Postado em
A polêmica árvore que produz papel
Alvo de pesquisas e de muita rejeição, o eucalipto alimenta indústrias e um debate sem fim
FRANCISCO LUIZ NOEL
Eucaliptais em Suzano (SP) com corredores
ecológicos / Foto: Walter Monteiro
A árvore mais importante do Brasil é estrangeira e está longe de ser unanimidade socioambiental. Depois do pau-brasil, da seringueira e do cacaueiro, que alimentaram ciclos econômicos, nenhum outro gênero florestal ganhou tanta relevância no país quanto o eucalipto, originário da Austrália. Matéria-prima de uma infinidade de produtos – do papel a cápsulas de remédio, passando pelo carvão siderúrgico –, a planta mobiliza 170 mil trabalhadores no campo e movimenta negócios que giram mais de US$ 18 bilhões ao ano, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS). Nem por isso deixa de causar polêmica onde finca raízes, sob o fogo cerrado de ativistas ambientais e sociais.
A defesa da árvore é feita por pesquisadores como Helton Damin da Silva, da unidade florestal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Florestas), no Paraná. "A desinformação é a principal responsável pela resistência. As pessoas não sabem que papéis de caderno, imprensa e embrulho, além do higiênico, são fruto do cultivo florestal. A sociedade reprova e ao mesmo tempo utiliza cada vez mais os produtos dessas florestas, incluindo móveis e energia", diz. "A área ocupada com eucalipto é de menos de 0,5% do território brasileiro, e os plantios são feitos em terras já desmatadas. Não há razão técnica para tanta rejeição."
No Rio Grande do Sul, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) declarou guerra aos eucaliptais. "Somos contra o plantio proposto pelas grandes empresas de celulose, por causa dos impactos sociais e ambientais negativos", afirma a dirigente estadual Irma Ostroski, invocando um dos estigmas do eucalipto – a monocultura. "Isso destrói a biodiversidade, esgota os recursos naturais e provoca êxodo rural, porque concentra terra e ocupa pouca mão-de-obra", acusa. Os sem-terra condenam também o foco na exportação de celulose, pregando atividades rurais voltadas ao mercado interno.
Dos 5,7 milhões de hectares com florestas plantadas no país – sétimo do mundo no ranking da silvicultura –, 3,5 milhões (60%) são cobertos por eucaliptais, enquanto os 2,2 milhões restantes abrigam pínus e outros gêneros. A indústria de celulose e papel está na linha de frente desse mercado, respondendo por mais de 2 milhões de hectares – 1,8 milhão com eucalipto, em terras próprias e de parceiros. O outro 1,7 milhão de hectares de eucaliptais abastece a indústria de móveis, a construção civil e, sobretudo, a siderurgia. Nesse ramo, o Brasil ostenta a problemática liderança mundial no uso do carvão vegetal, enquanto a maioria dos países utiliza fontes minerais.
O eucalipto, que chegou ao território brasileiro em 1904 e começou a ser plantado em larga escala nos anos 1950, ocupa 7,7% das áreas agricultáveis do país e ganha cada vez mais terreno. Estimuladas pela demanda global, as empresas de celulose esperam cultivar mais de 2 milhões de hectares em 2012 e intensificam o fomento da eucaliptocultura entre os agricultores. De 2003 a 2010, os investimentos previstos somam US$ 14,4 bilhões. "O objetivo é ampliar a capacidade produtiva e a competitividade, com crescimento das exportações e criação de oportunidades de trabalho", diz a presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes.
Em 2006, a fabricação nacional de celulose para venda atingiu 11,2 milhões de toneladas e a de papel chegou a 8,7 milhões, segundo números da Bracelpa, que congrega 40 empresas. Com essa produção de celulose – um recorde, superior em 8% à de 2005 –, o Brasil subiu de sétimo para sexto no ranking mundial de produtores e consolidou a dianteira como vendedor da commodity, cobrindo 62% da oferta global. Graças a expansões industriais, as empresas brasileiras devem fechar 2007 com aumento de 5,5% na produção de celulose e de 2,8% na de papel, elevando também em 7,1% as exportações.
Do Brasil para o mundo
O mercado mundial de celulose está em alta. Inflada pelo crescimento de economias como a China, a demanda cresceu 4,1% no ano passado, segundo o Pulp and Paper Products Council (PPPC). Ao mesmo tempo, a oferta foi reduzida em 4,6 milhões de toneladas entre 2004 e 2006, devido ao fechamento de várias fábricas obsoletas na América do Norte e na Europa. No caso da celulose de fibra curta, feita com eucalipto, a procura foi de 11 milhões de toneladas – um aumento de 12% sobre 2005. O preço médio também subiu, saltando de US$ 594 para US$ 648 por tonelada.
A pressão da demanda favorece os fabricantes brasileiros. No ano passado, só a Aracruz Celulose supriu 27% da procura global – quase metade do volume vendido pelo país. A empresa, líder do ramo no planeta, produziu 3,1 milhões de toneladas da commodity em 2006 e teve receita líquida recorde, de R$ 3,9 bilhões. Dona da maior fábrica de celulose de eucalipto do mundo, em Barra do Riacho, no município de Aracruz (ES), a empresa vive uma escalada que teve início em 1995. Depois de ter triplicado a produção de lá para cá, a companhia tem planos de expansão para chegar a 7 milhões de toneladas anuais daqui a uma década – 25% da demanda mundial esperada em 2017.
O mercado exterior também foi destino de 88% de 1,6 milhão de toneladas vendidas pela Votorantim Celulose e Papel (VCP) em 2006 – 940 mil toneladas de celulose e 670 mil de papel, que responderam por faturamento de R$ 3,3 bilhões. Outro peso pesado na investida brasileira no mercado global é a Suzano Papel e Celulose, uma das primeiras no mundo a aderir ao eucalipto, em 1957. Em 2006, a empresa, que tem negócios em 68 países, produziu 638 mil toneladas de celulose para comercialização e mais de 1 milhão de toneladas de papel, alcançando receita líquida de R$ 3,1 bilhões.
Com áreas agricultáveis a perder de vista, o Brasil é terreno fértil para o eucalipto por causa do clima tropical. O gênero, surgido em região fria, encontrou no país condições propícias ao crescimento acelerado que o uso econômico exige. "Aqui, uma floresta de eucalipto produz até dez vezes mais que no hemisfério norte", compara o diretor-superintendente da SBS, engenheiro florestal Rubens Garlipp, apontando a desvantagem climática como uma das causas do fechamento de fábricas no exterior. "Cortamos a árvore em sete anos; há países em que é preciso esperar muito mais tempo."
O Brasil também desenvolveu tecnologias de adaptação de espécies, melhoramento genético, manejo florestal e processamento industrial que abriram caminho para o eucalipto firmar-se como fonte da celulose. Insumo de papéis como o jornal, a celulose de fibra longa proveniente do pínus dominou a produção papeleira até meados do século passado. Pesquisas da Companhia Melhoramentos, na década de 1940, e da Suzano, na de 1950, mostraram a viabilidade da fibra curta. Nos anos 1970, o Brasil do milagre econômico instituiu incentivos fiscais e financiamentos abundantes para o florestamento com a árvore, fazendo deslanchar esse negócio verde.
O eucalipto, que passou a ser cultivado em todos os continentes, soma quase 20 milhões de hectares de florestas plantadas no planeta – menos de 10% do total, pois o pínus ainda é o preferido em outros países. A Índia lidera o plantio de eucaliptais, com 8,1 milhões de hectares, seguida pelo Brasil. No caso das empresas de celulose, grande parte dos cultivos tem certificação ambiental de instituições internacionais como o Forest Stewardship Council (FSC). Além de papel, lenha, carvão, madeira para móveis e construção civil, laminados e compensados, as aplicações do eucalipto englobam a indústria de cosméticos e de remédios, que utiliza cápsulas de celulose solúvel.
A árvore também desponta como fonte promissora de créditos de carbono. Com o mecanismo, criado pelo Protocolo de Kyoto em 1998, empresas que retiram carbono da atmosfera podem negociar esse benefício ambiental com companhias de países obrigados a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), responsáveis pelo aquecimento da Terra. Em fevereiro, a Suzano vendeu 20 mil toneladas de créditos na Chicago Climate Exchange (CCX), a US$ 80 mil. Até 2010, a empresa conta ofertar 3 milhões de toneladas de créditos, graças à fotossíntese de suas florestas de eucalipto.
Pressão sobre os pampas
Se movimenta cifras astronômicas, ocupa mão-de-obra e ajuda a atenuar o aquecimento global, por que o eucalipto é pivô de tantas disputas, acossado por todos os lados? O avanço do cultivo em terras gaúchas evidencia que as posições sobre esse plantio são divergentes e até antagônicas. Na arena, batem-se grandes empresas, ambientalistas, agricultores de todos os portes, comunidades tradicionais e governos. A contenda extrapola quesitos agronômicos e ambientais e enfeixa pendências fundiárias, opondo visões inconciliáveis sobre o uso da terra e a agricultura familiar.
Para a má fama do eucalipto contribuem, além da monocultura, as acusações de consumo excessivo de água e o uso de defensivos agrícolas. Na SBS, Rubens Garlipp vê nisso mais exagero que verdade, argumentando que os impactos ambientais equivalem aos das demais culturas. Outra pecha: ser planta exótica, embora também o sejam a soja, o arroz, a batata e muitas outras. "Que é monocultura, não dá para discutir, mas procuramos minimizar isso", afirma o gerente de Relações Institucionais da Suzano, Luiz Cornacchioni. Uma alternativa tem sido o plantio entremeado com mata nativa, formando corredores ecológicos. "Isso garante o fluxo gênico da fauna e da flora", destaca.
Mais novo front da eucaliptocultura, o Rio Grande do Sul terá duas novas fábricas de celulose na próxima década, tocadas pela Votorantim e pela gigante sueco-finlandesa Stora Enzo. A Aracruz, que fabrica 430 mil toneladas anuais de celulose em Guaíba, também vai ampliar essa unidade, a fim de quadruplicar a produção local. Para garantir matéria-prima a esses empreendimentos, as empresas estão formando a base florestal em terras próprias e de agricultores parceiros. Só a Votorantim adquiriu mais de 90 mil hectares e já cobriu quase metade com eucaliptos.
Como grande parte das terras destinadas à expansão dos eucaliptais foi comprada antes de 2006, as aquisições ficaram na berlinda a partir desse ano, quando a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) lançou o Zoneamento Ambiental para Atividades de Silvicultura. Embora liberasse à atividade 9 milhões de hectares – mais de um terço do estado –, o plano propunha restrições ao eucalipto na chamada Metade Sul, onde as empresas tinham adquirido áreas a preços baixos. A região, com pecuária, integra o bioma pampa e abriga grande diversidade de aves, mamíferos e espécies vegetais.
O impasse acirrou ânimos. As "papeleiras", como as empresas de celulose são chamadas pelos gaúchos, ameaçaram deixar o estado. Insatisfeita com a morosidade na concessão de licenças de plantio na Fepam, a governadora Yeda Crusius demitiu em maio a secretária do Meio Ambiente e o presidente da fundação. Seus substitutos assumiram com a missão não só de restabelecer o fluxo de licenciamentos, como de rever o zoneamento. Foi uma versão em ponto menor do imbróglio federal por causa da hidrelétrica do rio Madeira, em Rondônia, que opôs o Ministério do Meio Ambiente ao restante do governo.
De janeiro a outubro, a Fepam concedeu 143 licenças de plantio, totalizando 27,7 mil hectares. Outros 72 pedidos, que somam 11,9 mil hectares, esperam a palavra final para o início do cultivo. Desde 2004, as autorizações de plantio abrangem 100 mil hectares, embora as florestas de eucalipto ocupem área bem maior, uma vez que antes não havia exigência de autorização ambiental. O zoneamento pode ainda não estar concluído, mas a presidente da Fepam, Ana Maria Pellini, garante que as licenças são outorgadas com base na legislação ambiental e no conhecimento acumulado.
"A Fepam não se posiciona sobre aspectos ideológicos, mas apenas sobre a proteção ao meio ambiente", afirma. "Estamos tranqüilos quanto ao cumprimento da missão. As licenças levam em conta as fragilidades de cada região. Estabelecemos cuidados específicos, restrições e medidas mitigatórias e compensatórias para cada situação, considerando aspectos de água, solo, fauna, flora e, especialmente, do ser humano. Em nenhum caso licenciamos mais de 60% da área total da propriedade nem permitimos a formação de maciços, tomando cuidado especial com a vegetação nativa das áreas contíguas."
O MST combate, porém, o cultivo da árvore nos assentamentos. "Nosso objetivo é produzir alimento, não eucalipto", prega a dirigente Irma Ostroski, alegando que a planta rende menos que a pecuária. "A monocultura do eucalipto é a morte da pequena agricultura. O produtor não consegue o suficiente e ainda tem a terra ressecada." O MST, que em 2006 destruiu no Rio Grande do Sul um horto florestal da Aracruz em Barra do Ribeiro, ocupou em outubro de 2007 áreas da Votorantim e da Stora Enzo, em Bagé e Santana do Livramento. Em Pedro Osório, Piratini e Pinheiro Machado, assentados romperam parcerias com a Votorantim e arrancaram as mudas de eucalipto que tinham plantado.
Atitudes como essa são definidas como "ideologia contra o agronegócio" pelo diretor-superintendente da SBS. Rubens Garlipp classifica os inimigos do eucalipto em três categorias: "O que foi malsucedido no negócio, o que o desconhece e aquele movido por outros interesses". Como a SBS, a Embrapa Florestas defende o cultivo da planta pelo pequeno e médio produtor, por ser perene e rentável a partir do sétimo ano, além de poder conviver com a pecuária. No Paraná, onde esse mercado verde tem hegemonia da Klabin, o consorciamento foi adotado em mais de 40 propriedades pela Embrapa e pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaep).
Impactos rumo às cidades
Escaramuças entre empresas de celulose e opositores do eucalipto ocorrem em vários estados. No extremo sul da Bahia, que tem nos eucaliptais a principal atividade rural de mais de 20 municípios desde os anos 1990, as maiores fábricas de celulose são a Veracel (sociedade Aracruz-Stora Enzo), em Eunápolis, e a Suzano, em Mucuri – a maior unidade da empresa, com capacidade de produção anual de 1,1 milhão de toneladas. Organizações não-governamentais atribuem ao plantio de florestas o êxodo rumo às cidades, por conta do fim da pequena agricultura.
Entre os censos de 1991 e 2000, a população rural de Eunápolis encolheu de 7.005 moradores para 4.959, embora o total de habitantes tenha crescido de 70.545 para 84.120. "As plantações de eucalipto se apropriaram de modo desenfreado de quase todas as terras produtivas, fazendas tradicionais, casarios centenários, comunidades, agrovilas, riachos – enfim, de tudo o que compõe a cultura de um povo", declara a coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia (Cepedes), Ivonete Gonçalves. Na região e nos vizinhos nordeste de Minas e norte do Espírito Santo, os eucaliptais ocupam 700 mil hectares.
No norte capixaba, a árvore está no centro de disputas por terras cultivadas pela Aracruz. No município que deu nome à empresa, o conflito com índios tupiniquins e guaranis dura quatro décadas, acirrado por ocupações de instalações da empresa e até incêndios de eucaliptais. Em 1998, os indígenas retomaram 7 mil hectares, apoiados pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Outros 11 mil hectares de eucaliptais, reconhecidos em agosto como terra indígena pelo Ministério da Justiça, vão ser demarcados. Em Conceição da Barra, quilombolas da localidade de Linharinho também reivindicam eucaliptais da Aracruz.
Uma das mais antigas áreas florestadas com eucalipto no país, o alto vale do Paraíba, em São Paulo, também abriga focos de tensão. Na região, quase todos os municípios têm grandes cultivos da espécie. Em São Luís do Paraitinga, desde os anos 1970 os eucaliptais da Suzano e da Votorantim – incluídos os plantios de fomento – tomaram o lugar da pecuária decadente e avançaram sobre a cidade, assustando a população. Com mais de 20% do território transformado em eucaliptais, São Luís viu a cultura florestal varrer fazendas do mapa, ilhar pequenas comunidades e isolar capelas que centralizavam a vida comunitária.
Além dos efeitos ambientais, como a extinção de mananciais e riachos, a expansão dos eucaliptais teve impactos socioculturais. "Muitos lavradores que foram trabalhar com eucalipto não se adaptaram ao sistema empresarial e migraram para a cidade", afirma o professor Marcelo Toledo, do Movimento em Defesa dos Pequenos Agricultores (MDPA). O antropólogo André Luiz da Silva, da Universidade de Taubaté (Unitau), completa: "O impacto se traduziu na degradação dos meios de vida costumeiros e em forte redução demográfica, com questionável retorno financeiro e alto custo ambiental".
A gerente de Sustentabilidade da Votorantim Celulose e Papel, Maria José Zakia, afirma que, com ações de responsabilidade social frente ao êxodo no campo, a companhia "está disposta a ajudar a minimizar esses impactos, que não foram causados necessariamente só pela empresa". Com eucaliptais em 55 municípios da região, a Votorantim cultiva 50 mil hectares e preserva 47 mil, empregando 2,4 mil trabalhadores no vale do Paraíba e na base florestal de Capão Bonito (SP). De acordo com Maria José, a empresa só faz plantios de acordo com as leis municipais e não cultiva mais de 10% do território de cada município.
Nascido e criado até os seis anos em São Luís do Paraitinga, o geógrafo Aziz Ab’Sáber, professor honorário do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), critica o avanço desenfreado dos eucaliptais Brasil afora. "Os planos diretores precisam impor comedimento a essa monocultura, que toma o espaço dos sitiantes e os deixa isolados", afirma ele, repetindo o alerta feito na cidade durante debate de projeto de lei para disciplinar a eucaliptocultura. As florestas plantadas, defende, têm de distar 6 quilômetros das zonas urbanas e 3 quilômetros das rodovias. "As cidades devem crescer normalmente. É preciso preservar espaço para o futuro", diz o geógrafo.
"Não interessa um florestamento que expulse o homem e bloqueie outras atividades rurais", adverte Ab’Sáber. "Nem é aconselhável ter cenários homogêneos e irreversíveis por grande espaço de tempo. Isso impede o desenvolvimento de outras atividades e de novas vocações no futuro." Nada contra o eucalipto por parte do geógrafo da USP, que coordenou o mais arrojado plano de florestamento já apresentado ao país – o Florestas para o Meio Ambiente (Floram), em 1989. Por razões políticas, o Floram ficou no papel, mas previa o plantio de 20 milhões de árvores e incluía o gênero como alternativa rentável para o produtor. "O problema", ressalta ele, "é que tentam pôr eucalipto no Brasil inteiro."
![]() | |