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Vitrais do Mercadão

Foto: Leila Fugii

 

Uma experiência sensorial instiga milhares de visitantes ao Mercado Municipal de São Paulo, no centro da capital. Além de cheiros e sabores de frutas, pescados, fiambres, queijos e iguarias que convidam à degustação, outra atração mexe com os sentidos dos frequentadores. Neste que é um dos mais importantes pontos turísticos da cidade, 35 painéis de vidros subdivididos em 72 vitrais roubam a atenção do público. Assinados pelo artista alemão Conrado Sorgenicht Filho (1904-1994), eles conferem à construção de mais de 12 mil metros quadrados um espectro multicor a qualquer hora do dia e da noite (dada a iluminação externa e noturna do mercado).

Como mote principal das obras está o cultivo de animais e de alimentos no campo. São cenas de homens e mulheres colhendo verduras, legumes, frutas e café, além da criação de gado, galinhas e outros animais em uma época anterior à mecanização da agricultura e da pecuária no Brasil. Para realizar esse trabalho, Sorgenicht Filho viajou para fazendas do interior do Estado de São Paulo acompanhado pelo filho Conrado (neto), que já trabalhava com o pai no ateliê criado pelo avô e também vitralista Conrado Sorgenicht, perto da Estação da Luz, desde 1922.

Nessa pesquisa de campo, foram fotografadas lavouras, ferramentas, meios de transporte, animais de pequeno porte, entre outros protagonistas e paisagens. Depois dessa incursão, o artista levou cinco anos para criar os vitrais.


Tiro ao alvo

Antes da inauguração do Mercadão – como é popularmente chamado –, em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, o prédio projetado pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo serviu como depósito de armas e munição em vez de alimentos. O mesmo espaço também funcionou, provisoriamente, como quartel-general ao abrigar combatentes.

Como os soldados precisavam treinar a mira, eles utilizaram como alvo os agricultores retratados nos coloridos vitrais. Resultado? Sorgenicht Filho, que também foi responsável pelo painel da Catedral da Sé e de outras 300 igrejas, passou meses restaurando sua obra. Por fim, pôde entregá-la à população no dia 25 de março, aniversário de São Paulo, do ano de 1933.

No final da década de 1980, os mesmos vitrais foram restaurados por Conrado Sorgenicht Neto. E, em 2011, houve mais uma restauração, processo que incluiu a limpeza e o polimento das peças, a substituição de partes quebradas ou trincadas e o realce da pintura. Tudo para que novas gerações sejam igualmente impactadas por esse caleidoscópio que habita o Mercado Municipal.


Serviço

Mercado Municipal de São Paulo
Local: Rua da Cantareira, 306 – Centro, São Paulo – SP
(próximo à Rua 25 de Março
e ao Parque Dom Pedro II)
Horário: De segunda a sábado,
das 6h às 18h; domingos e
feriados, das 6h às 16h
Entrada gratuita (não é permitida a entrada de animais de estimação)
Informações: www.oportaldomercadao.com.br

 

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