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Cidade descortinada

Arquitetos, fotógrafos e inquietos. Essas são algumas características que aproximam Cristiano Mascaro, de 74 anos, e Gal Oppido, de 66. Referência na fotografia documental urbana, como explica Rubens Fernandes Júnior, curador da exposição O Que os Olhos Alcançam – Cristiano Mascaro (leia boxe Imagens em dobro), o fotógrafo posiciona suas lentes para cidades ao redor do globo. Essa característica é presente desde o início da carreira: seu primeiro grande ensaio teve como cenário a metrópole de São Paulo. “Fotografou o Brás, descobriu o centro histórico e foi ampliando seu olhar para as cidades em geral, incluindo seus habitantes e paisagem”, contextualiza Fernandes. 

Neste mesmo cenário concreto e humano, Gal Oppido segue os passos do fotojornalista francês Henri Cartier-Bresson, que não tirava sua Leica (marca de máquina fotográfica portátil) do pescoço. Por isso, desde 1975, Oppido imprime crônicas e ensaios urbanos em seus registros. No entanto, tempo e tecnologia se encarregam de agregar ao trabalho do fotógrafo outro diferencial: o smartphone. Instrumento que tem como fim a captação audiovisual “e que, por sua maleabilidade, me permite registros instantâneos e agrega a outras câmeras mais uma ferramenta ao ato fotográfico”, explica Oppido.

Urbanidades diversas e seus habitantes

Mascaro desbravou espaços urbanos diversos, em vários países, e se expressa em registros clicados em diferentes tempos. Nesse sentido, “as periferias urbanas convivem harmoniosamente com as referências urbanas mais icônicas”, analisa Fernandes. Ao caminhar por esses espaços, Mascaro privilegia as experiências que surpreendem.

De acordo com o curador, ao captar os arranjos casuais dos interiores das casas brasileiras nas periferias, o fotógrafo estabelece quase sempre uma relação afetiva com seus retratados. “Não existe tensão, muito menos o drama ou a denúncia”, acrescenta.

Em uma análise sobre as periferias urbanas, Oppido relembra seu trabalho de graduação interdisciplinar em Arquitetura, uma leitura gráfico-visual do “centro da cidade até a borda da Represa de Guarapiranga onde projetei um conjunto residencial popular”. Atento em explorar a relação entre corpo e cidade em seus projetos, Oppido circula do espaço doméstico íntimo até as macropaisagens urbanas. “Tudo nos motiva a refletir e expressar”, conclui.

Imagens em dobro

Exposições individuais de Cristiano Mascaro e Gal Oppido estreiam em 2019

A exposição O Que os Olhos Alcançam – Cristiano Mascaro traça um panorama da produção do fotógrafo e abrange seu percurso técnico e estético. Um recorte de sua longeva carreira – Mascaro está em atividade profissional há 50 anos – pode ser visto de 28 de março a 23 de junho no Sesc Pinheiros.

O Sesc Campo Limpo recebe, ainda no primeiro semestre, Campo do Olhar, do artista Gal Oppido.

A exposição é composta de uma série de registros feitos com celular pelas imediações da unidade, acompanhado de moradores do bairro. Somadas à exposição, estão previstas atividades como cursos e oficinas sobre fotografia e território.

 

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