São Paulo sedia o evento que pretende levar aos grandes centros manifestações culturais de países periféricos e discutir seu potencial para o desenvolvimento econômico
No ano de 2000, em Florença, na Itália, um encontro com instituições de fomento e promoção culturais de vários países do mundo - entre elas o Instituto Casa Via Magia, da Bahia - discutiu de quais maneiras seria possível orientar recursos destinados à cultura para fazê-los surtir resultados mais efetivos nos países de Terceiro Mundo. Entre outros exemplos, a melhora da relação custo/benefício nos investimentos e a ampliação das possibilidades de criação de empregos na área. Na ocasião, começou-se a falar na realização de um Fórum Cultural Mundial como forma de unir iniciativas, locais ou internacionais, para pôr em prática o que até então estava no campo das idéias. O evento deveria servir como plataforma para um conjunto de ações coletivas que promovessem não somente a cultura em si, mas também seu potencial de desenvolvimento econômico e social. Quatro anos depois, a primeira edição do encontro se concretiza e tem o Brasil como país-sede. Mais especificamente a cidade de São Paulo. Fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria de Estado da Cultura, Sesc São Paulo, Ministério da Cultura e Instituto Casa Via Magia, com apoio da Ford Foundation e do Sebrae e com gestão da Rede Brasil de Promotores Culturais, o Fórum, a ser realizado de 26 de junho a 4 de julho nos vários espaços que compõem o Parque Anhembi, tem por objetivo buscar mecanismos capazes de “mover a cultura da periferia para o centro das discussões internacionais”, segundo os organizadores. “Nós não esperamos que o Fórum responda agora a todas as perguntas que estão na nossa cabeça e nas dificuldades do nosso dia-a-dia, mas sim que seja uma plataforma primeira para que se ampliem outras no mundo inteiro”, explica Walter Roberto Malta, presidente da Rede Brasil e membro do Conselho Diretor do Fórum. Em seu artigo Pela diversidade, publicado na íntegra nas páginas a seguir, o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, presidente do Conselho Diretor, discorre sobre a necessidade de discutir questões importantes para países fora do centro de poder. “A proposta do Fórum Cultural Mundial é aglutinar os esforços internacionais e dar lugar à expressão de uma agenda para as questões mais relevantes do mundo não-hegemônico”, esclarece. “Além disso, a intenção é somar os esforços locais e dos Estados no sentido de equilibrar as relações de força, desiguais no mundo atual, promovendo a paz e a solidariedade.” O encontro terá como atividade central a Convenção Global, um simpósio internacional que oferecerá para a reflexão as perspectivas culturais e as realidades sociais dos países mais pobres. Os destaques vão também para a Mostra Sesc de Artes (ver boxe), que neste ano foi antecipada para acontecer concomitantemente ao Fórum, e a Feira Cultural de Idéias e Oportunidades, uma enorme praça armada para o intercâmbio de manifestações e produtos culturais de todo o mundo. “É um grande ponto de encontro e relacionamento”, explica Malta. “Ela foi projetada para que as pessoas, depois do pique das conferências e discussões, se encontrem, tomem um café, conversem nos sofás e poltronas espalhados por lá e confiram livrarias e estandes.” A programação do Fórum Cultural Mundial pode ser conferida no Em Cartaz desta edição.
Por que São Paulo? Ainda em Florença, durante as trocas de idéias que discutiam as diretrizes do Fórum, três outras grandes cidades, além de São Paulo, foram cogitadas para sediá-lo: Nova York, Paris e Hong Kong. No entanto, ganhou a Paulicéia, e justamente por sua vocação para receber pessoas. “São Paulo inclui”, explica Walter Roberto Malta, presidente da Rede Brasil e membro do Conselho Diretor do Fórum. “Do ponto de vista de hotelaria, transporte, enfim, de todas as condições para a realização tanto do Fórum quanto da Convenção Global, sua atividade central.”
Pela diversidade - por Danilo Santos de Miranda A proposta de realização do Fórum Cultural Mundial em São Paulo vem, primeiramente, da constatação do esgotamento dos modelos tradicionais de filantropia e auxílio no tocante às questões de desenvolvimento. As reflexões atuais buscam repensar tanto as políticas públicas quanto das agências financiadoras de projetos, trazendo a questão cultural para o centro do debate. A proposta do Fórum Cultural Mundial é aglutinar os esforços internacionais e dar lugar à expressão de uma agenda para as questões mais relevantes do mundo não-hegemônico. Somar os esforços locais e dos Estados no sentido de equilibrar as relações de força, desiguais no mundo atual, promovendo a paz e a solidariedade. Inserir a centralidade da questão cultural no âmbito da cooperação entre os países visando a esses objetivos. São Paulo sedia o Fórum Cultural Mundial por se tratar de uma cidade típica do mundo não-hegemônico. É uma das maiores cidades do mundo, em um continente diverso e desigual. Reflete o crescimento rápido, mas acumula questões de desenvolvimento comuns aos países fora dos eixos centrais. No seu desenvolvimento, não só a economia determina seus desígnios. Um conjunto de fatores culturais fez com que miscigenação, identidade cultural e globalização se tornassem significantes para a sua identidade. São grandes os desafios a serem superados pelas políticas públicas e pela organização da sociedade civil na redefinição de prioridades em cidades como São Paulo. Nas nações não-hegemônicas, mais carentes de recursos e de estruturas políticas sólidas, é preciso estimular alguns princípios de ação cultural para o futuro das cidades, tais como a descentralização na gestão, as parcerias entre instituições governamentais e não-governamentais, a responsabilidade ética e social das empresas privadas, a participação popular, o fortalecimento das bases políticas democráticas para a gestão da “coisa pública” e, finalmente, o estímulo da diversidade cultural. Essa deverá ser uma ação para a criação, transformação, experiência crítica e estética. Para a promoção de formas inclusivas de interação e cidadania, de novas sociabilidades, necessárias à vida na metrópole global. Ser cidadão significa conviver com o diferente a partir do princípio universalizador do respeito à pessoa alheia. É imperativo que as políticas culturais acenem para esse caminho, estimulando as artes, a educação, a tecnologia e a informação de maneira mais democrática e participativa. O processo de globalização deve ser a realização da utopia da cidade, espaço multicultural por excelência, e não um processo avassalador de homogeneização do ser humano. Cabe-me propor pensar São Paulo como uma cidade multicultural, que, por estar fora dos eixos econômicos mundiais hegemônicos, apresenta, ao lado de conflitos e problemas de escala monumental, algumas experiências positivas. Creio que, compartilhadas, nos sirvam de ponto de partida para a reflexão sobre esse processo global. Os 450 anos da cidade em 2004 trazem a oportunidade de tornar mais visíveis essas experiências, trazendo sua contribuição para essas discussões em nível mundial. A idéia do Fórum Cultural Mundial é ser um momento aglutinador de troca, de reflexões e discussões sobre essas e outras experiências de cidades, grupos e culturas do mundo.
Danilo Santos de Miranda é diretor regional do Sesc São Paulo
Cultura na ordem do dia - por Claudia Costin O mundo vive um momento delicado e especial. Novos desafios surgem em diversas áreas. Como, por exemplo, conviver com a idéia de a mulher muçulmana usar o xador por convicção ao mesmo tempo que lhe seja dado o direito de discutir a emancipação feminina? Ou, então, como tratar a inclusão cultural dos menos favorecidos, fundamental para que eles se sintam verdadeiramente donos, ao invés de simples inquilinos, do planeta Terra? Podemos dizer mesmo que o mundo atravessa de uma só vez diversas crises, de segurança, de identidade, de desigualdade e de liderança. Entretanto, a história nos mostra que a humanidade avança e progride exatamente nos momentos de crise aguda. Assim, o momento atual é de profunda reflexão, para que novos caminhos de paz e prosperidade sejam desenhados pela humanidade. Neste espírito, nasceu a idéia da realização de um grande encontro de artistas, intelectuais, produtores culturais e cidadãos em geral em torno do vasto tema da cultura: o Fórum Cultural Mundial. Sem dúvida, a solução destes problemas passa pela cultura, ou melhor, passa pelo tipo de cultura que desejamos para nossa geração e para as gerações futuras, já que, na origem, todos esses problemas têm fundo cultural. O Fórum Cultural Mundial será o primeiro grande encontro do segmento realizado fora de um país desenvolvido, e exatamente por isso vem despertando enormemente a atenção de toda a comunidade internacional, pois será um momento especial onde se dará voz a países normalmente marginalizados do processo de desenvolvimento. A cultura necessariamente deve estar presente na agenda de todos os países como forma de aproximar desiguais, fortalecer identidades e ocupar o homem com tarefas dignas e construtivas. Esta é a idéia central do Fórum: reunir diferentes pensamentos em torno de um mesmo tema, em uma ação que não deverá ter caráter de evento, mas sim de processo que reforçará os laços de fraternidade entre os povos, além de respeitar e reconhecer as diferenças, criando caminhos comuns de desenvolvimento humano. O Fórum Cultural Mundial será formado por um eixo central de conferências e debates, um grande tema cultural e uma mostra artística, uma produção cultural de diversos matizes. O governo do Estado de São Paulo tem a compreensão da importância da ação cultural para o desenvolvimento do cidadão. Atua em projetos que têm por objetivo a inclusão cultural da população e a qualificação do cidadão através da cultura. Assim, não poderia a Secretaria de Estado da Cultura ficar longe do processo de construção do Fórum Cultural Mundial que, esperamos, lance uma luz sobre os problemas que hoje o mundo atravessa e seja o início de um processo enriquecedor de diálogo constante. Deve-se salientar que a realização do Fórum Cultural Mundial em São Paulo é uma união de esforços dos governos federal, estadual e municipal, contando com a colaboração não só do Estado de São Paulo, mas de todos os estados da federação, de entidades não governamentais e de pessoas que têm no sonho de um mundo melhor sua grande razão de viver.
Claudia Costin é Secretária de Estado da Cultura de São Paulo
Discussões locais para resultados globais - por Ruy César Silva De 26 de junho a 4 de julho, São Paulo recebe artistas, produtores, autoridades, profissionais do setor cultural e cidadãos de todo o mundo para o Fórum Cultural Mundial. No entanto, o Fórum não se resume apenas ao evento que acontecerá na capital paulista. O processo de mobilização do Fórum teve início ainda em 2002, dando partida a uma convocatória para o diálogo, discussões e troca de informações. A partir de 2003, foram realizados encontros preparatórios em todo o Brasil, na América Latina e em outras partes do mundo promovendo debates em torno dos mais variados campos que envolvem o setor cultural. Um processo permanente que terá continuidade após o evento, aglutinando ações virtuais - como um portal na internet (www.fcm-network.net) reunindo informações, discussões e catálogo de artistas - e iniciativas presenciais. Seminários, fóruns temáticos e fóruns regionais espalhados por diversas regiões que tiveram como objetivos em comum o desenvolvimento de redes culturais e a contribuição para se construírem sistemas permanentes para o diagnóstico, planejamento, formação, monitoramento e avaliação, visando ao desenvolvimento das artes e da cultura em articulação com o turismo, meio ambiente, educação e o desenvolvimento social. O primeiro desses encontros foi o Fórum de Políticas Culturais, realizado em maio de 2003, em Rio Claro, interior de São Paulo, que deu impulso ao processo de encontros preparatórios locais, como no Vale do Mogi, em São Paulo; na região metropolitana de Campinas, em Indaiatuba (SP); estaduais, no Rio de Janeiro e Bahia; das regiões, Nordeste, no Recife (PE); Norte, em Belém (PA); Sudeste, em Itabira (MG); e Centro-Oeste, em Campo Grande (MS); além do Cone Sul, em Foz do Iguaçu (PR), entre outros. Esses encontros debateram sobre dificuldades e potencialidades locais, discutindo as políticas públicas regionais e federais, o desenvolvimento social, a economia da cultura, o mercado, a integração a redes de informação, a diversidade e a identidade cultural e a construção de uma nova cartografia das artes. O Fórum Brasileiro de Cultura, realizado em maio, no Rio de Janeiro, reuniu os representantes dos vários encontros preparatórios para discussão, análise e criação de uma proposta brasileira a ser levada para o Fórum Cultural Mundial. Tudo isso é o começo de uma grande proposta para mover a cultura para o centro das discussões, tirando o foco dos países ditos desenvolvidos e mirando no mundo considerado periférico. Com uma proposta permanente, processual e aberta, o Fórum Cultural Mundial pretende, entre outras coisas, abrir possibilidades de interação entre os mais diversos artistas, produtores, agentes, através de redes e sem a necessidade de um mediador, alterando a forma hegemônica que a cultura é apresentada ao mundo e dando oportunidades a quem está distante dos olhos da grande mídia e das grandes corporações.
Ruy César Silva é Diretor do Instituto Cultural Casa Via Magia Salvador
Relação entre as distâncias - por Celso Frateschi O Fórum Cultural Mundial Brasil 2004 terá o poder de ampliar a discussão sobre questões relativas aos direitos culturais e à diversidade cultural no Brasil, tanto em nível local, na própria cidade de São Paulo, quanto em nível geral. O evento será o grande espaço de debates onde as várias instâncias e nações presentes, além da sociedade civil, poderão criar uma agenda que permita colocar a cultura como questão hegemônica para ser discutida de forma global. O Fórum Cultural Mundial também merece destaque por ser uma proposta conjunta da sociedade civil e do Estado e por criar uma forma de relacionamento coletivo entre estas duas instâncias, superando conflitos e contradições estruturais de ambas. São Paulo tem a complexidade de uma metrópole mundial e várias das discussões internacionais passam por aqui, agora ainda mais intensamente, tendo em vista que a prefeita Marta Suplicy foi eleita presidente da ONU das Cidades. A cidade também é composta de vários povos, de várias etnias, e me parece natural e importante para a cidade discutir esta diversidade de forma global. A prefeitura tem feito sua parte para desenvolver ações concretas - e já efetivadas - de disseminação de cultura. Construiu os núcleos culturais dos 21 CEUs (Centros Educacionais Unificados), com a perspectiva de cobrir toda uma área periférica que nunca teve acesso nem espaço para se manifestar, e está levando para a população carente teatro, dança, música, escola de iniciação artística, orquestra de cordas e outras atividades para os 21 teatros, 21 salas de dança e 21 salas de música dos CEUs. A administração municipal tem trabalhado ainda no processo da constituição do Museu da Cidade, do Museu Afro-Brasil e da Galeria Olido, criando uma organicidade e um pensamento a respeito de questões como a preservação da memória e a busca da identidade. Neste aspecto, o Fórum se encaixa perfeitamente no momento que São Paulo, que completou 450 anos, está vivendo, pois a cidade efetivou esses projetos, concretizou ações - não só de política cultural, mas também de cultura política -, e consagrou o Conselho Municipal de Cultura, que agora está organizando a I Conferência Municipal de Cultura de São Paulo, que irá definir diretrizes políticas e políticas públicas para a área de cultura. Por estas razões, a cidade de São Paulo se sente extremamente honrada de receber o Fórum (o que significa receber delegações do Brasil e do mundo inteiro) e de servir de anfitriã para que essa agenda seja consagrada e depois levada a cabo.
Celso Frateschi é ator, diretor e Secretário Municipal da Cultura de São Paulo
Mesmo que faltem alguns dias para a realização do Fórum Cultural Mundial em São Paulo, ele já "acontece" no Brasil e em vários países. O germe, a semente está plantada e dificilmente faltará alguém que, daqui para a frente, não a esteja regando para que esta iniciativa não acabe em toco seco. São milhares de brasileiros, latino-americanos, africanos, europeus e asiáticos que realizam, já há cerca de dezoito meses, inúmeros seminários que reuniram e seguem reunindo interessados na questão da cultura como centro do pensamento político, educativo, econômico e de desenvolvimento social. Cada região, além de discutir vários dos temas centrais - cultura e desenvolvimento social, identidade e autonomia, conhecimento, educação e solidariedade, diversidade cultural, cultura e economia, articulação e administração da cultura -, inclui temas locais como a cultura popular, a capoeira, o hip hop (amplamente discutido no Seminário do Sudeste, realizado na cidade de Itabira-MG), ampla e profunda discussão sobre a biodiversidade (tema levantado no Seminário da Amazônia, realizado na cidade de Belém do Pará), a economia destruída por ataques internacionais colocando a região das três fronteiras -Brasil, Paraguai e Argentina - como ninho de terroristas. Entre outros tantos temas. O que o Fórum Cultural Mundial tem provocado nas regiões e países é a criação de plataformas locais e regionais para a reflexão, entendimento e ações práticas que não permitam que a cultura dos povos seja mantida à parte das grandes discussões mundiais. De uma certa forma o Fórum Cultural Mundial já existe, já funciona, já provoca, já determina posições. O evento de junho/julho-2004 é parte do processo, é o grande encontro, será a organização dos pensamentos, propostas e resultados para a continuidade. No Brasil e na América Latina são inúmeras as propostas dos encontros, seminários pós-Fórum, desde o Paraguai - enquanto o Estado Paraguaio junto à sociedade civil e universo intelectual e cultural -, quanto a cidade de Missal, no noroeste do Paraná, que quer reunir nove cidades para discutir a centralidade da cultura nessa pequena região, passando pela Amazônia, que quer preparar, para 2005, um grande Fórum pela Biodiversidade. Enfim, o esforço conjunto das Redes Culturais como a Latino-americana, a do Mercosul, a do Brasil, dos Andes, do Caribe, do Instituto Casa Via Magia (de Salvador-BA), em parceria com a Ford Foundation; instituições como o Sesc São Paulo; do Convênio Andrés Bello, da Colômbia; da Unesco/Brasil; do GIFE - Grupo de Institutos, Fundações e Empresas; do IBASE-RJ; do IMESC, de Brasília; do Sebrae Nacional e posterior adesão do Ministério da Cultura do Brasil; da Comissão Européia; da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo; destaque especial para a Prefeitura da Cidade de São Paulo, primeira parceira nesta maravilhosa aventura de discutir mundialmente, em São Paulo, os possíveis novos caminhos para a cultura do mundo, encontrou eco, personagens, solo fértil, força do pensamento e força de transformação. Bem-vindos ao Fórum Cultural Mundial.
Walter Roberto Malta é presidente da Rede Brasil de Promotores Culturais e membro do Conselho Diretor do Fórum Cultural Mundial
Intercâmbio cultural - Mostra Sesc de Artes espalha o tema e as idéias do Fórum Cultural Mundial para todas as unidades da capital Com a proposta de trazer à tona trabalhos realizados por países comumente ausentes dos grandes eixos de difusão cultural mundial, o Sesc São Paulo realiza a sexta edição de sua Mostra de Artes, neste ano como atividade complementar ao Fórum Cultural Mundial. A instituição tem pautado o seu trabalho ao longo dos anos por iniciativas que buscam estimular o contato do público com diferentes formas de cultura, lazer e conhecimento, sempre aliando o fazer artístico a um exercício de cidadania. Nessa perspectiva é que a programação artística da mostra de 2004 abordará - no mesmo período do Fórum, de 26 de junho e 4 de julho -, entre outras questões, o papel das artes na sociedade, a importância do artista no mundo de hoje e a globalização com seus efeitos sobre a diversidade cultural. Neste ano, a Mostra Sesc de Artes tem como objetivo propor alternativas ao modelo de cultura hegemônica vigente e levará ao público uma série de atividades nas áreas de música, dança, teatro, literatura, artes visuais, cultura digital, intervenções e performances, explorando o encontro entre culturas distintas. Ao público é oferecida a oportunidade de conhecer trabalhos que estejam na esteira das manifestações artísticas contemporâneas, como a companhia Teatro de Los Andes, da Bolívia, o músico nigeriano Tony Allen e o coreógrafo brasileiro Ivaldo Bertazzo, que participará do evento com o espetáculo Samwaad - Rua do Encontro. A programação completa poderá ser conferida no Em Cartaz desta edição.
Uma história de sucesso O maior evento na área das artes realizado pelo Sesc recebeu pela primeira vez o nome de Mostra Sesc de Artes em 2002, edição cujo tema foi a relação entre público e obra, sintetizada sob o título Ares e Pensares. No entanto, em 1998 o Sesc São Paulo já esboçava o desejo de alargar as fronteiras conceituais e geográficas da arte. Naquele ano, a instituição realizou o projeto Lorca na Rua, uma enorme festa em comemoração ao centenário de nascimento de Federico Garcia Lorca dividida em três caminhões que, “dirigidos” por Gerald Thomas, Romero Andrade Lima e William Pereira, espalharam o espírito inventivo do escritor espanhol por 75 cidades do interior do estado. No ano seguinte, o projeto 1999... Reticências sacudiu a capital trazendo nomes de peso, como a companhia de dança francesa Montalvo-Hervieu, o músico japonês Takashi Kako e o grupo de dança havaiana Mauli Dance Group, além de artistas nacionais. Em 2000 foi a vez do Balaio Brasil mostrar do que é feito o País. O evento selecionou mais de 150 atrações, que se apresentaram durante seis semanas por todo o estado, lançando luz sobre artistas e manifestações desconhecidas da mídia e do público. No ano de 2002, aproximadamente 180 mil pessoas conferiram a Mostra Sesc de Artes - Ares e Pensares, com 70 atrações percorrendo artes visuais, teatro, dança, música, literatura, cinema e cultura digital em todas as unidades Sesc da capital. Um panorama conceitual e visual sobre a fruição artística da atualidade. No ano passado a mostra abordou o tema Latinidades. O objetivo era atrair o público para os caminhos que a identidade latina, representada por diferentes culturas e países de origem comum, encontra diante de um processo de uniformização global. |