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Destaques da programação do Sesc São Paulo embarcam rumo a Paris para compor a programação do Ano do Brasil na França

 

Considerado a maior manifestação cultural brasileira no exterior, o Ano do Brasil na França tem desempenhado, desde 22 de março, quando foi inaugurado, o papel de principal vitrine para a exposição não só da arte do Brasil, como também de suas marcas e empresas. Última edição das Saisons Culturelles Étrangères en France [Temporadas culturais estrangeiras na França] – que desde 1985 homenageiam diferentes países, como China, Japão, Índia, Egito, Argélia e Polônia, o destaque de 2004 – a programação prima pela diversidade das atrações, que poderão ser vistas por franceses e turistas de todo o mundo até o início de 2006. O tema do evento é Brésil, Brésis – Brasil, Brasis. Nada mais apropriado para traduzir as múltiplas culturas que formam o País e que estarão lá representadas por cerca de 400 projetos de teatro, cinema, dança, grupos folclóricos, fotografia, gastronomia, esporte, música, artes plásticas, design e literatura.

 

Algumas atrações presentes na programação do Sesc São Paulo irão compor a agenda do evento francês. Duas delas são bem conhecidas do público brasileiro: o espetáculo de dança Samwaad – Rua do Encontro, com direção artística de Ivaldo Bertazzo, e a exposição As Geringonças de Mestre Molina, parte do acervo permanente do Sesc. Ambas já excursionaram por diversas unidades da capital e interior.

 

 

Samwaad – Rua do Encontro

Resultado de um trabalho com 55 adolescentes de sete ONGs da periferia de São Paulo, o espetáculo é a parte visível do projeto Dança Comunidade, realizado pelo Sesc São Paulo em parceria com o coreógrafo Ivaldo Bertazzo, patrocínio da Petrobras, co-patrocínio do Instituto Votorantim e apoio do Ministério da Cultura. Concebido e dirigido por Bertazzo, Samwaad – Rua do Encontro fascinou os franceses do comissariado para o Ano do Brasil na França, que estiveram em São Paulo no início de 2004. Daí surgiu o convite para os jovens se apresentarem no Théâtre de l’Épée de Bois, na Cartoucherie, integrando a programação do Festival d’Îie de France. “O papel do Sesc nesse caso é manter o espetáculo ativo, junto com a escola Ivaldo Bertazzo, estimulando os processos do projeto Dança Comunidade”, explica Rosana Cunha, gerente de Ação Cultural do Sesc. “O grupo está instalado no Sesc Pompéia, onde os integrantes têm realizado os ensaios e freqüentado as aulas às quais já são vinculados desde o início do projeto.” O espetáculo não irá a Paris descolado da idéia que o originou. Ivaldo Bertazzo ministrará palestras e workshops em conjunto com  o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, com participação dos jovens bailarinos do elenco. “Os meninos estão que nem acreditam que pegarão um avião e irão para Paris”, conta Bertazzo. “Quero que eles andem por lá e vejam de tudo.” O coreógrafo conclui dizendo que o mais importante dessa agenda cultural brasileira na França é mostrar que, ao contrário do que muitos pensam, o Brasil não se resume a Carnaval, samba e futebol. “Acho que a ida desse e de outros espetáculos para lá servirá para mostrar um Brasil mais denso, mais reflexivo”, afirma. O espetáculo ficará em cartaz de 22 a 25 de setembro.

 

 

As Geringonças de Mestre Molina

Outro trabalho que encantou os franceses foram as geringonças de Mestre Molina – como ele próprio as chamava. Nascido em Bocaina, interior de São Paulo, em 1917, o artista começou a construir seu legado de imaginação e movimento aos 52 anos de idade. As bancadas criadas por Molina trazem miniaturas que reproduzem ambientes típicos da vida caipira nos quais tudo se move com uso de roldanas. “Um aspecto fundamental em seu trabalho é, sem dúvida, a narrativa”, explica o crítico de arte e escritor Paulo Klein no seu livro Arte Popular nas Geringonças de Mestre Molina (Sesc São Paulo, 2003). “Contando histórias cotidianas e mostrando situações simples, mas com movimentos, ele alcançou a condição de autêntico artista popular.” A ida de suas peças a Paris, para uma mostra exclusiva do mestre, começou a ser idealizada depois que algumas fotos foram vistas pela equipe de curadores do Pavillon des Arts, em Paris, local onde será montada a exposição. No final do ano passado, o francês Vincent Gille, um dos curadores do Pavillon, veio a São Paulo para visitar algumas instituições culturais, entre elas o Sesc, e teve a oportunidade de conferir ao vivo o universo de Molina. Não deu outra: ele estava convencido de que Paris tinha de ver aquilo. “Acho que o que fascinou os franceses foram a simplicidade e sofisticação das obras de Mestre Molina”, afirma Celina Neves, técnica da Gerência de Ação Cultural (Geac), do Sesc.

 

Das 20 obras que compõem o acervo Sesc, 14 foram selecionadas e embarcaram para a França onde ficarão em exposição de 22 de setembro até 26 de março de 2006. Foram necessários dois contêineres para alojar as peças, que ocuparam 32 caixas, 19 só para uma delas, Vida de Cristo. Esse movimento teve o patrocínio da Furnas Centrais Elétricas S.A. e apoio da transportadora Hamburg Süd.

 

Outros espetáculos apresentados no Sesc que seguiram para a França foram o musical Mue, apresentado no Sesc Belenzinho; o espetáculo de dança Ritual do Cotidiano, destaque de abril do Teatro Sesc Anchieta, no Sesc Consolação; o show musical Sampaca Cannibal Experience, realizado nas unidades de Vila Mariana, Santo André, Araraquara e Bauru; e a exposição Verso e Reverso, do artista plástico Julio Villani, que passou pelo Sesc Araraquara.