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Janelas de São Paulo

Foto: Adriana Vichi
Foto: Adriana Vichi

Grandes olhos nos miram do alto. 
Piscam cortinas, venezianas ou “pestanas” de correr. 
Do lado de cá, observamos seus desenhos, cores, materiais…
Do lado de dentro, o que haverá?

A mesa posta para uma pessoa ou um corredor de brinquedos?
O rádio a compor notícias e canções ou uma incansável cadeira de balanço?
O sorriso de dois irmãos jogando ou avós travando batalhas com caça-palavras?
As janelas de São Paulo, esses grandes olhos curiosos e atentos, guardam diferentes formas de viver na cidade.

Quando chega a noite, cada qual reivindica a posição de uma estrela. 
Caminhando pelas ruas, do alto de prédios ou no terraço de casas, buscamos das nossas janelas outros exemplares cadentes.
Imaginamos os protagonistas e os ambientes que as janelas preservam e iluminam todos os dias. 
Como guardiões que nos acolhem para depois nos despertar para mais um dia.    

Olha lá!

 

Não sou a areia /
onde se desenha
um par de asas /
ou grades diante de
uma janela. 

(Lya Luft, 1938-2021)


Há só uma janela fechada, e o mundo lá fora / 
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse / 
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

(Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, 1888-1935)


Houve um tempo em que minha
janela se abria sobre uma cidade
que parecia ser feita de giz. 

(Cecília Meireles, 1901-1964)


Pela janela do quarto / Pela janela do carro / 
Pela tela, pela janela / Quem é ela? Quem é ela? / 
Eu vejo tudo enquadrado / Remoto controle.

(Adriana Calcanhoto)

Existem manhãs em que abrimos a janela, 
e temos a impressão de que o dia está nos esperando.

(Charles Baudelaire, 1821-1867)

 

Quando o sol bater / 
Na janela do teu quarto / 
Lembra e vê / 
Que o caminho é um só.

(Renato Russo, 1960-1996)