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Atrás do sonho, há a realidade. Por trás da
fantasia, existe muita transpiração. Duas frases, aí está a síntese da matéria de
capa desta edição, ao tratar dos bastidores da criação cultural. Ao sentar-se numa
poltrona de teatro e deliciar-se com o texto e a interpretação daquela cena, o
espectador sequer imagina o trabalho que se esconde atrás dos espetáculos trazidos a
público. O mesmo raciocínio vale para todas as artes, de um show musical a uma grande
exposição de artes plásticas, passando por um espetáculo de dança: além dos rostos
vistos pela assistência, dezenas, às vezes até centenas de pessoas gastaram energia
para colocar aquela idéia de pé, para ser aplaudida e criticada.
A matéria registra o percurso existente entre a idéia e a estréia da criação, ao
exibir como os produtores e mesmo autores se esforçam ao fazer pesquisas, no levantamento
de recursos financeiros, na coordenação das equipes envolvidas e na execução, muitas
vezes braçal, que há por trás da cena cultural. Daí a transpiração citada pelo poeta
Carlos Drummond de Andrade.
A produção cultural nas últimas décadas assumiu um papel diferenciado por conta de
inúmeros fatores. Primeiro: o setor passou a movimentar imensas somas de dinheiro,
tornando-se um esteio econômico de grande porte, ao gerar empregos e receitas
equivalentes a 1% do PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com pesquisa realizada a
pedido do Ministério da Cultura. Segundo: atinge um número cada vez maior de pessoas,
dentro do que se convencionou chamar de "sociedade de massas", sofisticados
raciocínios de planejamento, de finanças e de admi-nistração passaram a ser empregados
no momento em que se decide levar uma idéia ao público, na forma de um espetáculo
cultural. A cultura, em certos aspectos, deixou de ser algo mambembe, até ingênuo, para
receber um tratamento similar ao de qualquer outra indústria geradora de produtos. O
fazer cultural sofreu um choque de profissio-nalismo, em resumo.
A reportagem aborda ainda como os produtores se valem de mecanismos fiscais criados pelo
Governo nas últimas décadas, com o intuito de facilitar a transformação de uma idéia
numa criação cultural disponível ao público. Mas não se engane: mesmo que hoje
navegue por estruturas bastante definidas, o fazer cultural jamais irá dispensar o sonho
e a inspiração, que também dão bastante trabalho a quem os concebe.
Em outra matéria, a cobertura do Dia do Desafio, quando mi-lhares de pessoas dedicaram
alguns minutos de suas vidas a executar criativamente algumas modalidades esportivas
tradicionais e outras ainda inusitadas.
Também merece destaque o projeto em homenagem ao escritor argentino Jorge Luis Borges, em
seu centenário de nascimento. Dentro de um mesmo espaço, literatura, artes plásticas e
dança.
Bom proveito!
Danilo Santos de Miranda
Diretor do Depto. Regional do SESC