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Feito à mão
Segundo a definição do dicionário, o artesanato seria “a arte e a técnica do trabalho manual não industrializado, realizado por artesão, e que escapa à produção em série; tem finalidade a um tempo utilitária e artística” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – Objetiva, 2009). Nos cursos e aulas abertas oferecidos pelas unidades do Sesc São Paulo em todo o estado, esse fazer possui essas e diversas outras características – tantas quantas ditarem os interesses dos que procuram essas atividades. Compromissado com a educação não formal, o Sesc abre uma programação com diferentes horários e técnicas para atender o mais diversificado perfil de candidatos a artesãos. Desde aqueles que procuram uma forma lúdica e prazerosa de ocupar o tempo livre até os que visam a uma possível forma de complementar a renda familiar – passando também pelos interessados em dar vazão à sua veia artística ou em mandar o estresse para longe se ocupando com tecelagens, cerâmicas, vidros, bijuterias, mosaicos e o que mais a imaginação demandar.
Múltiplos interesses
Na unidade Carmo, por exemplo, é possível encontrar cursos de mosaico – em dois módulos: I, para iniciantes, e II, mais avançado –, de decoração de álbuns fotográficos, de técnicas de pintura decorativa, de trabalhos que utilizam o patchwork e, o mais novo da turma, de pintura em cabaça. Com tanta diversidade de cursos, é natural constatar que o perfil dos interessados é também variado. “As turmas do período da manhã, normalmente são formadas por mulheres e a maioria da terceira idade”, explica Carmo Sousa, técnica da unidade. “No período da tarde temos alguns senhores aposentados, que acompanham suas esposas, e a faixa etária é bem diversificada.
Já à noite, vemos o comerciário ativo, homens e mulheres, que após o expediente do trabalho, procuram a unidade para realizar seus cursos de artesanato.” Os interesses que levam esse contingente, segundo a técnica, também são múltiplos. “São diversas as razões pelas quais as pessoas procuram nossos cursos”, continua Maria do Carmo. “Alguns procuram uma atividade relaxante e que os faça se desligar dos problemas diários, outros visam à integração e fazer novas amizades, outros ainda vêm atrás de um hobby e há os que procuram uma renda extra, o que nós já temos comprovado com exemplos de alunas.”
Geração de renda
Outra unidade que serve para exemplificar o trabalho do Sesc na área dos cursos de artesanato é a de Interlagos. “Oferecemos cursos na área de valorização social, nos quais o intuito é aprender uma atividade para complementar a renda familiar”, esclarece Daniela Del Nero, monitora de esportes do Sesc Interlagos. Os cursos vão da decoupagem (um tipo de colagem que pode ser aplicada em diferentes suportes, como tecido ou madeira) à costura, passando pelo craquelê (ranhura no esmalte ou verniz que recobre a superfície de uma cerâmica ou porcelana etc.), bijuteria e potes decorados, entre outros. “Nossos cursos são de sábado às 11h, duas vezes por mês”, explica Daniela. “E, normalmente, recebemos mais mulheres, a partir de 16 anos.” Ainda de acordo com a monitora, o motivo da procura é variado, mas a geração de renda tem destaque. “Temos pessoas que procuram o curso por lazer e hobby”, afirma. “Temos uma ex-aluna que começou fazendo aula conosco e que agora está trabalhando em uma cooperativa dando curso de artesanato.”
Processo artístico
No Sesc Pompeia a orientação das aulas não é tanto no produto final, mas sim no processo que envolve o aluno com a matéria escolhida. Das muitas técnicas ensinadas nos ateliês da unidade, a tecelagem e a cerâmica são, segundo Sandra Leibovici, técnica da unidade, as que mais se aproximam do artesanato. “Nós não estamos preocupados se a peça vai sair perfeita ou não”, explica Sandra. “Nós pensamos mais no processo de cada um durante a criação.” A técnica conta que, quanto ao público, o perfil é bem variado. “Nós temos cursos tanto à tarde quanto à noite”, explica. “À tarde, temos alguns estudantes e uma boa parte de pessoas da terceira idade.
À noite, esse perfil muda um pouco, a gente já tem pessoas que trabalham o dia todo e que só podem vir nesse horário.”
A orientadora do ateliê de arte têxtil, Paula Kirstus, fala do curso que ministra: “Além do curso básico de tecelagem, no qual as pessoas aprendem a manipular o tear e a produzir peças, hoje usamos o espaço do ateliê e o material têxtil como informação plástica”. Em outras palavras, atualmente, no Sesc Pompeia, o material utilitário não é o enfoque principal das aulas. “O curso tradicional tinha como objetivo ensinar o aluno a produzir uma peça têxtil de uso doméstico”, explica a orientadora. “Por exemplo: um cachecol, uma toalha de mesa, um jogo americano etc. E os cursos novos não têm mais essa linha tão forte, a preocupação é maior com o fazer artístico.” A ampliação da proposta das aulas também serviu para atrair diferentes públicos. “A gente hoje atende mais adultos, mais homens, estudantes de moda, comerciários e profissionais das mais diversas áreas.”
Dona Ruth Adler é uma das alunas que não perde as aulas à tarde no ateliê de tecelagem da unidade. “Para mim é uma terapia”, diz. “Para quem gosta de artes manuais é uma coisa muito boa, prende a atenção. E tem a parte do convívio também que é muito legal. Tem pessoas agradabilíssimas aqui, são tardes maravilhosas.”
Cristina Machado também conheceu novas amigas no curso, mas, mais do que uma terapia, ela encontrou no artesanato uma nova profissão. “Tecelagem para mim é uma paixão”, diz. “E eu comecei fazendo as peças para mim e para presentear os amigos e a família, mas as pessoas gostaram tanto que eu comecei a vender. Chega o inverno e fico cheia de encomendas”, comemora.
Para mais informações sobre os cursos, aulas abertas e oficinas do Sesc é só consultar o Em Cartaz de cada edição.