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Ideias em Quadrinhos

Cursos e oficinas ampliam possibilidades para quem procura iniciar a produção de HQs


Foto: Pixabay



Após 148 anos da primeira publicação de histórias em quadrinhos no Brasil, uma iniciativa do italiano Angelo Agostini, as HQs estão consolidadas na produção literária do país. Hoje, além de um público leitor fiel, o gênero reúne cada vez mais pessoas interessadas em colocar as narrativas no papel e inspira uma agenda de eventos, como o ComicCon, o Festival Internacional de Quadrinhos, a Anime Friends e o Festival Guia dos Quadrinhos.

O cenário é bem diferente daquele encontrado pela geração que marcou os quadrinhos autorais no Brasil. É o que explica o quadrinista Luiz Gê, que na década de 1970 juntou-se a Laerte e a outros produtores para criar a revista Balão. “Lá, a gente aprendeu muito. Naquela época, para fazer história em quadrinhos era preciso se encaixar em determinado gênero, como infantil, de cowboy ou de super-herói, e a gente colaborou para dar força a esse outro tipo de quadrinho que perdura até hoje e tem muita força no Brasil, o quadrinho autoral”, conta. “Ainda hoje, tenho visto muitas pessoas da nova geração se juntarem, criarem publicações independentes. Existem escolas que os próprios desenhistas criaram, cursos, ou mesmo algumas disciplinas de faculdade.”

Acesso ao conhecimento

Para quem busca uma formação mais específica na técnica e teoria dos quadrinhos, os cursos livres são opções, observa a artista visual e desenhista Luiza Nasser, que ministrou um curso sobre histórias em quadrinhos autorais no Sesc Pinheiros em maio. “O quadrinho autoral é mais livre, não tem muitas regras. Como tem muito de característica autobiográfica, existe a poética de cada autor, mas ainda assim estão ali elementos a serem aperfeiçoados, como o roteiro”, detalha.

Se o objetivo é se iniciar no universo das HQs, Luiza sugere conhecer quadrinhos do mundo inteiro, ler literatura, contos, crônicas e também buscar outras linguagens, como os filmes. “O ritmo do andamento dos quadrinhos se aproxima muito do cinema nos cortes, nos ângulos da paisagem, e muitas vezes esses cenários podem ser retratos da cidade ou do ambiente em que a pessoa vive”, afirma. “Além disso, há a parte técnica, é preciso aprofundar os personagens, contextualizar o ambiente em que a história se passa, trabalhar os contrastes entre a luz, a sombra e as texturas com o nanquim. O quadrinho autoral tem muito de intuição, mas ao mesmo tempo é muito elaborado.”


Mãos à obra

Opções para quem busca se iniciar ou se aprofundar na teoria e prática das HQs

Cursos e oficinas
Sesc Consolação

Em sua sexta edição, o Contextos Literários, que tem como proposta provocar reflexões sobre a produção literária brasileira e mundial, traz o tema da produção de quadrinhos contemporânea. A programação conta com curso sobre a história das HQs, introdução à composição literária e oficina de quadrinhos e fanzines como ferramentas de empoderamento. Além disso, de 10 a 24 de junho, aos sábados, a unidade recebe o curso Tiras em Três Tempos – Páginas de Quadrinhos, com Rodrigo Motta, um processo de criação com histórias em quadrinhos fortalecendo o lado imaginário, literário e visual das crianças e de seus familiares.

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Quadrinhos com Luiz Gê
Sesc Santana

O curso aborda o processo criativo a partir da produção artística do quadrinista Luiz Gê. Ele foi um dos fundadores da revista Balão, que revelou o talento de artistas como Laerte, Angeli e os irmãos Paulo e Chico Caruso, e da Circo Editorial. Dentre os diversos trabalhos publicados, destacam-se os álbuns Tubarões Voadores, Avenida Paulista e Ah, Como Era Boa a Ditadura... – A História dos Últimos Anos da Ditadura Militar nas charges da Folha de S.Paulo. De 9 a 30 de junho, às sextas-feiras, das 19h30 às 21h30.

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Projeto Baiacu
Sesc Ipiranga

Em julho, o Sesc Ipiranga recebe o projeto Baiacu, iniciativa dos quadrinistas Angeli e Laerte que cria um ambiente de produção de quadrinhos em formato de laboratório aberto. Com o objetivo de propiciar a experimentação, troca e quebra de regras editoriais, o curso, com duração de 15 dias, permitirá aos inscritos acompanhar in loco toda a criação, participando em etapas específicas, fazendo exercícios, ouvindo, tirando dúvidas e acompanhando a evolução da construção de uma publicação chamada Baiacu.