Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

Brechas significativas

Marepe.
Marepe. "O telhado", 1998. Telha de barro, madeira e metal. Aquisição MAM-SP | Everton Ballardin

EXPOSIÇÃO APRESENTA OBRAS DO ACERVO DO MAM E RELATIVIZA AS FRONTEIRAS DE LINGUAGENS ARTÍSTICAS

 

Lacunas, vazios e silêncios permeiam as reflexões propostas pela exposição Ausente Manifesto: ver e imaginar na arte contemporânea, em cartaz no Sesc Mogi das Cruzes, nova unidade do Sesc São Paulo localizada nesse município do Estado de São Paulo. A mostra marca o início da parceria entre o Sesc e o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), e consolida a cooperação das instituições no intuito de democratizar e estimular o acesso à arte. Em exibição, 35 obras selecionadas do acervo do MAM e de seu clube de colecionadores poderão ser conferidas pelo público até 20 de fevereiro.

A iniciativa prosseguirá, nos próximos meses, com ações que devem incluir atividades educativas e outras exposições. “Essa parceria reforça a união de duas instituições reconhecidas pelo fomento à arte e por criar plataformas educacionais para gerar experiências mais ricas e didáticas ao público”, afirma Elizabeth Machado, presidente do MAM. De acordo com Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, “a mostra inaugura o programa de exposições dessa nova unidade do Sesc no Alto Tietê, reunindo exemplares hábeis em fazer da ausência algo perceptível, fruível em manifestações que relativizam as fronteiras entre as linguagens e mesmo entre estas e o mundo exterior”.


 

Comunicar o implícito

Ausente Manifesto é assinada por Cauê Alves, curador do MAM, e Pedro Nery, museólogo da mesma instituição. Entre os artistas presentes na exposição, nomes como Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Cao Guimarães, Carlito Carvalhosa, Gilvan Barreto, Jonathas de Andrade, Milton Machado, Milton Marques, Nelson Leirner, Nuno Ramos, Rafael Lain, Regina Silveira, Rivane Neuenschwander, Romy Pocztaruk, Sara Ramo, Tadeu Jungle e Waltércio Caldas.

A mostra apresenta trabalhos de criadores contemporâneos que transpõem as divisões das linguagens artísticas. “O recorte curatorial leva em conta, também, obras-projetos de grandes dimensões, que podem ser feitas e refeitas. A partir desse universo, selecionamos trabalhos que trazem algo que, na aparência, manifesta o vazio, aquilo que não está visível”, explica Cauê Alves. 

Tal conceito, aponta Alves, atravessa produções como O Telhado, de Marepe, Nota sobre uma Cena Acesa ou Os Dez Mil Lápis, criação de José Damasceno, e Procuro-me, de Lenora de Barros. “Este último, por exemplo, contém a ideia do procurar-se, do voltar-se para dentro de si mesma, de se reencontrar a partir de uma relação entre o que está explícito e aquilo que está implícito, entre a objetividade e a subjetividade do artista”, pontua o curador. “Aquela parte da obra de arte que talvez seja a mais hermética, a mais incompreensível, também tem muito o que nos dizer”, acrescenta.



 

Sentidos possíveis

 

OBRAS PROPÕEM DISTINTAS LEITURAS A PARTIR DA OBSERVAÇÃO DO ESPECTADOR

Ausente Manifesto: ver e imaginar na arte contemporânea é composta por interações entre vídeo e imagem, fotografia e representação e desenho e instalações. Segundo o curador Cauê Alves, o espaço expositivo do Sesc Mogi das Cruzes dialoga diretamente com as obras presentes na mostra, como no caso da instalação da série Plano de Saúde e Casa Própria, assinada por Thiago Bortolozzo e Thiago Honório, formada por placas de zinco e madeira e montada no gramado da unidade. 

Os trabalhos selecionados ganham concretude ainda a partir do olhar do espectador, como no caso de Masterpieces (in Absentia: Calder), de Regina Silveira, que projeta a sombra de um móbile de Alexander Calder (1809-1976) e o reflete numa parede – assim, distorce a peça que está ausente. 

Já em Mácula, de Nuno Ramos, é possível ver uma foto tirada diretamente em direção ao sol, o que revela um halo de luz, com inscrições em braile, proporcionando a visualidade de uma experiência primordial de significação.


 

Serviço

Local: Sesc Mogi das Cruzes.

Visitação: Terça a sexta, das 13h às 22h.

Sábado, domingo e feriado, das 9h às 18h.

Período: até 20 de fevereiro.

Saiba mais em: www.sescsp.org.br/mogidascruzes.

 

 

 

José Damasceno. Nota sobre uma cena acesa ou os dez mil lápis, 2000. Dez mil lápis sobre painel de madeira. Coleção MAM São Paulo, aquisição Núcleo Contemporâneo MAM

 

 

 

Lenora de Barros. Procuro-me, 2002. Impressão offset sobre papel Doação Milú Villela.

 

Gilvan Barreto. Post cards from Brazil — Voo da morte, RJ, 2016. Impressão fotográfica sobre papel e recorte vazado. Clube de Colecionadores de Fotografia MAM São Paulo

 

 

Cao Guimarães. Histórias do não ver, 1999/08. Impressão fotográfica sobre papel. Clube de Colecionadores de Fotografia MAM-SP

 

 

Fabricio Lopez. Sem título, 2010. Xilogravura sobre papel. Clube de Colecionadores de Gravura MAM-SP

 

 

Mídia Ninja. Ruas de junho, 2013/14. Impressão em jato de tinta sobre papel. Clube de Colecionadores de Fotografia MAM-SP

 

 

Coletivo Garapa. Escala cromática do rio Tietê - parte da série A Margem, 2015. Impressão jato de tinta sobre papel Clube de Colecionadores de Fotografia MAM São Paulo

 

 

Rivane Neuenschwander. Atrás da porta, 2007. Serigrafia colorida sobre papel. Clube de Colecionadores de Gravura MAM-SP

 

Regina Silveira. “Masterpieces (in Absentia: Calder)”, 1998. Vinil adesivo e pitão. Coleção MAM São Paulo, doação Galeria Brito Cimino Arte Contemporânea e Moderna

 

 

Thiago Bortolozzo e Thiago Honório. Série Plano de saúde e casa própria, 2003. Placas de zinco e madeira. Doação dos artistas

 

 

 

revistae | instagram