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Áreas verdes
No cotidiano da cidade, a realidade é oposta. A maioria das praças paulistanas encontra-se em situação deplorável e, mesmo as mais centrais apresentam graves problemas de manutenção. Sem o filtro intencional das lentes, o estado atual das praças se assemelha mais com o ilustrado pela foto da Praça Marechal Cordeiro de Farias.
Tradicional ponto de encontro dos citadinos, as praças provêem um respiro para a geografia intrincada das grandes metrópoles. Em meio à paisagem urbana, compõem o lugar de refresco e descanso justo, paragem revigorante para os dias agitados, além de ser palco democrático para manifestações artística e reuniões populares.
Na verdade, este conceito está escondido sob a dura realidade que se abateu sobre as praças paulistanas. Salvo raras exceções e momentos particulares esses espaços quase bucólicos vêm sofrendo um grave processo de degradação. Suas consequências danosas espalham-se por quase todas elas e repulsam a frequência dos paulistanos.
São vários os reflexos da deterioração: a grama alta e descuidada, a falta de equipamentos de bem-estar (sanitários, bancos e brinquedos), o mal planejamento dos espaços, pavimentos depredados e pichações. A óbvia constatação traz a reboque uma indagação capital. Se as praças encontram-se dessa maneira, de quem é a responsabilidade? Há, sem dúvida, várias respostas que levantam os mais diversos vilões.
A primeira tentativa é da Secretaria das Administrações Regionais (SAR), órgão responsável pela manutenção e zelo das praças. "Algumas, quando não são frequentadas pela comunidade, adquirem um aspecto de abandono, e isso leva à tomada do local por marginais e mendigos", propõe Ciro Tuttoilmondo Neto, engenheiro da SAR. Para o engenheiro, a invasão indesejada resume as causas que conduzem à deterioração. Depois, prossegue: "Além disso, a degradação depende da grande circulação de transeuntes". Por fim, completa: "A utilização precária dos espaços e sua má ocupação também contribuem". Ou seja, se o local é pouco utilizado, ocorre deterioração, por outro lado, o excesso também prejudica.
Concluir banalidades é fácil. Afirmar que a culpa recai exclusivamente no povo, mal-educado, ou no poder público, incompetente, soaria leviano. Além disso, as razões que levaram as praças à situação sofrível atual devem ser vasculhadas além da corriqueira desculpa da "falta de dinheiro" ou "não temos pessoal".
Uma Questão de Prioridade
A segunda tentativa de responder à questão colocada acima foi de José Eduardo Lefèvre, chefe do Departamento de Operações Urbanas da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização): "A rigor, é de responsabilidade do poder público tomar conta das praças da cidade. Acordos e acertos são feitos para que haja uma maneira de melhorar a qualidade dessas praças". Porém, o arquiteto admite que "a prefeitura tem grandes falhas e faltam recursos para tornar as praças mais tranquilas". Do depoimento emerge o primeiro argumento concreto: a falta de recursos. É verdade que o dinheiro anda curto e a administração municipal não consegue gerir o próprio patrimônio. Mas, mesmo diante da carência pecuniária, algumas praças recebem tratamento privilegiado. Por quê?
"Todas as ações da prefeitura são uma questão de prioridade e as praças só se tornam prioridade quando há uma pressão popular", revela o engenheiro da SAR. Fica implícito na justificativa que o poder público atua preferencialmente nos locais onde há grita da população. E esses locais, normalmente, são aqueles em que existe maior visibilidade da mídia.
Um bom exemplo é a Operação Dignidade, em curso nas praças da Sé e República, cujo objetivo o próprio nome insinua e visa, nas palavras de Tuttoilmondo, "devolvê-las à população". O eufemismo significa, ao menos nos locais citados, a retirada dos camelôs. Neste caso, os ambulantes são sinônimo de deterioração. Há um pequeno porém. As barraquinhas de bugigangas, comidas e quetais não contavam com a unanimidade negativa que se acreditava. Antônio Carlos Clemente, dono de uma loja de confecções na região da Praça da Sé, admite que a praça ficou mais bonita, porém lamenta, por incrível que pareça, a queda das vendas: "O único problema da praça eram os trombadinhas (batedores de carteira), que muitas vezes recebiam cobertura de alguns ambulantes, mas quando os camelôs saíram, o fluxo de pessoas diminuiu bastante e, embora as barraquinhas tenham uma clientela específica, muitas pessoas que compravam deles acabavam comprando alguma coisa das lojas também".
Na verdade, tudo depende da concepção com que se encara as barraquinhas. Aos sábados, na Praça Benedito Calixto, algumas delas são instaladas para vender artesanato, antiguidades, livros e comida. Um decreto recente da prefeitura considerou a aglomeração um ato cultural, incentivando a feira. Já na Praça da República, o evento teve um outro fim: o banimento.
Falta Planejamento
Apesar de controversa, a questão dos ambulantes é apenas uma dentre os problemas que afligem a praça. Inúmeras são as razões para a degradação. A sujeira e a falta de zelo, por exemplo, contribuem para a imagem negativa que muitas delas passam ao público. "As praças, em média, recebem a visita dos garis uma vez por dia, normalmente pela manhã. No caso de praças mais frequentadas, uma nova limpeza é feita no final da tarde", explica Tuttoilmondo. Faxineiros, jardineiros, pedreiros, encanadores, eletricistas e policiais civis da Defesa do Patrimônio Histórico são, geralmente, os profissionais envolvidos na manutenção. Arquitetos e urbanistas entram em cena no caso de alguma reparação excepcional ou da restauração de um monumento. "Mas São Paulo é muito grande e possui muitas praças. Geralmente faltam recursos para que esse acompanhamento seja feito como se deve."
Analisando o discurso, nota-se de cara uma contradição entre a retórica e a realidade. Uma rápida espiada pelas praças da cidade revela que nem sempre os garis estão presentes e se, por acaso, cumpriram o dever, a limpeza foi insuficiente. E, mesmo que o serviço tenha sido realizado de maneira exemplar, há a carência de outras benfeitorias como a jardinagem (como no exemplo das praças da Coruja e do Pôr-do-Sol, ambas na Vila Madalena) ou a manutenção dos equipamentos.
A urbanista Maria Assumpção, ganhadora de um concurso para revitalização do Parque Dom Pedro, critica a falta de planejamento das praças, pois "foram criadas no recalque do desenho urbano". Isso significa que seus contornos arquitetônicos surgiram das sobras dos recortes de lotes. "Assim, muitas praças estão situadas em barrancos ou encostas, os lugares em que não cabiam as casas", conclui.O resultado é o pior possível. "A Praça do Pôr-do-Sol é uma das últimas vistas panorâmicas da cidade, onde ainda é possível observar os limites de São Paulo. Mas o paisagismo que a adorna foi inadequado. Foram plantadas árvores muito altas que interferem na perspectiva", explica a arquiteta.
A degradação reflete-se em fatos diversos e de difícil solução, mas muitas vezes, mesmo com a notória lacuna financeira do município, poderia ser estancada se evitada há mais tempo. É isso que diz Pedro Cury, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil: "A Praça da República, caso tivesse recebido atenção do governo e da sociedade há mais tempo, talvez não tivesse sido palco de episódio tão polêmico como este dos ambulantes. Se a questão fosse discutida desde o início e no começo houvesse uma regulamentação, seria muito mais fácil resolver a questão". Sobre os ambulantes, ele afirma: "É necessário criar um local adequado para que esses ambulantes tenham espaço para poderem trabalhar, mas não se pode deixar que eles roubem as praças".
Problemas e Soluções
Como na maioria das vezes não há profilaxia, a degradação assume nível alarmante já que também inexiste tratamento posterior. Mas (e o pior) muitas vezes os motivos que levam uma praça ao estado de completa deterioração nascem junto com ela. "No caso da Praça Roosevelt, por exemplo, o principal problema são as construções. Ela não é aberta nem arborizada, criam-se obstruções visuais", justifica Lefèvre. Na concepção do arquiteto, tais obstruções facilitam aos marginais se aninharem no local e o excesso de área construída demanda mais recursos de manutenção.
Assim, é fácil perceber que a degradação vai além da falta de recursos. Se a Praça Roosevelt desde o início estava condenada, na Praça da República o tipo de vegetação dificulta a limpeza. "Ela possui uma vegetação rasteira, isso dificulta a poda e aparo porque esse tipo de grama cresce para lugares muito fechados", sentencia Lefèvre.
A Praça 14 Bis, na Av. Nove de Julho, a exemplo da Roosevelt, traz na origem vícios desagradáveis: "Essa praça é outro exemplo de lugar que possui tudo de ruim", continua o arquiteto. "Antes era um estacionamento, depois foi invadida por mendigos." E, para solucionar o problema da segurança, a praça foi cercada mas "as grades atrapalharam a visita dos moradores, que pararam de visitá-la porque parecia um local intocável". Ou seja, a medida que teoricamente auxiliaria a revigorar o espaço terminou por afastá-lo da comunidade.
O Vale do Anhangabaú passou por uma enorme reforma terminada em 1991 com o objetivo de escoar o tráfego viário e pedestre que entulhava a região, até aquele momento com contornos arcaicos. A reurbanização rasgou uma praça de imensas proporções, mas carente de áreas verdes que equilibrassem o contraste com o asfalto. Passados sete anos da inauguração do novo vale, a aridez do complexo torna-o desconfortante para os 1,5 milhões de usuários.
Mas em uma cidade com 4139 praças, é quase obrigatório haver pelo menos alguns exemplos positivos. A João Mendes (centro de São Paulo), para o diretor da Emurb, é um exemplo de praça condizente com sua função. "É um lugar que permite a renovação do ar, sombreamento, a redução da poluição. Seu projeto a torna um ponto de reconhecimento de seus próprios valores, com seus monumentos que relembram a História."
Um Concurso de Idéias
Se o poder público mostra-se insuficiente para cuidar e gerir as praças paulistanas, em algumas ocasiões a comunidade sub-roga este dever e ela própria toma a frente do zelo e cuidado com os espaços públicos. Muitas vezes a prefeitura sustenta as ações por meio de permissivos legais ou realização de concursos.
Por meio do Decreto nº 36.082, de 9 de maio de 1996, a prefeitura de São Paulo, através da SAR, permite a associações, comunidades, entidades ou empresas entrarem com requerimentos para revitalizar praças. Para dar curso à medida, é necessário uma carta de intenção, assinada pelo representante do cooperante, um relatório citando quais as benfeitorias a serem realizadas e um croqui de localização. Neste caso, a municipalidade fica desonerada de qualquer gasto.
Um outro modelo de parceria público-privado consiste na realização de concursos, em que a prefeitura surge como incentivadora, estimulando as empresas a realizar projetos para revitalização dos espaços públicos.
O último concurso promovido pela prefeitura teve como objetivo obter propostas de restauração de 20 áreas da cidade, entre elas onze praças. O Concurso de Idéias São Paulo Eu Te Amo foi organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, que espera contar com a parceria da iniciativa privada para a realização dos projetos que solucionem os problemas ambientais e paisagísticos dos locais escolhidos. Em outras palavras, a prefeitura escolheu os locais que apresentam maior índice de deterioração e pediu ajuda de arquitetos e instituições privadas para torná-los lugares seguros e utilizáveis pela população. Praças em vários bairros, como a Vila Formosa e Perus, serão contempladas pelo projeto.
Isso significa devolvê-las em condições de uso à população e aproximá-las de seu conceito de espaço para convivência urbana. "Cada praça foi deteriorada de uma forma, por motivos diversos", explica o presidente do Instituto de Arquitetos. "Isso requer soluções diferenciadas também. Como a prefeitura não tem condições de propor a solução, ela consultou os arquitetos. Sendo assim, cada equipe foi a uma praça, verificou sua situação, avaliou o problema e propôs uma saída adequada àquele local."
A Presença da Conservação
O empenho da administração pública na tentativa de conter a deterioração galopante pode ser inútil. Existem motivos que fogem do alcance econômico ou de planejamento e se inserem no âmago cultural. Esta observação pode ser verificada quando se compara os parques e as praças. A diferença sutil na definição de um e de outro justifica uma das causas para a degradação das praças. Para conceituá-las em contraste com os parques, diz-se que as praças podem ser apreendidas por uma passagem de olhos, enquanto os parques contam com obstáculos - arquitetônicos e naturais - além do tamanho, maiores no último caso.
A divisão jurídico-administrativa paulistana determinou que os parques estão sob a responsabilidade do Depav (Departamento de Parques e Áreas Verdes), enquanto as praças ficam por conta das administrações regionais. Devido ao sistema de gestão, o corpo administrativo encarregado dos parques é específico para cada um, ou seja, para o Parque do Ibirapuera, por exemplo, são sempre os mesmos garis, jardineiros e policiais que respondem pela limpeza, segurança e pela ordem do espaço. Dessa forma, os frequentadores tomam contato direto e sistemático com os agentes públicos que, por sua vez, sentem-se mais próximos do bem que zelam.
Com as praças ocorre o contrário. Os funcionários delegados a manter o espaço são esporádicos. Assim, os policiais e garis não se apegam ao local que cuidam e a comunidade não conhece os funcionários, que se alternam com frequência. Além disso, as reivindicações perdem seu ponto de apoio.
Há nesse exemplo um outro elemento que diz respeito à atuação do poder público. Os locais em que é visível e sensível sua presença, por meio da figura do funcionário prestativo ou dos serviços bem executados, dificilmente serão vítimas de deterioração ou de abandono. O metrô de São Paulo, conhecido internacionalmente pela qualidade de seus serviços; algumas praças, como a Omaguás, em Pinheiros, que está sob os cuidados do Shopping Ática e a praça localizada em frente da estação Conceição do metrô, que foi restaurada e recebe manutenção do banco Itaú, enquadram-se nesse modelo.
As unidades campestres do Sesc são locais exemplares onde a constante manutenção e o zelo ininterrupto convencem os usuários a não destruir o espaço comum. O Sesc Itaquera, por exemplo, recebe uma média de quatro mil pessoas por dia. Aberto de terça a domingo durante o verão, a unidade é dividida por áreas de atuação, manutenção predial, limpeza e segurança. Hosepe Tchalian, gerente adjunto da unidade, explica o funcionamento da manutenção: "Há área de manutenção predial, que se subdivide em diversas áreas civis: parte elétrica, hidráulica, pintura, marcenaria e serralheria, são setores que garantem a qualidade dos serviços prestados". Além disso, supervisores percorrem toda a unidade usando motocicletas, e se comunicam através de rádios. Os funcionários são encarregados desde o conserto de uma cadeira até resolver problemas de energia elétrica. Outros 120 funcionários, divididos em turnos, se ocupam da limpeza da piscina, lanchonete, salas e saguões que recebem cuidados diários. "Os turnos vão das sete da manhã até às 5h20 da manhã do dia seguinte, ou seja, não há como não ficar tudo limpinho", ressalta Maria Oliveira, encarregada da limpeza.
No Sesc Interlagos, o esquema é bem parecido, 71 funcionários na área de limpeza e mais 60 pessoas envolvidas com a área de orientação de público e segurança. Porém, com uma agradável surpresa: as benfeitorias, fruto da filosofia educativa e consciente da entidade, ultrapassaram os limites da unidade. Uma pequena praça situada bem em frente à entrada principal do Sesc Interlagos foi tomada por alguns vendedores ambulantes que deixavam seu lixo espalhado pelo chão. Percebendo o problema, a equipe de técnicos e funcionários da unidade reuniu esses vendedores e os convenceu a colaborar com a limpeza. O Sesc distribuiu latões e sacos de lixo e se propôs a recolher os detritos e ainda a separá-los para a coleta seletiva já desenvolvida pela unidade, em troca os vendedores só precisariam jogar seu lixo nos lugares corretos. O resultado hoje é uma praça limpa e ordenada, que condiz com a filosofia do Sesc.
Do portão para dentro todos os funcionários preparados e conscientes de sua função são parte do processo que afasta a possibilidade de deterioração dos espaços e equipamentos das unidades. "Todo funcionário nosso é um educador em potencial", finaliza Andrea.
Seja qual for o motivo (e não são poucos), a degradação das praças é um assunto que envolve todos. A carência de recursos pura e simplesmente não pode ser responsabilizada pela triste situação atual. Apesar do dinheiro curto existem soluções simples para combater as causas variadas que transformaram as praças em espaços deteriorados e sem identidade. O que falta, portanto, é consciência maior e o concurso de esforços para fazer as praças cumprirem a função para a qual foram concebidas: aprazer e reunir o povo.
Um Pouco de História
Praça, piazza, square, namesti, place, plaza, ágora, platz, seja em que língua, país ou cultura, as praças têm importância fundamental na paisagem urbana de qualquer cidade. Na origem, na Grécia Antiga, as ágoras situavam-se aos pés dos prédios públicos onde os cidadãos se encontravam para discutir política e exercer a democracia direta. Do ponto de vista urbanístico, elas consistiam meros alargamentos que proporcionavam um respiro ocasional para as ruas delgadas e tortuosas.
Na Idade Média, as praças passaram a servir de ponto de encontro de comerciantes que as utilizavam para expor e vender seus produtos. A concepção arquitetônica medieval guardou os mesmos princípios gregos, ou seja, as praças situavam-se no estuário das ruas e vielas, abrigando principalmente edifícios público-administrativos. Muitos desses espaços sobrevivem intactos até hoje em cidades européias. A Michaelerplatz (projetada em 1372), em Viena, é considerada uma das mais simétricas e bem planejadas do mundo. Outro exemplo representativo foi executado no coração de Praga (capital da República Tcheca): a Staromestske namestí (Praça da Cidade Velha) que conhece os primeiros edifícios desde o ano 1000.
Na realidade, a praça, da maneira como a conhecemos hoje, data do século passado. No início do século 19 tiveram início as primeiras grandes reformas estruturais nas metrópoles européias e americanas. As ruas estreitas deram lugar aos largos bulevares arborizados e no reboque dessas mudanças, quarteirões inteiros foram demolidos. No lugar, surgiram as primeiras praças meticulosamente planejadas que passaram a servir de ponto de encontro e repouso para os habitantes da cidade. Esses espaços novos, ao contrário das praças antigas, dispõem de árvores, jardins, fontes e passeios largos e arejados.
O Marco Zero
A região onde se encontra a Praça da Sé data aproximadamente do ano de 1555, quando ainda se falava em Capitania de São Vicente, e o donatário Martim Afonso de Souza cedeu uma légua de terra para a edificação de São Paulo de Piratininga, que teria como centro o Largo da Sé.
A área abrigava uma igreja dedicada a São Pedro, lugar onde hoje se encontra o edifício Rolim. Porém, na ocasião, com o intuito de acentuar o surgimento do novo centro da cidade, iniciaram-se as construções de uma nova igreja matriz, mas toda a obra foi demolida em 1744. Dois séculos depois, precisamente no ano de 1913, teve início a construção da Catedral Metropolitana que conhecemos hoje, concluída em 1954. Até então, o espaço situado em frente à catedral em construção servia como estacionamento aos carros de praça (foto à esquerda), ou em linguagem atual, os táxis. As dimensões da catedral são monumentais: 111 metros de altura, cinco naves e uma capacidade para oito mil pessoas, além disso a igreja encontra-se situada sobre a construção de 30 câmaras mortuárias destinadas a guardar os sarcófagos de 17 bispos, entre eles o regente do Império, Diogo Feijó. A reboque da catedral surgiu a praça, a partir da necessidade de um espaço maior para átrio da igreja. A Sé foi reurbanizada em 1975 com a anexação da Praça Clóvis Bevilacqua e dos quarteirões que as separavam. Sua remodelação se deu em função da instalação do ponto de cruzamento das linhas Norte-Sul, Leste-Oeste do metrô no mesmo ano. Hoje em dia, o lugar perdeu a mística que o cercava, inclusive com a fama de ser perigoso.