Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

PS
Sob o signo da emoção

Laura Maria Casali Castanho



Das Utopias
"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A mágica presença das estrelas!"

                                Mário Quintana


Pensar ou escrever sobre projetos culturais, geralmente, leva a discorrer sobre teorias que fundamentam o trabalho diário de profissionais da área de lazer socioeducativo. Poder-se-ia, por exemplo, mencionar a "Teoria Sociológica da Decisão", do pesquisador francês Joffre Dumazedier, cuja metodologia pretende aproximar os resultados da ação com as intenções de quem age. Ou então, descrever o longo e sinuoso trajeto de uma idéia ou sonho individual até que se transforme em projeto formatado e aperfeiçoado em equipe – pois só em grupo o projeto é depurado, através de discussão, de pesquisa, de intersecção de saberes e de operacionalização.

Mas não. Prefiro recuperar, aqui, alguns flashes e cenas que, por mais efêmeros e banais que pareçam, persistem vivos em minha memória...

A menina se balançando no trapézio e o vai-e-vem de seu olhar, fascinado e assustado, ao mesmo tempo, com a sensação de voar pela primeira vez. A emoção do músico da Sinfônica Jovem contando que só conseguiu estudar violoncelo graças a um projeto que possibilitava o empréstimo de instrumentos, durante as aulas e para estudo. O depoimento que li certa vez, de um importante diretor de teatro, reconhecendo que o convívio com a efervescência cultural, durante sua participação em oficinas teatrais, no início da carreira, foi fundamental em sua obra.

Arrisco-me a ser "piegas" por estar convicta, neste momento, de que a subjetividade e o envolvimento afetivo com o trabalho são tão essenciais quanto os aspectos técnicos e metodológicos. No entanto, raras vezes são revelados e valorizados.

Durante o processo de construção de um projeto cultural, desde o surgimento da idéia, passando por sua materialização e chegando ao desfrute do público, surgem questionamentos, dúvidas, interferências externas e, por que não, intuições, com os quais é necessário saber lidar e administrar.

Por mais que sejamos eficazes e eficientes no planejamento, que utilizemos modelos operacionai