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Nos Bastidores da Ação Cultural
O Brasil tem uma diversidade cultural muito rica, que estimula a criação de projetos. Mas os caminhos que artistas e produtores percorrem para concretizar uma idéia são sempre complicados. A falta de planejamento, de formação e de recursos dificulta as ações. Como viabilizar um projeto cultural? Qual é o "caminho das pedras"?
Em 1983, Antonio Nóbrega mudou-se para São Paulo, pois a capital paulista apresentava, para ele, perspectivas para a profissionalização de um artista. Na bagagem, muita coragem, ganzás, marimbaus, rabecas e outros instrumentos que, em pouco tempo, conquistaram o Brasil e o mundo. "O que se sobrepõe ao medo é essa coragem de se colocar como artista", diz.
Mesmo pouco conhecido, Nóbrega já tinha em seu currículo a passagem pelo Quinteto Armorial, a convite de Ariano Suassuna, no qual ficou por dez anos. Em São Paulo, o artista precisaria abrir caminhos e, por isso, custeou o primeiro espetáculo realizado na cidade. Não tinha patrocínio e nem apoio cultural.
Hoje, quando dá o ar da sua graça nos palcos, levando ao público personagens populares do Nordeste, Nóbrega reverencia um Brasil que lhe parece muito familiar. No entanto, para alcançar a veracidade de suas personagens, foi preciso muito empenho e pesquisa. O artista foi aprender danças, gestos, cantos e histórias regionais para criar a linguagem gestual e corporal que marca seus espetáculos, tornando-os inconfundíveis. O espetáculo Pernambuco, programado para o Sesc Belenzinho nos dias 2, 3 e 4 de julho, foi o resultado final de um processo intrincado que nasceu de uma semente (a idéia) e teve etapas intermediárias de difícil consecução. No caso de um show musical como Pernambuco, é preciso, além do talento óbvio, levantar recursos, pesquisar, ensaiar, batalhar por patrocínios. Como diria Carlos Drummond de Andrade, muita transpiração...
Hoje, para a realização de seu trabalho, Nóbrega tem muitos parceiros. São profissionais da área artística tão competentes quanto ele que produzem letras, acordes e personagens. "No início, fiz muita coisa, inclusive captar recursos. Hoje, conto com pessoas especializadas em muitas áreas", esclarece.
Mas, há três anos, ele conquistou uma grande parceira, a holandesa Philips. A empresa se rendeu à brasilidade e ao apelo cultural do artista e vinculou sua marca à cultura brasileira, patrocinando-o. "Faz parte de um projeto chamado Philips Brasilis, que tem por objetivo prestigiar e incentivar a arte e a cultura brasileiras", diz Flávia Moraes, gerente de propaganda e eventos da empresa no Brasil.
Ao agregar a marca Philips à brasilidade de Nóbrega, a empresa pratica o chamado "marketing cultural", conceito recente na história da produção cultural brasileira.
É como se surgisse uma nova maneira de trabalhar o marketing da empresa, em que o grande desafio dos profissionais do setor é a construção da identidade - ou melhor, da própria marca da empresa - através da subjetividade do produto cultural apoiado.
Segundo Yacoff Sarkovas, consultor de marketing cultural e diretor da Articultura, o que dá o tom para o surgimento do marketing cultural é o entroncamento do mecenato histórico - baseado na beneficência - com o mecenato privado de caráter corporativo, principalmente nos Estados Unidos.
"Em 1966, quando David Rockfeller fundou o Business Committee for the Arts, uma instituição que considerava o florescimento cultural um bom negócio, pela primeira vez o apoio à cultura foi justificado pelo retorno direto que poderia trazer ao patrocinador e não por uma retórica beneficente", explica.
De lá para cá, muitas transformações aconteceram e especialistas apontam que somente no início da década de 1980 o patrocínio cultural se fortaleceu no Brasil. "As empresas passaram a diversificar suas ferramentas de comunicação, adotando novos conceitos e estratégias. O mercado vive sob o império das marcas. O importante não é mais produzir um bem e sim, criar um símbolo, um signo", diz Yacoff.
Ele defende que através da "comunicação por atitude", as empresas revelam seus valores e crenças e, então, associam a marca a ações adequadas ao interesse de seu público.
Embora não reconheça sua ação cultural como estratégia de marketing, outra empresa figura na lista de fomentadores culturais: a Nestlé incentiva exclusivamente a produção literária no país. "Não gosto do termo marketing cultural. Fazer cultura é muito mais do que isso, vai além de um objetivo comercial, é dar uma contribuição cultural ao país", diz Brigitte Loyola, gerente de relações institucionais da Fundação Nestlé.
Incentivando o estudo e a pesquisa na área literária, a fundação, criada em 1981, com o Prêmio Nestlé de Literatura - que contempla escritores iniciantes e consagrados - lançou um novo concurso este ano. A instituição está patrocinando o Concurso Nacional de Ensaios, promovido pelo Ministério da Cultura, que premiará, com R$ 50 mil, os melhores ensaios sobre dois nomes de peso na cultura brasileira: Rui Barbosa e Joaquim Nabuco. "É aberto para qualquer cidadão", explica Brigitte.
Pesquisa
Com o objetivo de avaliar o impacto econômico de investimentos públicos e privados na cultura (no período de 1985 a 1995), o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Apoio à Cultura, encomendou à Fundação João Pinheiro, de Belo Horizonte, a pesquisa Diagnóstico dos Investimentos na Cultura no Brasil. Os números são impressionantes. A produção cultural brasileira movimentou, em 1997, cerca de R$ 6,5 bilhões, que correspondem a 1% do PIB brasileiro.
O impacto social e econômico desse setor reforça sua potencialidade para a geração de renda e empregos. Considerando-se todos os setores envolvidos no mercado cultural, a pesquisa apontou que existem 391 mil pessoas empregadas no setor privado desse mercado (76,7% do total), 69 mil como trabalhadores autônomos (13,6%) e 49 mil nas administrações públicas (9,7%).
Marketing Cultural
Partindo para a avaliação de 111 empresas de diferentes ramos da cultura, constatou-se que 53% das consultadas escolhem o marketing cultural como meio preferencial de ação de comunicação com o mercado consumidor.
Com a reformulação das leis de incentivo fiscal (veja box na p. 15), que possibilitam a formação de novas parcerias entre empresas e produtores culturais, os investimentos na área cultural foram ampliados. As leis estimulam as empresas a investirem em cultura. No entanto, segundo Yacoff, a renúncia fiscal, que é a responsável por investimentos de até R$ 150 milhões/ano, nas empresas alimenta um tipo de investimento que se dá, na maioria das vezes, pela veia tributária.
Maria Alice Machado Gouveia, membro do conselho da Lei de Incentivo à Cultura (Linc) do estado de São Paulo, coordena o Programa de
Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Cultura - Planejamento e Viabilização de Projetos Culturais do Sesc. Ela diz que as empresas que patrocinam projetos culturais - inclusive as que só apóiam aqueles aprovados pelos mecanismos de incentivo - querem agregar valores e buscam transferência de atributos para sua marca, entre outros interesses.
Para isso, estão atentas para elementos com os quais os produtores nem sempre se preocupam. "Os empresários querem um projeto criativo, bem elaborado, convincente, que tenha um propósito de público, distribuição e bilheteria, por exemplo", revela.
Desde 1996 já foram aprovados, só pela Linc, 220 projetos. Segundo ela, a cada ano chegam cerca de 700 para análise. Somente 10% são aprovados.
Silas Redondo, economista e consultor em desenvolvimento de projetos para patrocínio, aponta que menos de 10% dos projetos aprovados pelo Ministério da Cultura se realizam. "Temos um mercado de patrocínio para ser alcançado. Existem cerca de 60 mil grandes e médias empresas no Brasil. As que colocam dinheiro em cultura não chegam a 5%", diz.
Ópera na Gaveta
O maestro Jorge Antunes, professor de Composição Musical na Universidade de Brasília e um dos precursores da música eletrônica no país, entende muito bem o que significa ter um projeto que não saiu do papel, ainda que aprovado por uma lei de incentivo. Durante dez anos, ele se dedicou à realização da Ópera Olga, baseada na biografia da comunista Olga Benário, companheira de Luís Carlos Prestes. Elaborada para uma orquestra com 80 músicos, solistas vocais, coro, balé, sons eletrônicos e cenários especiais, a pesquisa mudou a vida de Jorge, mas ainda não tocou o público.
Com bolsas de estudos da Fundação Vitae e do CNPq, Jorge descobriu a história da personagem. "Ela foi deportada para a Alemanha em 1936 e morreu em um campo de concentração seis anos depois. Fui até lá fazer pesquisa histórica e musical", diz.
Seu projeto, orçado em R$ 500 mil, já foi enviado para 42 empresas e não conseguiu patrocinador. "O empresário está preocupado com música contemporânea. E a arte de pequeno público ou a arte experimental e de vanguarda, como fica?", indaga.
Tempos de impasse. É dessa maneira que o ator Sérgio Mamberti diz que o brasileiro vive, hoje, quando pretende viabilizar seus projetos culturais. Ele afirma que as leis têm um papel importante na produção cultural, mas defende a criação de conselhos culturais nas empresas para a avaliação dos projetos. Para ele, o que está acontecendo é que a cultura tem sido transformada em um produto de mercado. "Ela está inserida no mercado mas não pode ser submetida, na sua criação, a essa lógica", atesta.
O ator explica, ainda, que é preciso um fórum nacional de cultura e cidadania, em que os cidadãos possam discutir caminhos para a viabilização de projetos, parcerias, espaço para a arte experimental. "Eventos como a Jornada Sesc de Teatro, por exemplo, abrem caminhos para a experimentação na dramaturgia brasileira e revela talentos. Isso é importantíssimo", diz.
Como já disse Federico García Lorca, o teatro é um sacrifício de amor que dura a vida inteira. No entanto, como qualquer atividade artística, se não for promovido, discutido, praticado, certamente não sobreviverá. Em São Paulo, a atuação do Sesc na área teatral confunde-se até mesmo com o início das atividades da instituição, em 1946.
No final da década de 1950 e princípio de 1960, quase todas as unidades da entidade promoviam a arte teatral, estimulando a criação de grupos de teatro amador. Não era um trabalho de formação, mas acabou revelando nomes que, mais tarde, despontaram para o grande público. Mas foi em 1967, na rua Doutor Vila Nova, que a instituição abriu um novo capítulo da história, voltado para o fomento da atividade teatral, com a inauguração do Teatro Anchieta.
Aposentado do Sesc, no qual atuou por quarenta anos, Carlos Lupinacci tem orgulho em relembrar momentos marcantes do Anchieta. Como assessor da instituição, ele acompanhou, em 1968, o lançamento do Festival de Teatro Amador e, quase vinte anos mais tarde, sua transformação na consagrada Jornada Sesc de Teatro, um ícone até os dias atuais. "O Anchieta era o teatro mais importante de São Paulo. Pensamos em um festival de teatro amador que pudesse atrair grupos do interior", relembra.
Reavivando a memória, Lupinacci conta que a equipe técnica do Sesc saía pelo estado afora selecionando os grupos que poderiam participar. "O Festival era uma vitrine. Sabíamos selecionar grupos que tivessem propostas importantes, pois ao passar pelo Sesc eles estariam disputando mercado", diz.
Atualmente, para transformar sonhos em espetáculos, os técnicos do Sesc nem sempre precisam "garimpar" projetos pelo estado. Eles também os recebem diretamente "em domicílio".
Além das unidades, há um ano e meio a entidade criou a Gerência de Ação Cultural (Geac), que coordena as ações do Sesc nessa área e também recebe e desenvolve projetos das várias modalidades artísticas.
Oito técnicos pensam e se desdobram para fomentar o mundo da dança, da literatura, do cinema, da música, do teatro e das artes plásticas. Sejam cursos, seminários, projetos especiais ou apresentações únicas.
"Trabalhamos com a diversidade cultural. As idéias podem vir de um produtor, artista, apresentado a um programador cultural, ou então, desenvolvidas pela própria Geac", explica Ivan Giannini, gerente de ação cultural. Ele revelou, ainda, que existe o que chama de "joint-venture", quando uma unidade cria um projeto e a gerência ajuda a desenvolvê-lo. Para Ivan, é importante, dentre outras coisas, que os projetos apoiados pela instituição tenham sempre um caráter inovador.
Mesmo assim, vez ou outra, até mesmo heróis "sem nenhum caráter" têm espaço no Sesc. É o caso de Macunaíma, retratado no projeto Coração dos Outros - Saravá, Mário de Andrade. A história de como esse projeto foi viabilizado não poderia deixar de ser citado nestas páginas. Trata-se de um projeto especial, no qual foram exploradas diferentes manifestações artísticas e que circulou por 69 cidades do estado.
Semente
Em 1995, a dançarina e coreógrafa carioca Lia Rodrigues resolveu apostar num trabalho dirigido à pesquisa literária sobre Mário de Andrade e descobriu, no autor e em sua vasta obra, um amplo universo para desenvolvimento de projetos. No Rio de Janeiro, lançou um olhar sobre os sessenta anos das missões folclóricas, coordenadas por Mário de Andrade, apostando numa exposição. A dança e a música estavam presentes no projeto patrocinado pela Petrobrás e que foi sucesso de público no Rio.
Inspirada por essa iniciativa, em 1997, a dançarina decidiu apresentar a idéia para o Sesc e, jogada a semente, o resultado chegou ao que o público poderá contemplar até o dia 11 de julho no Sesc Belenzinho. "Resolvemos discutir a proposta mas, desta vez, centrados em Macunaíma. Trata-se de um projeto especial, que chegou quando já tínhamos a intenção de fazer algo sobre Mário de Andrade pela atemporalidade da sua obra", explica Rosana Cunha, coordenadora de dança do Sesc.
Segundo Lia, para tomar corpo, revelar formas e criar vida, todo o trabalho, da pesquisa histórica à cenografia, foi desenvolvido na Geac em parceria com a arquiteta Gisela Magalhães, a jornalista Ana Bela Paiva e o curador Joel Rufino. Uma espécie de curadoria mista que deu certo.
Lia, ao ver a exposição pronta, não se conteve. "Lembrei-me daquela frase do livro O Turista Aprendiz, do Mário: 'Graças a Deus posso morrer. Já vi uma coisa bonita nesse mundo'."
Planejamento e Zoneamento
O sociólogo Pedro Braz é taxativo: "Sem planejamento, os produtores culturais e artistas não chegam a lugar algum". Ele fundou a Informações Culturais, uma empresa criada para dar assessoria técnica para o desenvolvimento de projetos de divulgação e ampliação da informação da cultura. Por isso, desenvolve pesquisas, seminários e dá consultorias nessa área.
Pedro diz ser fundamental que as cidades invistam em planejamento cultural. Ele é o responsável pelos censos culturais da Bahia e de Minas Gerais e afirma que, através de um censo específico como esse, é possível descortinar o que existe de manifestações culturais nos estados para que o Governo ou a sociedade possam trabalhar melhor as políticas culturais locais.
"Hoje, como é possível planejar na área cultural se o primeiro insumo de planejamento é a informação?", pergunta. Para ele, as atividades culturais que acontecem na periferia, por exemplo, devem ser estudadas e fomentadas para que continuem em seu local de origem. "É preciso dar condições para que elas continuem lá. Mas faltam zoneamento cultural e um olhar para a cultura do cotidiano", completa.
Na região de Campo Limpo, onde vivem cerca de um milhão de moradores, isso já acontece. O planejamento de um grupo de jovens permite que sejam estudadas estratégias de intervenções artísticas bem delineadas para a região. O produtor cultural Judas Tadeu de Souza está implantando o projeto Periferia com Arte, que consiste na formação de grupos de teatro em 322 associações de moradores da Zona Sul de São Paulo.
O projeto ainda está no início. Apenas duas comunidades já estão sendo trabalhadas, mas Tadeu sabe que para conseguir viabilizar projetos na periferia também é fundamental ter paciência. "Queremos aproximar as pessoas através da arte. A idéia é montar núcleos de formação cultural com teatro, música, dança, mas as dificuldades são inúmeras, já que para conseguirmos recursos concorremos até com o próprio município", explica.
Tadeu é escolado no assunto. Ele também coordena outro projeto em que a arte é instrumento de democratização e exercício de cidadania. Foi na organização do Centro Cultural Monte Azul, na favela que leva o mesmo nome, do qual ele ainda é coordenador, que aprendeu a dar os primeiros passos. Com o aprendizado sobre a gestão de recursos para projetos culturais na periferia e também na organização e no planejamento de projetos para serem aprovados pelas leis de incentivo, Tadeu sente-se preparado para novos passos. Bom sinal, já que os especialistas apontam como fundamental a profissionalização nessa área cultural.
Fora do Circuito Comercial
Os jovens artistas plásticos contemporâneos também têm espaço garantido no mercado. A Galeria do Sesc, por exemplo, é um espaço projetado para fazer a ponte entre o experimental e o mercado profissional. Anualmente, cerca de quinze artistas expõem seus trabalhos e, a cada mês, o espaço recebe uma média de cinqüenta obras. "A galeria prioriza artistas emergentes, que não estejam inseridos no circuito comercial e que, possivelmente, nunca tenham feito uma exposição individual", revela Elaine Mathias, coordenadora da galeria. Para o fotógrafo Araquém Alcântara, espaços onde os novatos colocam seus trabalhos deveriam se multiplicar no país. "O grande problema no Brasil é o início da carreira. Parece que as coisas só amadurecem quando seu trabalho está tão forte que não há como não vê-lo", explica.
Mesmo para um artista reconhecido como Araquém, viabilizar uma exposição, expedição, ou seja qual for o projeto, não é nada fácil. O autor da mais respeitada obra fotográfica sobre a natureza do Brasil, o Terra Brasil, também não consegue patrocinadores para seus arrojados projetos. "Uma grande obra se faz com muita transpiração, andança e trabalho coerente", diz.
Araquém tem o maior acervo de fotos do Brasil, mas conta que no início, há trinta anos, fazia exposições e não vendia nada.
Hoje, como não precisa mais mostrar portfólio, pode abrir o mapa e embrenhar-se quantas vezes quiser pelas diferentes paisagens brasileiras. E é isso mesmo o que ele faz.
Neste mês, por exemplo, quem quiser encontrá-lo terá de percorrer o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, onde está dando início à primeira viagem da expedição Terra Brasil. O fotógrafo desbravador percorrerá mais de 40 mil quilômetros para realizar, em um ano, doze viagens por dezessete estados brasileiros, que resultarão em mais dois livros: Viagem pelo Brasil e Brasileiros. Haja fôlego e patrocínio! Araquém completa: "Haja parceria".
O fotógrafo prova também que, para quem pode, existem outras nomenclaturas nesse mercado de patrocínio cultural: risco e autofinanciamento. Mesmo depois de trinta anos de "estrada", conseguiu apenas seiscentos filmes da parceria com a Kodak. Na volta, editores, preparem-se!
Capacitação Profissional para Produtores Culturais
Para quem atua na área de produção cultural, o mercado paulista oferece cursos. O Sesc abriu sua primeira turma do Programa de Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Cultura - Planejamento e Viabilização de Projetos Culturais, em maio, com previsão de término em 21 de julho. É o primeiro módulo de uma série de três. Está prevista, ainda para este ano, a realização dos próximos módulos
Por dentro das Leis de Incentivo à Cultura
Lei Rouanet (nº 8.313)
Criada em 1991, por Sérgio Paulo Rouanet, então Ministro da Cultura, a lei federal regulamenta a concessão de incentivos fiscais para os patrocinadores de projetos culturais aprovados pelo Ministério da Cultura.
Produtores e instituições podem, através dessa lei, receber de empresas e pessoas físicas, dinheiro devido ao imposto de renda para realizar projetos. Quem patrocina pode abater até o limite de 4% do imposto de renda a pagar, no caso de pessoa jurídica, e 6%, no caso de pessoa física. O projeto precisa passar pela aprovação do Ministério da Cultura, sendo apresentado à Coordenação Geral do Mecenato e aprovado pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura.
Informações: (061) 321-7994 e (0800) 61-0909.
Lei do Audiovisual (nº 8.685)
Modificada pela MP 1.515, a lei federal permite aos patrocinadores - pessoa jurídica ou física - de projetos audiovisuais aprovados pelo Ministério da Cultura, o abatimento de 100% do investimento até o limite de 3% do imposto de renda a pagar, além de dedução do valor total como despesa operacional, no caso de empresa. Quando um projeto é aprovado, a Comissão de Valores Mobiliários regulamenta a emissão de Certificados do Audiovisual, que podem ser adquiridos no mercado por intermédio de corretoras. Caso o filme dê lucro, o investidor tem direito a receber a parte proporcional à quantidade de certificados que possui.
Informações: (061) 226-6299.
Lei Mendonça (nº 10.923/Município de São Paulo)
Em vigor desde 1991, a lei, criada pelo então vereador Marcos Mendonça, permite que o patrocinador de um projeto aprovado pela Comissão de Averiguação e Avaliação de Projetos Culturais abata até 70% do total patrocinado para pagamento do IPTU ou ISS devido, até o limite de 20%, a cada incidência do imposto.
Informações: (011) 225-9077, ramais 2.291 ou 2.292.
Lei de Incentivo à Cultura (Linc/nº 8.819)
A lei estadual, criada no governo Fleury, está em vigor desde julho de 1996. A Linc criou o Programa Estadual de Incentivo à Cultura e instituiu o Conselho de Desenvolvimento Cultural, responsável pela análise dos projetos. A lei não pode destinar recursos superiores a 89% do custo total dos projetos. A inscrição deve ser feita com formulário específico da Secretaria de Estado da Cultura.
Informações: 221-2158 e 221-5938, ramais 235 e 237.
ociedade brasileira se mobiliza e transforma paternalismo em oportunidade de emprego, educação e transporte para as pessoas portadoras de deficiência. No próximo milênio, espera-se o rompimento de mais barreiras - sejam físicas ou de atitudes - para que as pessoas com necessidades especiais possam ter acesso a serviços, lugares e bens necessários ao seu desenvolvimento