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Janelas de São Paulo
Grandes olhos nos miram do alto.
Piscam cortinas, venezianas ou “pestanas” de correr.
Do lado de cá, observamos seus desenhos, cores, materiais…
Do lado de dentro, o que haverá?
A mesa posta para uma pessoa ou um corredor de brinquedos?
O rádio a compor notícias e canções ou uma incansável cadeira de balanço?
O sorriso de dois irmãos jogando ou avós travando batalhas com caça-palavras?
As janelas de São Paulo, esses grandes olhos curiosos e atentos, guardam diferentes formas de viver na cidade.
Quando chega a noite, cada qual reivindica a posição de uma estrela.
Caminhando pelas ruas, do alto de prédios ou no terraço de casas, buscamos das nossas janelas outros exemplares cadentes.
Imaginamos os protagonistas e os ambientes que as janelas preservam e iluminam todos os dias.
Como guardiões que nos acolhem para depois nos despertar para mais um dia.
Olha lá!
Não sou a areia /
onde se desenha
um par de asas /
ou grades diante de
uma janela.
(Lya Luft, 1938-2021)
Há só uma janela fechada, e o mundo lá fora /
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse /
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
(Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, 1888-1935)
Houve um tempo em que minha
janela se abria sobre uma cidade
que parecia ser feita de giz.
(Cecília Meireles, 1901-1964)
Pela janela do quarto / Pela janela do carro /
Pela tela, pela janela / Quem é ela? Quem é ela? /
Eu vejo tudo enquadrado / Remoto controle.
(Adriana Calcanhoto)
Existem manhãs em que abrimos a janela,
e temos a impressão de que o dia está nos esperando.
(Charles Baudelaire, 1821-1867)
Quando o sol bater /
Na janela do teu quarto /
Lembra e vê /
Que o caminho é um só.
(Renato Russo, 1960-1996)