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Noite de abertura
Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi aberta no Theatro Municipal, dia 29 de junho, a Convenção Global, principal acontecimento do Fórum. O evento foi uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura, a Secretaria de Estado da Cultura, o Sesc São Paulo, o Ministério da Cultura e o Instituto Casa Via Magia - com apoio da Ford Foundation e do Sebrae e com gestão da Rede Brasil de Promotores Culturais. Presentes na solenidade o ministro da Cultura, Gilberto Gil, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, o governador Geraldo Alckmin, Carlos Lopes, representante da ONU, e o presidente do Conselho Diretor do Fórum, Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.


E agora, José?
O início da cerimônia de abertura foi marcado pela leitura do poema José, de Carlos Drummond de Andrade, cantado em ritmo de rap pelo ator Edson Montenegro, que dividiu o palco com dois bailarinos do Balé da Cidade de São Paulo. Na seqüência, o Hino Nacional foi interpretado por Inezita Barroso, acompanhada por Pereira da Viola. A noite terminou com a ovação dos convidados ao espetáculo Samwaad - Rua do Encontro, de Ivaldo Bertazzo.

Flagelo e corrupção
Os bolivianos do grupo Teatro de Los Andes encenaram a peça En un Sol Amarillo. O espetáculo lembrou a tragédia causada pelo terremoto que assolou algumas regiões da Bolívia em 1998 e também a corrupção que se instaurou na distribuição de verba vinda da comunidade internacional.

Anatomia da dança
Coreógrafos de diferentes partes do mundo apresentaram trabalhos com o objetivo de sinalizar novos caminhos na pesquisa de dança, além de estimular a produção contemporânea. Durante encontro no Sesc Pompéia foram realizados workshops, performances e mesas-redondas, com mediação da crítica de dança Helena Katz. Entre os participantes estiveram a coreógrafa Mei Yin, da Malásia; Sahar Azimi, de Israel; e o brasileiro Federico Paredes.

Todos os sons
O cantor franco-espanhol Manu Chao finalmente se apresentou para o público brasileiro, dia 27 de junho, na abertura do evento no Parque do Ibirapuera, dividindo o palco com Gilberto Gil, ministro da Cultura. E ainda surpreendeu os fãs com um show extra na choperia do Sesc Pompéia, no dia seguinte, quando tocou por quase três horas. Ao fim do espetáculo, o músico ainda atacou de DJ e manteve a pista cheia até de madrugada. Chao não se intimidou e desceu para dançar e conversar com as pessoas. “Só posso dizer que vir ao Brasil me deixa bem, me faz feliz”, disse o cantor à Revista E.

“Isso me faz pensar na questão da Justiça. Quem tem dinheiro paga e pode ficar livre. Isso não é direito. Isso não é justo.”
Marcelo Yuca, ex-baterista do grupo O Rappa, durante show de abertura no Parque do Ibirapuera, referindo-se à decisão judicial do caso do índio Galdino dos Santos. O músico lembrou também o rapper Sabotage, assassinado em 2003.

“Não pode haver uma universalização das culturas no sentido absoluto. Só pode haver a coligação de culturas, quando a máxima é a preservação de suas originalidades.”
Tassadit Yacine, antropóloga argelina, durante o debate Cultura e Desenvolvimento Social: Partilhando Responsabilidades

“Espero que meus filmes contribuam como imagem viva para o debate urgentemente necessário sobre a globalização indigna dos seres humanos que está ocorrendo no meu país, na América Latina e em toda parte.”
Fernando Solanas, cineasta argentino diretor de A Nuvem (1998), que esteve na programação do CineSesc

Identidade expatriada
O cineasta israelense Amos Gitai participou da conferência Diversidade Cultural: Patrimônio e Paradigmas da Humanidade. A marca de seu trabalho é o olhar profundo sobre a sociedade israelense, que vive um longo conflito político-religioso, devido a divergências com o povo palestino. Ele defendeu a possibilidade de “construir algo em outro lugar” e falou sobre refugiados e o reflexo dessa condição na formação da identidade. O cineasta fundou uma escola de cinema em Haifa (Israel), sua cidade-natal, e filmou títulos como Kadosh (1999) e Kippur - O Dia do Perdão (2000).


Esse tédio
A Companhia do Latão encenou a peça O Mercado do Gozo, dirigida por Márcio Marciano e Sérgio de Carvalho. A produção conta a história de um jovem burguês chamado para assumir a fábrica de tecidos herdada de seu pai, morto às vésperas de uma greve. Entediado, ele rejeita sua posição e busca no submundo da prostituição meios para reencontrar o gosto pela vida.


Vida louca
Eleito o melhor documentário brasileiro pelo público da 27ª Mostra BR de Cinema de São Paulo, Motoboys, Vida Loca, dirigido por Caíto Ortiz, foi exibido na Mostra Artística. Na tela o dia-a-dia de quatro motoboys e uma motogirl. O filme traz também dados sobre esses profissionais e uma série de entrevistas com personalidades como o arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, o publicitário Washington Olivetto, e o fundador da CET, Roberto Scaringella.


Cabo Verde na ponta dos pés
Com coreografia e direção de Mano Preto, a companhia de dança cabo-verdiana Raiz Di Polon apresentou CV Matrix 25, no Sesc Ipiranga. O enredo traça um paralelo com o Brasil. Trata-se de um povo que, em razão da seca, emigra e vai trabalhar na construção civil. “O espetáculo também presta homenagem a alguns instrumentos de trabalho usados pelo povo cabo-verdiano, como o trapiche, um pequeno engenho de açúcar movido por animais”, explicou o coreógrafo.

“O Fórum é o lugar da criatividade, do território livre e do sincretismo. O caminho para a cultura como desenvolvimento social é o da cooperação.”
Gilberto Gil, ministro da Cultura

“Os países em desenvolvimento, para se emancipar, devem procurar uma expressão cultural diferenciada. Assim, a cultura e o produto cultural podem também resultar em geração de renda e emprego.”
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de abertura

“A pureza e a alma das formas tradicionais estão sendo perdidas ao tentarmos progredir para chegar a um estado que dizem ser ‘ideal’. Não devemos impor nossa visão do que é ideal para o outro, temos de ter respeito ao outro.”
Edric Ong, membro do Conselho Délfico e diretor executivo da World Eco, no debate O Papel da Cultura e das Artes em Programas de Desenvolvimento

“Não podemos combater a mediocridade do mundo pela política, mas sim pela cultura, que prova que o sofrimento de um afegão é igual ao de um americano; que o sangue de um africano tem o mesmo valor do de um francês; que o amor é tão poético no Brasil quanto na Índia, que as azeitonas de um camponês palestino têm o mesmo gosto das de um camponês israelense.”
Atiq Rahimi, escritor e cineasta afegão (exilado em Paris desde 1980), durante sua passagem pelo