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Esporte
A vez dos ferinhas
Com segurança e espaços adequados à sua prática, os esportes radicais ganham adeptos mirins no Sesc Belenzinho sem perder a carga de adrenalina
O termo "radical" associado ao esporte pode sugerir a idéia de uma prática arriscada ou até mesmo perigosa. Se, no início, modalidades como skate e patins ganharam fama por meio de grupos que as praticavam em ruas e espaços públicos - chegando a ponto de até serem considerados grupos à margem da sociedade -, atualmente pode se dizer que esse quadro mudou bastante.
Pretendendo atingir um público de sete a doze anos, tiveram início, em agosto, os cursos de esportes radicais no Sesc Belenzinho. Patins, bike, skate e escalada têm suas técnicas e truques revelados com segurança sem perder a carga de emoção que tanto atrai o público dessa faixa etária. Além disso, são oferecidos horários livres na pista e na parede de escalada, sempre com um monitor presente, para a prática dos esportes. Dino Moura, técnico do Sesc Belenzinho, enfatiza que a unidade caracteriza-se por apostar nos esportes adaptados. Neste ano, algumas oficinas semelhantes já foram desenvolvidas e, segundo Dino, o envolvimento dos pais dos alunos foi tanto que, atendendo a pedidos, a unidade criou um horário específico para o treinamento dos adultos.
Skate social
Um dos responsáveis pelos cursos, o skatista George Rotatori, prefere designar-se como um "experimentador de um trabalho social com o skate". "A filosofia do Sesc permitiu uma didática que visa não apenas ensinar o aluno a fazer grandes manobras; promove também a interação e oferece oportunidades", explica. Para Juliana de Souza, iniciante no skate, o curso oferece a chance de trocar o quintal esburacado, onde antes ensaiava algumas manobras, por uma pista adequada. Além disso, após algumas aulas, foi possível brincar com os amigos "sem passar vergonha". Logo após a primeira aula, a jovem teve um saldo positivo: "Pelo menos hoje eu aprendi a subir no skate, porque, antes, nem isso eu sabia", diverte-se.
O casal Carlos Bueno de Almeida e Elaina Ferreira Lopes, pais de Caio, de nove anos, um dos alunos de skate, acredita que, além de promover a inserção em outros grupos de interesse, o curso é uma alternativa de inverno para a outra paixão do garoto: o surfe. "O único lugar que ele tem para praticar é no andar térreo do prédio", conta o pai. "A idéia de aprender com professores numa rampa ideal o instigou bastante." E Caio ainda fez um pedido todo especial aos pais: queria ter seus primeiros tombos registrados. Corujas, os pais atenderam de pronto a vontade do filho. A mãe não desgruda da câmera fotográfica e clica cada evolução do garoto na pista.
Novos desafios
Visto pelos olhos dos pequenos alunos, o topo de um paredão de escalada pode até parecer muito alto, difícil de ser alcançado, mas não impossível. E tamanho não é documento, pois o que vale aqui é a concentração e a autoconfiança de cada um. Segundo Jefferson Igual, instrutor de escalada esportiva, esses são os aspectos mais desenvolvidos por um aluno/praticante da modalidade. "Mas, como em todo esporte, é preciso sempre colocar novos desafios. Os campeonatos acabam sendo, portanto, um grande estímulo para os alunos", conta. "É uma ótima pista, um ótimo lugar, com bebedouro próximo, acompanhamento de pais e professores e, além disso, muito divertimento", completa o skatista e instrutor Rotatori.