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Inclusão bancária: estímulo à vista
Bancos já se interessam pelos 40 milhões de brasileiros sem conta corrente
LAURA LOPES
Posto de atendimento em farmácia / Foto: divulgação
Nada menos que 87% dos brasileiros constituem as classes C, D e E do país, que ganham até dez salários mínimos por mês, segundo dados divulgados pelo instituto de pesquisa Data Popular no ano passado. Isso representa 53% da massa da renda do Brasil, que totaliza R$ 523 bilhões por ano. O mesmo levantamento mostrou que cerca de 52% da população economicamente ativa trabalha na informalidade. De acordo com o governo, 40 milhões de pessoas não têm acesso aos serviços de conta corrente. Esse enorme contingente, sempre ignorado pela rede bancária, passou a chamar a atenção dos varejistas. Não é à toa que o mote do Data Popular é "Só é líder de mercado quem é líder nas classes populares".
Para incluir essas pessoas em suas carteiras de clientes, bancos privados, como Bradesco e Lemon Bank, e públicos, como Caixa Econômica Federal (CEF), Banco do Brasil (BB) e Nossa Caixa, oferecem serviços e produtos a custos reduzidos, como a conta simplificada. Para abri-la, o cliente não precisa comprovar renda nem endereço, seu saldo não pode ultrapassar R$ 1.000 e não há cobrança de tarifas para até 12 operações mensais. Além disso, ele não pode ter conta em outras instituições (ver quadro abaixo).
"Esses bancos estão atrás de uma população economicamente ativa, mas que trabalha como autônoma ou atua na informalidade e muitas vezes ganha até mais que os assalariados. O objetivo é flexibilizar a relação com os clientes – do contrário, disputarão sempre a mesma fatia do bolo, deixando de fora um grande número de pessoas desbancarizadas", afirma Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, agência classificadora de risco de crédito. "Foi o que aconteceu com os aposentados, que eram desprezados pelos bancos e agora são tratados a pão-de-ló", complementa.
Mais cidadania
Segundo Ana Cristina Ribeiro da Cunha, gerente nacional de pessoa física da CEF, o público de baixa renda se tornou um dos mercados de maior crescimento para os produtos e serviços financeiros, em especial o crédito consignado e o cartão de crédito. "Nas classes C, D e E, a taxa de penetração desses produtos vem crescendo cerca de 20% ao ano, desde 2004", afirma ela. Na opinião de Reginaldo Magalhães, pesquisador da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), essa é a maneira que os bancos encontraram de aproveitar a grande capilaridade dos postos de atendimento já existentes, principalmente a CEF e o Bradesco, e oferecer alguma estabilidade a essas pessoas.
Esse movimento em direção às camadas populares começou há pouco tempo, depois que o Banco Central abriu uma série de concessões à criação de contas simplificadas, no final de 2003, com redução de impostos, taxas e juros, beneficiando também o microcrédito de uso livre ou produtivo, este último liberado para fins empreendedores. "O governo federal ampliou o número de agentes financeiros locais, aumentou os produtos e serviços e preparou o terreno para que o sistema bancário abrisse as portas à população de baixa renda", diz Robson Rocha, presidente do Banco Popular do Brasil (BPB) – subsidiário integral do Banco do Brasil, criado com o intuito de atender apenas a população carente. Com as novas medidas, pessoas que guardavam seu dinheiro em casa ou que não conseguiam poupar podem agora começar a se organizar financeiramente. "É um passaporte social", comenta Santacreu. "Elas ganharam um pouco mais de cidadania", completa. Essa é também a opinião de Gilberto Salomão, diretor-geral do Lemon Bank, instituição que trabalha com contas simplificadas principalmente na região nordeste. Segundo ele, tais pessoas "se sentem mais incluídas socialmente a partir do momento em que têm um produto financeiro no bolso". Isso diminui o risco de assaltos, por exemplo, já que elas depositam o dinheiro que ganham em vez de carregá-lo consigo, além de possibilitar o pagamento de contas com cartão de débito. "Elas têm orgulho de usar o cartão com seu nome gravado", afirma. No Lemon, 70% das contas são de pessoas que nunca tiveram experiência com produtos financeiros anteriormente.
Há, também, aquelas que desejam enviar recursos para parentes distantes, o que é quase impossível sem a intermediação de um banco. Outros casos atendidos são os de famílias do interior do Brasil cuja renda praticamente se resume aos benefícios concedidos pelo governo. Aposentadoria, INSS e Bolsa Família, por exemplo, geram o sustento de grande parte da população de municípios isolados. É aí que entram em ação os correspondentes bancários, que chegam aos mais diversos lugares sem gerar, para a instituição financeira, os gastos de uma agência, uma vez que são postos instalados dentro de estabelecimentos comerciais, como farmácias, açougues, mercadinhos e padarias. O custo da mão-de-obra fica por conta do dono do estabelecimento, que ganha de R$ 0,10 a R$ 0,25 por operação, realizada com equipamento fornecido pelo banco. O BPB e o Lemon, por exemplo, trabalham exclusivamente com esse tipo de posto de serviço.
O Bradesco, em parceria com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), conta com mais de 5,6 mil correspondentes do Banco Postal, presente em quase todas as agências dos Correios e com serviços como abertura e movimentação de contas, pagamento de títulos, saque de benefícios e cheque postal. Segundo relatório do Bradesco, 1,7 mil postos foram implantados em praças até então desassistidas por esse tipo de serviço, o que beneficiou aproximadamente 18 milhões de pessoas. "Já foram abertas mais de 6 milhões de contas, com maior procura no nordeste", diz Fernando Miranda, chefe do departamento do Banco Postal na ECT. Apesar disso, ele lembra que a agência que tem o maior número de contas – mais de mil – fica na região da Avenida Paulista, em São Paulo. "É uma área de passagem de muita gente de baixa renda, que prefere abrir conta nos Correios a entrar no próprio Bradesco", afirma.
O Lemon Bank, com seus 5,5 mil pontos, 500 deles no nordeste, é responsável pela abertura de 50 mil contas correntes em Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, estados em que a população é carente de serviços bancários. A CEF tem quase 5 milhões de contas simplificadas e possui uma rede de correspondentes, o Caixa Aqui, com mais de 15 mil postos. O primeiro deles foi instalado no município pernambucano de Solidão, em janeiro de 2002. Até então, a cidade mais próxima com atendimento bancário ficava a 30 quilômetros de distância, o que fazia as mais de 400 mães incluídas no programa Bolsa Escola, instituído no país pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, e 750 aposentados terem de viajar, todos os meses, para retirar seus benefícios. De acordo com relatório do ano passado, os Caixa Aqui, que viabilizam a presença do banco em todos os municípios brasileiros, registraram quase 70 milhões de transações, entre as quais cerca de 15 milhões só de pagamentos de benefícios sociais do governo federal. Já o BPB tem 2,6 mil correspondentes, principalmente nas periferias, cidades do interior e pontos de grande circulação do público-alvo. O número de clientes já chegou a 1,35 milhão.
Apesar dos números expressivos, a instalação dos correspondentes em lugares afastados pode ser muito complicada. Há cidades em que só se chega de barco ou avião. Outras são tão carentes que não possuíam sequer um estabelecimento formalmente constituído capaz de abrigar um posto de serviço bancário. Nesses casos, a CEF, em parceria com o poder público local, buscou a regularização de pelo menos uma empresa, o que permitiu oferecer também serviços bancários aos clientes. Depois disso, as vantagens àquela população mostraram-se imediatas.
Facilidades perto de casa
Segundo um levantamento feito em 2004, cerca de 30% das pessoas beneficiadas pelo Caixa Aqui demoravam mais de uma hora para chegar ao banco mais próximo para sacar seus benefícios e 22% delas gastavam R$ 10 ou mais na cidade vizinha. Agora, com os correspondentes bancários e o acesso a uma conta corrente, a verba permanece na cidade, incrementando a economia local. Segundo Reginaldo Magalhães, a principal fonte de recursos da população do interior do país é a aposentadoria, seguida dos créditos rurais. O Banco do Nordeste, por exemplo, paga tais benefícios em cheque. "O favorecido não tinha como sacar o dinheiro e acabava sendo vítima do ágio cobrado pelos comerciantes", afirma. Com a conta simplificada e um posto de serviço bancário próximo de sua casa, esses problemas são atenuados. Além do aumento da circulação do dinheiro em espécie no município, as pessoas são estimuladas a usar a moeda em suas transações financeiras, em detrimento do escambo. Com dinheiro na mão, não há mais necessidade de trocar mercadorias.
Outro dado importante diz respeito ao local em que são feitos os gastos. As compras básicas eram realizadas na cidade onde a pessoa sacava o dinheiro. Agora, com o advento dos correspondentes bancários, os comerciantes locais começam a ter prioridade entre os clientes. Segundo informativo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de 2001, 80% das pessoas que pagavam suas contas nesses postos acabavam adquirindo pelo menos um produto vendido no estabelecimento. Vital Vieira Calais, dono de um mercado em Mimoso de Goiás (GO), foi um dos beneficiados pelo aumento do movimento. "Meu estabelecimento virou referência na cidade. Com o Caixa Aqui, as pessoas sacam seus benefícios e aproveitam para comprar alguma coisinha. Com isso, as vendas cresceram 40%", conta.
O aumento da clientela também é um ponto que atrai um número cada vez maior de comerciantes interessados em se tornar correspondentes bancários nos grandes centros urbanos. Paulo Antônio Leitão, dono de um supermercado na Vila Guarani, bairro de São Paulo, é correspondente da Caixa. Recebe R$ 0,20 por operação, numa média de 2,1 mil por mês. Esse dinheiro não o compensa financeiramente pelos gastos de pessoal, já que precisa disponibilizar uma funcionária para atender a população. Mas o fato de oferecer mais um serviço em seu estabelecimento pesou na hora de aceitar a proposta de seu gerente para que fosse correspondente. "Não sei quanto minhas vendas aumentaram, mas as pessoas que sacam aqui sempre compram algum produto", argumenta o proprietário, cuja empresa fica a cerca de 10 quilômetros de distância da agência da Caixa Econômica mais próxima. "Aqui, pelo menos, as pessoas não demoram mais de 10 minutos na fila. No banco, há dias em que você chega às 10 horas e consegue senha para ser atendido só depois das 3 da tarde."
Desafogar as agências bancárias é outro ponto positivo da instalação de correspondentes. Nivaldo Soares da Silva Filho, dono de uma lan house em Cidade Nova, periferia de São Paulo, também constatou crescimento de 40% no número de clientes. Como correspondente do Banco Popular do Brasil, chega ao limite de caixa, de R$ 3,8 mil, até mesmo antes do meio-dia. Quando atinge esse volume de negócios, tem de encerrar as operações, depositar o dinheiro no BB e abri-las novamente. Num raio de mais de 5 quilômetros, não existe nenhum outro serviço bancário, e a vizinhança já está acostumada a pagar contas e sacar benefícios em sua loja. Pela experiência de quase um ano como posto do BPB, ele conta que "quem tem conta no Banco Popular está mais interessado em fazer empréstimo". Mas, segundo o próprio Nivaldo, o banco deu ordens para refrear tanto a abertura de contas quanto a oferta de microcrédito. "Acho que é devido à alta inadimplência", diz ele.
Endividamento
Inadimplência, aliás, é um fator que assusta os bancos varejistas quando o assunto é microcrédito livre. Apesar dos juros baixos, de 2% ao mês, o cliente não precisa comprovar renda ou endereço, o que facilita o não pagamento da dívida. Com isso, por mais que o governo incentive esse tipo de transação, mesmo os bancos populares tendem a propor opções diferentes aos clientes de baixa renda. Na Caixa, "o Crédito Caixa Aqui Rotativo, suspenso em dezembro de 2004 em razão da inadimplência superior à das contas comuns e da dificuldade de entendimento da sistemática do produto pelo cliente, foi substituído em outubro do ano passado pelo Crédito Caixa Fácil Parcelado, cujo pagamento é realizado por carnê emitido no ato da contratação e que se mostra de mais fácil compreensão pelo público de baixa renda", explica Ana Cristina. Além dele, o banco ainda oferece a opção de o cliente penhorar um objeto de valor familiar, possibilitando assim que honre seus compromissos. "Esse tipo de crédito tem bem menos inadimplentes do que o Banco Popular do Brasil", constata Robson Rocha, que tem agora a incumbência de colocar ordem nas contas da instituição.
Desde que começou a operar, o BPB só trabalha no vermelho: em 2005, terminou o ano com R$ 62 milhões negativos. Em 2006, esse valor ficou em R$ 40 milhões. "A situação vem melhorando a cada trimestre. No ano passado, fechamos os primeiros três meses com R$ 14,8 milhões negativos. No primeiro trimestre de 2007, houve redução para R$ 5,3 milhões", relata Rocha, que espera chegar a um resultado positivo nos últimos meses do ano. "O Banco Popular tem dimensão social e econômica, por isso trabalhamos com o propósito de viabilizar o acesso bancário às pessoas de baixa renda, sem, no entanto, comprometer nossos acionistas", afirma.
Em relação às críticas de que estaria desperdiçando dinheiro por ser um banco estatal, Rocha rebate de pronto. "Estamos em fase de maturação, com apenas três anos de funcionamento. Outras instituições não deixam transparecer os resultados como o Banco Popular, porque não detalham em seus relatórios o prejuízo que têm com esse público. Além disso, conseguimos diminuir os custos de pessoal e melhoramos nossa tecnologia para baratear as operações", acrescenta. Por corte de custos entende-se redução de gastos com viagens e fechamento dos postos que não estavam preparados tecnicamente para trabalhar como correspondentes. "Crescemos muito rápido, mas com pouca produtividade. Agora estamos qualificando nosso atendimento", completa. Além disso, nessa fase de revitalização, o BPB está mais criterioso na hora de liberar recursos, sejam de R$ 50 sejam de R$ 600, baseando-se nas informações cadastrais e no histórico de quitações anteriores, e privilegiando os bons pagadores. É como acontece no Lemon Bank: a instituição analisa quantas contas o futuro beneficiado pagou nos últimos meses, antes de conceder o crédito. "Como o cliente usa nossos postos para quitar as despesas de casa, conseguimos identificar no sistema, pelo código de barras, se ele está em dia com as contas de luz e água, por exemplo. Dessa maneira, podemos analisar melhor quanto liberaremos, já que não podemos checar sua renda", afirma o presidente da instituição.
O crédito popular não deve ser comparado ao que é oferecido pelas financeiras, que cobram juros maiores e têm uma visão de negócio que não leva em consideração a inclusão social bancária. Segundo nota da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o crédito ao consumidor, que inclui cheque especial, cartão de crédito, crédito consignado, crediário e leasing, cresceu de R$ 31,4 bilhões para R$ 214,3 bilhões nos últimos 11 anos, representando 10,5% do PIB do país. De acordo com o pesquisador Reginaldo Magalhães, o mais procurado pelos brasileiros é o crédito consignado, cuja cobrança é feita diretamente em folha de pagamento. Dentre os tomadores desse tipo de empréstimo, 46% recebiam somente um salário mínimo por mês, e 16%, até dois.
Ainda que, em números absolutos, o microcrédito corresponda a menos de 0,5% do que foi concedido ao consumidor em geral por bancos, financeiras e operadoras de cartão, essa modalidade de empréstimo, que faz parte da política do governo de incentivo às microfinanças, tanto para uso livre quanto para atividades produtivas, também cresceu em grande escala, passando de R$ 93,7 milhões, em janeiro de 2004, para R$ 945,9 milhões em fevereiro de 2006.
Segundo Magalhães, esse tipo de crédito tem maior impacto nas periferias das grandes cidades ou nos pequenos municípios, onde qualquer aumento na renda já é capaz de gerar crescimento econômico entre a população. E, com o incremento da economia, "é preciso uma ferramenta para administrar a nova vida financeira, como as contas simplificadas", explica ele. Um bom exemplo disso aconteceu na cidade de Olivedos (PB). Um casal de lavradores que sempre viveu em terras de terceiros e cuja única renda eram os benefícios do INSS abriu uma conta no Banco Postal, recém-chegado ao local. Vendeu suas cabras, conseguiu um microcrédito e comprou uma pequena propriedade.
A ampliação do acesso a empréstimos, por outro lado, pode gerar grandes problemas. "Crédito fácil, combinado com pouco conhecimento sobre esse tipo de transação, má gestão de recursos pessoais ou pressão financeira inesperada, pode facilmente levar ao sobreendividamento", afirma Magalhães. "Isso é especialmente verdadeiro se a oferta de crédito não é acompanhada de um aumento proporcional de emprego e renda, uma vez que as opções de endividamento crescem, mas as de renda, não", completa. Ou seja, a facilidade de acesso a crédito pode significar muitas dívidas sem fontes para quitá-las. Só no estado de São Paulo, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2003, as famílias com renda mensal de até R$ 400 gastam mais que o dobro do que ganham. Pior: no primeiro semestre daquele ano, as taxas de inadimplência em empréstimos bancários, cheques e cartões de crédito cresceram 14% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com a Serasa.
Ainda que os dois dados não sejam comparáveis, já que o IBGE trabalha com receitas e despesas de domicílios e o índice de inadimplência é levantado a partir de informações individuais, é perceptível que as dívidas são estratégicas nos casos em que a renda é insuficiente. E nem sempre elas são ruins: "Assim como numa empresa, algum grau de endividamento domiciliar pode ser benéfico, elevando os padrões de vida por meio da aquisição de novos ativos e mantendo estável o consumo mensal", diz o pesquisador. Mas dívidas em excesso deterioram as finanças familiares e aumentam sua vulnerabilidade, principalmente na eventualidade de acontecimentos não previsíveis, como doenças, divórcio ou desemprego. "Nessa hora, é ainda mais importante o cidadão ter acesso a uma conta corrente ou poupança, onde depositou o dinheiro que guardava em casa", finaliza.
• Só pode ser aberta por pessoa física. *Bradesco e Caixa Econômica Federal. |
O que se pode fazer no correspondente bancário
• Pagamento de contas e títulos * Banco Popular do Brasil e Caixa Econômica Federal. |