 de dezembro. “Essa mostra está há quatro anos em cartaz na França em função do interesse do público em visitá-la”, explica Roberto Cenni, técnico da unidade. “Era para ela ficar apenas um ano, mas foi prorrogada.”

O evento é destinado a um público infanto-juvenil de cinco a 14 anos. Mas não há dúvida de que os adultos também encontrarão seus interesses. “A exposição é poética, misteriosa, tem um monte de jogos de luz, vai agradar a todos os públicos”, garante Cenni.

Ao passarem pelos vários ambientes da casa, os visitantes vão perceber como a sombra está presente em diversos momentos de nossa vida sem nos darmos conta. São desde fenômenos astronômicos, como um eclipse ou mesmo a noite, até o processo de ampliação fotográfica, que acontece num jogo de sombras. Com várias instalações, jogos e recursos multimídia, o evento é um convite constante à interação. Os jovens podem se divertir dançando em frente a aparelhos que reproduzem suas formas em movimento ou descobrir as propriedades físicas das sombras por meio de experiências no laboratório da “casa” do cientista maluco. E mais: a versão da mostra que vem para o Sesc é quase o dobro maior do que a “matriz” francesa. “A exposição no Cité ocupa um espaço de 700 metros quadrados”, diz Cenni. “Aqui, ela ocupará 1300 metros quadrados. O jardim [um dos módulos da mostra] será maior, haverá mais jogos para as crianças e serão incluídos também elementos que farão referência ao folclore brasileiro.”
Além das instalações e jogos, a dupla de artistas irlandeses Anne Cleary e Denis Connolly trará seu trabalho pela primeira vez ao Brasil. Serão três vídeos instalações interativas intituladas Plus/Minus, Colour/Motion e Mobility/Stillness. Já uma programação paralela reunirá oficinas de criatividade, apresentações teatrais e filmes sobre o tema.



La nouvelle musique
O Festival Música Nova, em sua 44ª edição, ganha programação especial por ocasião do Ano da França no Brasil


Com a proposta de desenvolver a linguagem musical erudita de vanguarda, o compositor Gilberto Mendes criou, em 1962, o Festival Música Nova. “Foi naquela época que a gente lançou o Manifesto Música Nova na Revista Invenção”, lembra Mendes, hoje presidente do Conselho Artístico do festival. “Éramos eu, Willy Correa de Oliveira, Rogério Duprat, Damiano Cozzela e com grande apoio do pessoal da poesia concreta: Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari.” Quase cinco décadas depois – exatos 47 anos –, o já consolidado festival chega à sua 44ª edição e integra a programação do Ano da França no Brasil. O evento acontecerá de 5 a 25 de setembro, nas cidades de São Paulo e de Santos.

O festival traz cinco atrações da música contemporânea francesa: o grupo Les Percussions de Strasbourg (foto); o Ensemble 2E2M; o espetáculo multimídia Machinations; a pianista Martine Joste; e o compositor Phillipe Manoury. “[a inclusão do festival na programação do Ano] É algo muito natural que aconteça”, afirma Mendes, também diretor artístico desta edição. “Nossa proximidade com a França é grande e só se fala nisso este ano. O Festival de Campos do Jordão, que se realizou antes [de 4 a 26 de julho], aconteceu em edição especial do Ano também. Além disso, um antigo aluno nosso da USP [Universidade de São Paulo], do Departamento de Música, o Maury Buchala, vive na França agora e passou a nos indicar grupos franceses que já têm vindo em festivais anteriores. Enfim, somos bastante próximos.” Lorenzo Mammì, membro do Conselho Artístico do festival, complementa: “Houve um envolvimento forte das instituições francesas e isso permitiu um projeto mais ambicioso, com atrações que normalmente são difíceis de trazer”.

A lista dos artistas franceses, cujo trabalho o público paulista terá a oportunidade de conhecer, é de primeira linha. Enquanto Les Percussions de Strasbourg ganha no quesito imperdível no conceito de Mendes – “Um grupo de percussão muito renomado, é o melhor da França”, diz –, o espetáculo multimídia Machinations, uma criação de Georges Aperghis, trará integrantes do conceituado Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique (Ircam), e a pianista Martine Joste se apresentará com a Orquestra Sinfônica Municipal de Santos (OSMS). Já Phillipe Manoury é a dica de Mammì: “Não percam o concerto de Manoury, um dos maiores compositores em atividade”, recomenda.

Em São Paulo, o Festival Música Nova acontecerá no Teatro Anchieta, do Sesc Consolação, no Sesc Vila Mariana, no Teatro São Pedro e no Centro Universitário Maria Antonia. Em Santos, as apresentações serão na unidade local e nos teatros Coliseu e Guarani. Veja mais informações no Em Cartaz desta edição.



Corpo e imagem
Sesc Vila Mariana apresenta solo de dança de Carolyn Carlson com imagens da dupla Electronic Shadow


Será a primeira vez que os brasileiros poderão ver Double Vision (foto), novo solo da bailarina norte-americana Carolyn Carlson, diretora do Centre Chorégraphique National de Roubaix Nord-Pas de Calais, na França – o que acabou rendendo ao espetáculo lugar na programação oficial do Ano da França no Brasil. Mas ao julgar pelo trecho que pode ser visto na internet (www.electronicshadow.com/video/DoubleVision.wmv), é melhor preparar o babador. A reunião da renomada bailarina – cujos famosos solos são referência no cenário internacional da dança – com a dupla Naziha Mestaqui e Yacine Ait Kaci, do Electronic Shadow, magos do audiovisual e do design de luz, resultou numa performance de vídeo-dança simplesmente arrasadora. E os paulistanos poderão ver tudo ao vivo nos dias 5 e 6 de setembro, no Sesc Vila Mariana.

Num palco com telões verticais, nos quais se pode ver uma enxurrada de frenéticas imagens, Carolyn faz sua dança de movimentos fracionados. Solo no palco, ao mesmo tempo interagindo com as cenas projetadas. “A força singular é o mais importante em Double Vision”, explica Carolyn Carlson. “Eu já trabalhei antes com artistas de vídeo e filme, o resultado é um inacreditável ‘cenário vivo’; no entanto, o artista solo permanece como a única força.” Carolyn afirma que o especial, no caso de sua parceria com o Electronic Shadow, é que o trio trabalhou o tema do espetáculo por mais de um ano e que as imagens acabaram ficando prontas antes da coreografia. “Nós não estamos fisicamente no palco, mas nossas sombras nos substituem”, complementa o diretor Yacine Ait Kaci, do ES. “Nós tentamos criar um palco que se tornasse um universo poético no qual o corpo de Carolyn é o foco do olhar, ela se move como o ponto de tensão central no espaço narrativo.” Kaci declara que o processo de criação de Double Vision levou quase dois anos, e o encontro dos três foi “formidável”. “Nós compartilhamos ideias, desenhos, poemas, palavras”, revela. Inicialmente, a parceria resultaria apenas em imagens para a leitura de um poema, mas, segundo Kaci, quando Carolyn viu o trabalho da dupla, começou a nascer o espetáculo. “A coisa virou uma performance sobre nossas percepções do mundo, que são muito próximas, embora vistas de nossas respectivas gerações”, diz. “Trabalhar com o Electronic Shadow foi uma troca incrível de ideias girando em torno da complexidade do nosso mundo de hoje”, complementa Carolyn, devolvendo o elogio. “Nós começamos verbalmente com imagens poéticas que se transformaram num material visual fantástico, o qual inspirou a criação da coreografia.” Sobre a expectativa de apresentar Double Vision, Carolyn Carlson prefere não se antecipar aos fatos. “Veremos depois que acabar o espetáculo”, diz. “A expectativa é querer prever as coisas, vamos deixar tudo para quando o momento chegar.”



Patrice Chéreau no Brasil
Sesc Consolação traz leitura dramática e monólogo do diretor de Rainha Margot


O diretor de teatro, óperas e cinema Patrice Chéreau, cujo trabalho a maioria dos brasileiros conhece por meio do longa Rainha Margot, de 1994, com atriz francesa Isabelle Adjani no papel-título, será uma das grandes presenças francesas no Sesc em setembro. Dois trabalhos de Chéreau poderão ser vistos como parte da programação do Ano da França no Brasil no Sesc Consolação. O primeiro deles será a leitura dramática de O Grande Inquisidor – fragmento do livro Irmãos Karamazov, do russo Fiódor Dostoiévski. A apresentação será nos dias 9 e 10, e terá o próprio diretor no palco. O segundo trabalho é o monólogo La Douelur, com a atriz francesa Dominique Blanc interpretando, sob a batuta de Chéreau, texto de Marguerite Duras. Em sua passagem pelo Brasil, além das apresentações no Sesc São Paulo, o francês também participará do 16º Porto Alegre em Cena, realizado na capital gaúcha de 8 a 25 de setembro.

O texto que será interpretado pelo diretor francês, que também assina a iluminação, mostra o enfrentamento de um inquisidor da Igreja Católica com ninguém menos do que o próprio Jesus Cristo – de volta como prometera, mas sem encontrar uma recepção muito calorosa por parte dos poderosos governantes da casa de seu pai. O inquisidor do título acusa Cristo de atrapalhar os planos da Igreja com seu regresso, ao dar ao homem a liberdade de escolher entre o bem o mal. “Não há nada mais tentador para o homem do que a liberdade de consciência, mas também nada mais doloroso”, diz o implacável representante em determinado momento de um texto carregado de perturbadoras questões filosóficas.
Já em La Douleur, Patrice Chéreau volta ao teatro em estado puro – depois de óperas e encenações coreográficas – com um texto tirado de um pequeno volume, em forma de diário, da escritora Marguerite Duras, nascida na antiga Indochina Francesa, hoje o Vietnã. A peça mostra a angústia de uma mulher enquanto espera o regresso de seu marido, deportado para um campo de concentração nazista em 1945. O sofrimento e ao mesmo tempo a lucidez do relato fascinaram tanto Chéreau quanto sua atriz favorita Dominique Blanc, que decidiram montar o espetáculo com a colaboração do coreógrafo Thierry Thiéu Niang.



Carta aberta
Espetáculo do diretor francês Olivier Py propõe caminho para a compreensão do próprio teatro

A pedido do Conservatoire Nationale Supérieur d’Art Dramatique (Conservatório Nacional Superior de Arte Dramática), o dramaturgo francês Olivier Py teria de produzir um texto sobre as artes cênicas. À solicitação, Py respondeu com uma peça de teatro que fala sobre teatro. Assim surgiu Epístola aos Jovens Atores, espetáculo que colocou a crítica especializada internacional aos pés do diretor. “Há, nesta empreitada ambiciosa e piadista, tudo o que representa a arte de Olivier Py. Sem fazer pose, ele sabe o que tem a dizer”, estampou, por exemplo, o famoso jornal francês Le Figaro. Nos dias 1°, 2 e 3 de setembro será a vez de os brasileiros conferirem, no Sesc Vila Mariana, o trabalho do renomado diretor. “Estou muito honrado e feliz de poder apresentar este espetáculo no Brasil”, disse Py à reportagem, por e-mail. “Infelizmente, os ensaios do meu novo espetáculo (Les Enfants de Saturne, cuja estreia ocorrerá em Paris no próximo dia 18 de setembro) não me permitirão acompanhar meus artistas ao Brasil, algo de que me arrependo muito.” O diretor conta que Epístola aos Jovens Atores – Epître aux Jeunes Acteurs, no original – já passou, entre outros países, pela Irlanda, Estados Unidos, Colômbia e Japão, e que, em todas as vezes, causou-lhe surpresa ver como o texto, inicialmente escrito para alunos franceses de teatro, “soava de forma totalmente pertinente em um contexto cultural totalmente diferente”. “Talvez porque o tema é, afinal, muito universal: qualquer que seja o país, todas as pessoas foram confrontadas ao vazio da comunicação, quer seja imposto pela mídia ou pela situação política”, teoriza o diretor. “Estou, portanto, muito curioso para conhecer as reações do público brasileiro e saber como o texto será compreendido no contexto brasileiro.” Epístola aos Jovens Atores foi criado, como adiantou Py, voltado para alunos de teatro, com o objetivo de lhes falar sobre a futura carreira e sobre o trabalho, que consiste em levar poesia ao público. “Pouco a pouco este texto ganhou um aspecto mais universal questionando o lugar da fala em nossas sociedades pós-modernas”, explica o encenador. “Onde a comunicação superficial e as expressões prontas e vazias de sentido reduzem vezes demais a fala a sua expressão mais simples.”


Em torno de Serge
Show da Orquestra Imperial com Jean-Claude Vannier, colaborador de Serge Gainsbourg, reúne convidados mais que especiais


O Sesc Pinheiros apresenta, nos dia 3 e 4 de setembro, no Teatro Paulo Autran, o espetáculo musical Gainsbourg Imperial, destaque das comemorações do Ano da França no Brasil e show de encerramento da exposição Gainsbourg – Artista, Cantor, Poeta etc., em cartaz na Unidade Provisória Sesc Avenida Paulista. O nome faz alusão à presença no palco da Orquestra Imperial juntamente com Jean-Claude Vannier, compositor e arranjador que contabiliza, entre suas muitas parcerias, trabalhos com o músico e multiartista francês Serge Gainsbourg. A apresentação contará ainda com a presença da cantora e atriz inglesa Jane Birkin e de Caetano Veloso.

O show será centrado na obra de Gainsbourg, e terá direção musical e arranjos assinados por Vannier, que também produziu o primeiro disco de Jane Birkin. O desafio do arranjador, sem dúvida, será criar versões das músicas de seu antigo parceiro que caibam no suingue a toda prova dos cariocas da Orquestra. O programa prevê ainda Jane e Caetano dividindo os vocais em Je Suis Venu te Dire que Je M’en Vais, um dos clássicos de Gainsbourg. “Serge Gainsbourg era de fato uma personalidade da arte pop”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo e presidente do Comissariado Brasileiro do Ano da França no Brasil. “Enquanto escandalizava os mais conservadores ao longo dos anos 1960, em 1969 lançava o hit Je t’Aime Moi Non Plus e chegava aos anos de 1970 com baladas, novos filmes e uma grande ironia: um reggae da Marseillaise, ou seja, uma melodia pacifista para uma letra completamente bélica”, observa o diretor.

A mostra Gainsbourg – Artista, Cantor, Poeta etc., em cartaz na Unidade Provisória Avenida Paulista até o dia 7 de setembro, apresenta diferentes aspectos da obra do artista francês que, durante 40 anos, associou imagens e música, e até hoje influencia gerações.



Crème de la crème
Destaque do França Br 2009, o espetáculo Quartett, com a atriz Isabelle Huppert dirigida por Robert Wilson, tem pequena temporada no Sesc Pinheiros


Os cinéfilos a conhecem, entre outros filmes, de A Professora de Piano, denso drama de Michael Haneke, de 2001. Isabelle Huppert, grande nome das artes cênicas francesas e figura cada vez mais internacional. Já os mais ligados ao teatro e artes visuais já devem ter ouvido falar de suas versões de clássicos como A Flauta Mágica, de Wolfgang Amadeus Mozart e Madame Butterfly, de Giácomo Puccini. Robet Wilson, enfant terrible dos palcos e também da fotografia – sua série de imagens VOOM Portraits veio para o Sesc Pinheiros no final do ano passado. Agora, os dois juntos, para nós, é novidade. E daquelas que despertam grande curiosidade. Como uma das principais atrações do Ano da França no Brasil, o Sesc São Paulo e o Festival Internacional Porto Alegre em Cena trazem ao Brasil a estrela do cinema e o famoso diretor na montagem teatral Quartett, de Heiner Müller, uma produção do Odéon-Théâtre de l’Europe. São sete datas no total em terras brasileiras. A começar por São Paulo, nos dias 12, 13, 15 e 16 de setembro no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, e seguindo para a capital gaúcha, no período de 23 a 25 de setembro, onde fica no Teatro do Sesi. Quartett é considerado um dos mais importantes e significativos eventos que serão realizados no país durante o Ano da França no Brasil, projeto idealizado pelos governos brasileiro e francês com o objetivo de ampliar ainda mais as relações socioculturais entre os dois países. A produção será re-ensaiada especialmente para as apresentações no Brasil e os espetáculos terão legendas em português.

Estrela – Isabelle Huppert é considerada a maior atriz do cinema francês de sua geração. Sua extensa filmografia, que contabiliza mais de noventa filmes, é marcada por interpretações marcantes e colaborações com grandes diretores, como Jean-Luc Godard, Michael Haneke, Andrzej Wajda, François Ozon, Patrice Chéreau (que também virá ao Sesc, veja boxe Patrice Chéreau no Brasil), Claude Chabrol e André Techiné. Como reconhecimento por suas elogiadas atuações, foi premiada pelos maiores festivais de cinema do mundo, conseguindo o feito de já ter ganhado três dos mais importantes: duas vezes prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, em 1978 e 2001 – por seu papel em A Professora de Piano –, no Festival de Veneza, em 1988 e 1995, e no Festival de Berlim, em 2005. Sua carreira no teatro também, talvez menos conhecida dos brasileiros, não é menos famosa lá fora. Isabelle já encarnou papéis como a Medéia de Eurípedes e Orlando de Virginia Woolf – em ambas as vezes sob a direção de Wilson.
Não é a primeira vez que a atriz vem ao Brasil para subir aos palcos. Em 2003, Isabelle trouxe seu 4.48 Psychose, de Sarah Kane, ao Sesc Consolação, com enorme sucesso e ingressos esgotados.
Em São Paulo, Isabelle Huppert será homenageada com uma mostra de filmes, vídeos e fotos no CineSesc, de 11 a 16 de setembro.